Chicago Bulls joga para apagar a decepção da última temporada
Reforçados com novas e velhas caras, os Bulls têm tudo para fazer uma grande temporada na NBA
A temporada 2013-2014 do Chicago Bulls foi de muitas incertezas. Com a lesão de Derrick Rose, a equipe ficou desestabilizada emocionalmente e sem sua principal referência dentro de quadra. Após retorno e nova lesão, esse desequilíbrio passou a ser compartilhado também por Rose e dúvidas sobre a continuidade de sua carreira em alto nível pipocavam na mídia. Com toda a razão. O exímio armador estava num momento horrível da carreira, com os dois joelhos combalidos e sem conseguir dar ao Chicago o que ele tanto precisava: um jogador que decidisse.
O resultado foi uma temporada extremamente irregular, com alguns altos, mas uns baixos muito abaixo da crítica. O time terminou a temporada regular com a 4ª colocação da Conferência Leste (44-38), mas em um desses baixos do ano, acabou eliminado pela jovem e inexperiente equipe do Washington Wizards na primeira rodada dos Playoffs 2014 por inapeláveis 4 a 1 e deu um adeus precoce à competição, porém não tão inesperado assim.
O ano continuou e a volta de Rose tornou-se algo tão esperado quanto providencial para as pretensões dos Bulls. Nos treinos da seleção norte-americana, o armador correspondia com trabalho duro e o vigor de sempre e sua participação no Mundial de Basquete veio a confirmar que Rose estava de volta, em forma, se não ainda o MVP que ele fora na temporada 2011, alguém muito bem preparado fisicamente, mais confiante e com a cabeça no lugar.
Na offseason, o Chicago Bulls conseguiu se mexer e reunir boa companhia para Rose: trouxe o craque Pau Gasol dos Lakers e liberou o contrato astronômico do regular Carlos Boozer, manteve bons jogadores da temporada passada, como o pivô Taj Gibson, o armador Kirk Hinrich, o ótimo Jimmy Butler e o experiente Mike Dunleavy. Os Bulls recrutaram dois belos jogadores no Draft 2014, Doug McDermott e Cameron Bairstow e foram buscar o já draftado (Draft 2011) ala-pivô Nikola Mirotic, que parece estar pronto para a NBA após grandes temporadas pelo Real Madrid. Além de todos esses acertos, Joakim Noah e Tom Thibodeau continuam firmes e fortes por lá e irão munir Rose com todas as forças possíveis.
Certamente, os Bulls surgem como umas das grandes forças para chegar até a final da Conferência Leste e devem brigar com Cleveland Cavaliers e Washington Wizards pelas primeiras posições da conferência na temporada regular, com menção para Indiana Pacers e Miami Heat que devem incomodar também. Os Cavaliers formaram seu Big-3 com Lebron James, Kevin Love e Kyrie Irving e são, logo de cara, os principais favoritos para o Leste, porém os Bulls também têm sua força em três jogadores (Joakim Noah, Pau Gasol e Derrick Rose) e analisando friamente, têm muitas condições de superar os Cavs se abusarem do jogo interno, principal “deficiência” da equipe de Ohio. Gasol e Noah têm tudo para se entenderem dentro do garrafão e complicarem a vida de qualquer franquia, ainda sob a batuta do genial Rose, a vida dos dois ficaria ainda mais fácil. O espanhol, apesar de seus 34 anos, ainda é craque de bola e isso foi muito bem visto no Mundial de Basquete. Gasol é um ala-pivô bastante alto, mas possui muita agilidade no jogo de um-contra-um e uma técnica refinada, tanto perto como longe da cesta, além de ter um bom arremesso de fora. Enfim, é um jogador ofensivamente completo e impõe muitas dificuldades a qualquer defensor.
Até os “Drafts” da década de 80, em que selecionaram Michael Jordan (1984), Scottie Pippen e Horace Grant (ambos em 1987), o cerne do primeiro tricampeonato da equipe (1991, 1992 e 1993), os Bulls nunca tinham sido, reconhecidamente, grandes recrutadores e muito menos, formadores de grandes times. Ainda na década de 90, após a volta de Michael Jordan de sua incursão mal sucedida no beisebol, no fim da temporada de 1995, Chicago tinha uma boa e experiente equipe novamente e o time atingiu o tricampeonato pela segunda vez (1996, 1997 e 1998). Os 6 campeonatos da equipe na década, aliados a uma torcida exigente transformaram o Chicago em uma das franquias de mais pressão da NBA.
Com a saída de suas principais estrelas, o time caiu em má fase novamente, mas isso apenas até o Draft de 2008, em que os Bulls tinham a primeira escolha. Derrick Rose veio e a pressão por títulos voltou a rondar a terceira maior cidade dos Estados Unidos, o que persiste até os dias de hoje. No último Draft vieram o ala-armador de Clemson, Doug McDermott, escolhido na 11ª posição e o ala-pivô de New Mexico, o australiano Cameron Bairstow, escolhido na 49ª posição. McDermott é um excelente arremessador do perímetro, tem capacidade de criar seu próprio chute e muito se assemelha a Kyle Korver (até fisicamente), sendo que ambos ainda têm a mesma origem, em Clemson. Bairstow é apenas regular, mas o que os dois despertaram nos Bulls foi a determinação que possuem, principalmente em treinamento e sob o olhar de Thibodeau têm tudo para crescerem seus jogos.
O Chicago Bulls se reforçou na medida certa para a temporada e conta com a volta de um dos melhores jogadores da liga para chegar definitivamente ao topo do basquete norte-americano, algo que não acontece há 16 anos. É bom que não se duvide da capacidade desse time.