Aaron Hernandez teve caso mais grave de ETC já registrado para sua idade
Resultados de pesquisa revelam que o grau da doença cerebral do ex-tight end pode ter influenciado seu comportamento
A ex-estrela do New England Patriots Aaron Hernandez, que cometeu suicídio na cela de prisão onde cumpria pena perpétua por homicídio este ano, foi a mais grave vítima já registrada em sua faixa etária da encefalopatia traumática crônica (ETC), uma doença degenerativa no cérebro associada ao excesso de pancadas na cabeça aos quais estão sujeitos os jogadores de futebol americano. A constatação é da neuropatologista Ann Mckee, líder da pesquisa sobre a ETC pela Universidade de Boston.
Segundo McKee, o diagnóstico do cérebro de Hernandez apresentou o grau 3 da doença, algo nunca antes registrado em alguém com menos de 46 anos de idade. À época de sua morte, em abril deste ano, o ex-tight end tinha 27 anos, tendo jogado na NFL até os 22, quando foi acusado do assassinato de Odin Lloyd. Em maio, a família do jogador cedeu seu cérebro à Universidade de Boston, o que foi classificado por Mckee como “uma das contribuições mais significativas para o nosso trabalho”.
A preocupação da pesquisadora é de que os resultados obtidos a partir do cérebro de Hernandez podem significar uma propensão avançada ao desenvolvimento da doença em jogadores cada vez mais jovens. Ainda que essa tendência ainda não possa ser comprovada por falta de índices comparativos, ela deixou claro que o diagnóstico do jogador é alarmante. Em setembro, foi anunciado que um método de identificar a ETC em cérebros de pessoas vivas está a cerca de cinco anos de ser desenvolvido, o que pode ter consequências avassaladoras para a NFL.
#CTE is a killer. Aaron Hernandez’s brain photos are horrifying. Keep our kids safe. #ChangeTheGame #CTG!! https://t.co/ZkVT3YKrlS #science pic.twitter.com/FNONMTQ7P8
— Mike Wagner (@MikeWagner2112) November 10, 2017
Ann Mckee confirmou também que a gravidade da doença pode ter influenciado no comportamento do jogador, ainda que isso não possa ser individualmente comprovado:
“Nós não podemos pegar a patologia e explicar o comportamento”, disse. “Mas nós podemos dizer coletivamente, em nossa experiência coletiva, que indivíduos com ETC, e com ETC dessa gravidade, têm dificuldades com o controle de impulsos, tomadas de decisões, inibição de impulsos agressivos, volatilidade emocional e comportamentos raivosos. Nós sabemos disso coletivamente”, completou.
Em setembro deste ano, a família de Aaron Hernandez entrou com um processo contra a NFL e o New England Patriots por suposta negligência dos acusados com a saúde do ex-jogador. Posteriormente, o processo foi retirado.
Foto: Wikimedia Commons