Brett Favre está preocupado com possibilidade de ter adquirido ETC
Favre perdeu a conta das concussões que sofreu na carreira, e se preocupa com efeitos de possível doença degenerativa
A encefalopatia traumática crônica (ETC), doença cerebral degenerativa associada a pancadas constantes na cabeça, é uma sombra constante para jogadores e ex-jogadores da National Football League. Para o ex-quarterback Brett Favre, é preocupante a possibilidade de já ter de lidar com os efeitos da doença – que só pode ser diagnosticada após a morte, já que ele não consegue sequer estimar o número de concussões que sofreu em seus 20 anos de carreira na NFL.
“Quando você tem um zumbido no ouvido, vê estrelas, isso é uma concussão”, disse o ídolo do Green Bay Packers nesta quinta-feira (12), via USA Today. “Se isso é uma concussão, eu tive centenas, provavelmente milhares durante minha carreira, e isso é assustador.”
Favre já se manifestou sobre o efeitos que os traumas constantes na cabeça vêm fazendo em sua vida após a aposentadoria, mais especificamente com relação à perda de memória à curto prazo, e isso o faz ponderar se ele está sofrendo com a ETC.
“Piorou bastante em termos de memória a curto prazo; palavras simples que normalmente viriam facilmente em uma conversa, eu gaguejo”, disse o ex-quarterback que, aos 48 anos, não sabe dizer se esse é um efeito natural da idade ou sintoma de algo mais grave. “Poderia ser, como nós gostamos de dizer, quando ficamos um pouco mais velhos, ‘eu esqueci a chave’ e elas estão em minhas mãos, ou ‘onde estão meus óculos?’ e eles estão na minha cabeça. Eu fico pensando se é isso, ou se eu tenho estágios iniciais da ETC – eu não sei.”
Um estudo publicado pela Universidade de Boston em 2017 indicou a presença da encefalopatia traumática crônica nos cérebros de 110 entre 111 ex-jogadores da NFL, sendo o caso mais proeminente o de Aaron Hernandez, ex-tight end dos Patriots que se suicidou na prisão aos 27 anos de idade, e cujo exame no cérebro apontou grau 3 da doença – o nível mais alto já registrado para sua faixa etária. A preocupação é de que haja uma tendência de jogadores cada vez mais jovens desenvolverem ETC, e Brett Favre acredita que deve haver muita precaução em relação à prática de futebol americano por adolescentes.
“O cérebro e o crânio em si, para os jovens de 8 a 15 anos – e talvez até mais velhos, não estão desenvolvidos o suficiente e eles não deveriam jogar futebol americano de contato”, disse Favre. “Nós temos que protegê-los, especialmente levando em conta que não há um tratamento por aí”, completou.
Foto: Site Oficial/NFL