Super Bowl LVI: 5 motivos para acreditar no título do Los Angeles Rams
As principais razões para confiar na conquista do segundo Vince Lombardi da franquia
365 dias antes da final da Conferência Nacional da semana passada, a história desse Los Angeles Rams começava a ser escrita com a notícia de uma troca bombástica com o Detroit Lions envolvendo uma penca de escolhas e os quarterbacks Matthew Stafford e Jared Goff. Os Rams anunciavam para toda a liga que dariam all-in para o Super Bowl na temporada seguinte.
Ao decorrer do ano, Les Snead, general manager dos Rams, atraiu ainda mais os holofotes ao trazer grandes nomes ao clube: o linebacker Von Miller e o wide receiver Odell Beckham, dois dos maiores astros da liga nos últimos anos – LA seria mais uma história de ‘dream team’ fracassado ou um novo exemplo administrativo da NFL.
Mas a temporada não foi fácil. Com um mês de novembro sem vitórias, os Rams foram de favoritos ao Super Bowl a um time sem cara de campeão. Porém, Sean McVay e seu staff conseguiram adaptar o esquema a suas novas peças, fazendo a equipe bater de frente nas trincheiras com qualquer adversário e descobrindo seu DNA na reta final da temporada. DNA de time campeão.
A defesa, muito criticada graças a seu novo coordenador defensivo, Raheem Morris, foi de uma peneira na cobertura frouxa a uma máquina capaz de vencer qualquer desafio em pouco tempo, comandada por Aaron Donald, o primeiro motivo da lista a seguir de 5 motivos para acreditar no título dos Rams no Super Bowl LVI.
(Foto: Reprodução Twitter / Around The NFL)
AARON DONALD
Há mais ou menos oito anos, uma coisa é indiscutível: Aaron Donald é o melhor jogador defensivo da NFL. Na verdade, nas últimas temporadas, a questão evoluiu para “Aaron Donald é o melhor de todos os tempos?”, e, no momento, existe o argumento válido que sim. Mas, para o futuro Hall of Famer sacramentar seu legado, ele precisa vencer o big game.
A imagem que ficou gravada na memória dos torcedores no último ano foi do defensive tackle aos prantos na beira do campo contra o Green Bay Packers. Em um embate no qual o defensor jogou sem condições físicas, a defesa dos Rams fracassou e viu Green Bay eliminá-los no Lambeau Field. Neste início da temporada, McVay chegou a dizer à imprensa que seria uma grande fracasso se ele não conseguisse trazer um anel para Donald.
Agora, nos encontramos no precipício da grandeza do defensor. A imagem que ficou gravada nesta semana foi a do atleta chamando sua defesa na beirada de campo após touchdown dos Niners no último domingo (30). O então líder calado do time chamou a responsabilidade, em uma cena rara, gritando, contagiando e motivando a unidade a anular completamente o ataque de San Francisco. No final, após forçar a interceptação que selou o jogo, Donald aponta para o dedo onde encaixaria seu anel de campeão e grita para torcida “esta cidade é minha!”.
(Foto: Reprodução Site/Los Angeles Rams)
STAFFORD E KUPP
Essa dupla já entrou para a história da liga em questão de números. Stafford iniciou o ano como um antigo gunslinger, lançando a bola longa e buscando a glória instantaneamente, mas descobriu no decorrer da campanha que não precisava ser o grande herói em praticamente todos os jogo como era preciso no Detroit Lions. Assim, encerrando o ano mais concentrado, Stafford reverteu as dúvidas de sua capacidade nos grandes jogos com atuações quase perfeitas durante os playoffs.
Agora, independente das oscilações do signal caller, uma coisa foi consistente durante toda a campanha de Los Angeles: o wide receiver Cooper Kupp.
Kupp foi de um segredo dos Rams e queridinho do fantasy a grande candidato ao prêmio de MVP. Forte, rápido e inteligente, o recebedor consegue ler defesas e auxiliar seu quarterback com o decorrer do jogo. Um pesadelo para matchups, pareceu crescer ainda mais em terceiras descidas, levando os apelidos de ‘Vanilatron’ e ‘Third and Kupp’.
Dessa forma, essa dupla certamente dará trabalho contra os Bengals. Já marcado na história como o cara que encerrou a carreira de Tom Brady, Stafford chega a seu primeiro Super Bowl com a esperanças de sacramentar sua carreira no HOF. Enquanto isso, Kupp vem como o grande herói do time e com sede, já que foi desfalque na decisão de 2018, contra o New England Patriots, em função de uma contusão.
O LEGADO DE SEAN MCVAY
Sean McVay chegou a LA como o head coach mais novo da história da NFL e rapidamente se consagrou como um dos melhores da liga. Eleito o melhor no cargo em 2017, fez os Rams trocarem dez anos de recordes deprimentes para cinco anos de recordes positivos. E logo na sua segunda temporada, o ataque que conquistou os olhos da NFL chegou à sua primeira decisão, mas acabou completamente anulado pela defesa dos Patriots – um momento humilhante e marcante na história de McVay, que foi forçado a rever seus conceitos.
Mas, de lá pra cá, o técnico mostrou uma boa evolução. Se em 2018 o time vivia do “11 personnel”, hoje McVay consegue se adaptar ao adversário. Nada melhor do que o exemplo desta própria temporada, na qual o esquema de bloqueio foi alterado para pressionar mais e abrir espaços para o running back Sony Michell e na qual adaptou pacotes “jumbo”, com um offensive lineman a mais, após o jogo contra os Jacksonville Jaguars. McVay parece incansável na busca por novos detalhes em seu ataque e maneiras de pegar defesas adversárias de surpresa, seja no flea flicker, seja em passe em screen para Kendal Blanton, como no último jogo.
Ainda, nesses anos, outra coisa tem chamado atenção: sua capacidade de atrair grandes treinadores para sua equipe técnica. Zac Taylor por exemplo, ex-treinador de quarterbacks do time, será o adversário do outro lado do campo, dirigindo Cincinnati. Em poucos anos parece que metade da liga terá um HC da “árvore McVay”. Só resta saber se ele será o primeiro – e mais jovem da história – a levantar o Lombardi.
(Foto: Reprodução Twitter/Los Angeles Rams)
A MONTAGEM DE UM TIME CAMPEÃO
Talvez o maior motivo para acreditar nos Rams neste Super Bowl não seja nenhuma das histórias individuais, e sim a montagem desse elenco. Diante de um Bengals que tem sofrido para proteger Burrow nos dois últimos anos, LA conta com um pass rush histórico, liderado por Aaron Donald e Leonard Floyd. No meio da temporada regular, ainda, Snead viu a necessidade de trazer outro EDGE rusher para abrir espaço para AD e buscou nada mais nada menos do que um dos melhores de todos os tempos, o linebacker ex-MVP do Super Bowl 50, Von Miller, que já foi extremamente decisivo durante os playoffs e espera repetir a atuação que teve naquela decisão, diante do Carolina Panthers, no próximo domingo.
Com um interior da linha com fome de aparecer, Greg Gaines e A’Shawn Robinson têm tudo para incomodar o jovem Burrow e forçá-lo a cometer erros. Erros que devem ser aproveitados por um dos melhores cornerbacks da liga, Jalen Ramsey, que, por sinal, deve ficar na sombra da grande arma de Cincinnati, Ja’Marr Chase. Inúmeros grandes wide receivers já sumiram diante da cobertura de Ramsey – será que Chase entra nessa lista?
Ainda, se os astros honram seus nomes, nestes playoffs vimos outros como Nick Scott e Travin Howard tendo jogadas decisivas contra os melhores oponentes. Portanto, fica difícil acreditar em um tiroteio entre esses dois times. Tudo isso para dizer que grandes defesas vencem Super Bowls.
Mas, do outro lado da bola, há uma reunião de armas e talentos que podem ser comparados a um filme da Marvel: o grande Capitão Stafford, comandando uma ótima dupla de recebedores, Cooper Kupp e Odell Beckham Jr., que aterroriza secundárias adversárias e um jogo terrestre com Sony Michel e Cam Akers, que se completam perfeitamente. O grande desafio para esse ataque parece ser proteger a bola, anotar alguns pontos e deixar que a defesa complete do outro lado.
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DESTINO
Se tivessem escrito um roteiro da temporada de 2021/22 para os Rams, ele teria sido jogado pela janela como algo muito melodramático e surreal, no qual o time aposta tudo em um QB veterano, que vem de anos de derrotas e sem nunca vencer um jogo de pós-temporada. Começando muito bem, ele se torna um candidato a MVP, antes de implodir e ser massacrado por toda a imprensa. O time também traz um grande veterano para a defesa e perde três jogos consecutivos logo depois de sua chegada. Ainda, assina com um recebedor polêmico para complementar o ataque e no outro dia perde seu segundo wide receiver mais importante por toda a temporada.
E quando tudo parecia perdido, a equipe reencontra um bom futebol americano, se garante nos playoffs e, no último jogo do ano, tem seu estádio invadido por torcedores rivais, após perder em um jogo dramático – a sexta derrota consecutiva para o mesmo rival. Mesmo classificados aos playoffs, desacreditados, sequer comemoram o título divisional herdado de outro rival, que também havia perdido. Logo depois, há o retorno improvável de seu RB que havia supostamente sido perdido pelo resto da campanha, dias antes do início do ano.
Na pós-temporada, vence um rival com facilidade e depois vai à casa do atual campeão, comandado por aquele mesmo vilão do Super Bowl LIII – aquele Tom Brady que persegue Los Angeles e destrói seus sonhos de grandeza desde 2001. No confronto, abre uma vantagem substancial e logo a vê ser demolida por erros próprios e o estádio ir à loucura quando o empate chega a 46 segundos restando no relógio, o roteiro predileto de Brady. Porém, dessa vez o final foi diferente. Dessa vez, “Shang Tsung” Stafford rouba a alma de Tampa, com um passe milagroso para Cooper Kupp, e efetivamente aposenta o maior “vilão” da história dos Rams.
Por fim, o confronto decisivo, um NFC Championship em sua própria casa, a mesma casa invadida pelos estrangeiros do norte poucas semanas antes. Sim, os Rams deixaram San Francisco sobreviver na temporada. Deram o tempo suficiente para os rivais irem a Green Bay e eliminarem os Packers, mas confirmando, assim, que decidiriam o ano em casa. E em um duelo equilibrado, Los Angeles não só vence o duelo na arquibancada, como também vence em campo. Depois de seis reveses seguidos, finalmente a primeira vitória veio, com o SoFi Stadium explodindo, Aaron Donald pedindo pelo título e Cooper Kupp convertendo mais uma terceira descida crucial e uivando como um louco.
Agora, um Super Bowl a ser decidido em casa. O roteiro está escrito, o destino desse time parece ser único. Como um bom filme de Hollywood, não faltou drama ou grandes personagens. Resta saber se o final será feliz. Mas a garantia é que, dentro daquele vestiário, com o uniforme que levou o time a seu último Super Bowl, Stafford, McVay, Kupp, Donald e companhia acreditam que esse Lombardi é o destino do Los Angeles Rams.