Brittney Griner é condenada a nove anos de prisão na Rússia
Estrela da WNBA, Griner é condenada a nove anos de prisão em tribunal russo por tráfico de maconha com intenção criminosa
A estrela da WNBA Brittney Griner foi condenada nesta quinta-feira (4) a nove anos de prisão na Rússia, por tráfico de drogas com intenção criminosa. Além do tempo de prisão, a jogadora do Phoenix Mercury ainda terá de pagar uma multa de 1 milhão de rublos, o equivalente a US$ 16.700.
Griner foi presa no dia 17 de fevereiro por porte de maconha e de acordo com fontes próximas a atleta, ela já estava preparada para uma punição severa da corte russa, no entanto, tanto ela quanto seus advogados estavam cientes que a Rússia não iria deixá-la retornar aos Estados Unidos enquanto o julgamento não fosse concluído. Dessa forma, Griner se declarou culpada no dia 7 de julho, o que acabou se tornando uma decisão precipitada, já que o caso continuou sob a lei russa.
Durante a sentença, a juíza Anna Sotnikova disse que descobriu que Griner infringiu a lei intencionalmente e mencionou que o tempo que a jogadora cumpriu sob custódia desde a sua prisão, em fevereiro, contaria para a sentença.
No julgamento, Griner afirmou que não tinha a intenção de traficar drogas para a Rússia. Ela defende o UMMC Ekaterinburg desde 2014 durante os intervalos da WNBA. Segundo ela, a maconha medicinal seria para tratar suas lesões crônicas. “Eu cometi um erro honesto. E espero que, pelas suas leis, não acabe com a minha vida aqui”, disse.
Depois de condenada, a atleta reagiu com pouca emoção e demonstrava um olhar vazio no rosto. Ela se limitou apenas a dizer a frase “Eu amo minha família”, quando foi levada para fora do tribunal.
A promotoria russa havia pedido sentença de nove anos e meio de prisão para Griner. Após a leitura do veredito final, ficou definida uma sentença quase máxima para a jogadora. De acordo com a juíza, ela terá de cumprir a pena em uma colônia penal na Rússia.
A defesa de Griner disse que vai recorrer contra o veredito. “Nós estamos muito desapontados com o veredito. Como advogados, nós acreditamos que a corte deve ser justa com todos, independentemente da nacionalidade. A corte ignorou completamente todas as evidências da defesa e, o mais importante, a declaração de culpa”, disseram.
Mais tarde, a advogada de defesa Maria Blagovolina disse a repórteres que Griner estava “muito chateada, muito estressada”. “Ela mal consegue falar. É um momento difícil para ela”.
Sob a lei russa, Griner tem dez dias para recorrer, e seus advogados disseram que esperam uma audiência no tribunal regional de Moscou na próxima semana. Questionado se Griner poderia pedir perdão ao presidente russo Vladimir Putin, Blagovolina disse que consideraria todas as possibilidades, mas os advogados disseram que não faziam parte de nenhuma discussão sobre uma troca de prisioneiros.
O presidente dos EUA, Joe Biden, divulgou uma declaração sobre o veredicto que se referia a Griner como detida injustamente – uma designação que as autoridades americanas usam desde maio – e pediu sua libertação.
“Hoje, a cidadã americana Brittney Griner recebeu uma sentença de prisão que é mais um lembrete do que o mundo já sabia: a Rússia está detendo Brittney injustamente”, disse Biden. “É inaceitável e peço à Rússia que a liberte imediatamente para que ela possa estar com sua esposa, entes queridos, amigos e companheiros de equipe”, completou.
Do lado de fora do tribunal, a encarregada de negócios da Embaixada dos EUA, Elizabeth Rood, chamou o veredicto de “um erro judiciário”.
A comissária da WNBA Cathy Engelbert e o comissário da NBA Adam Silver, em um comunicado conjunto, chamaram o veredicto e a sentença de quinta-feira de “injustificados e infelizes”, enquanto a equipe WNBA de Griner, o Phoenix Mercury também twittou uma declaração de apoio.
Autoridades dos EUA disseram na semana passada que ofereceram um acordo para o retorno de Griner, e fontes disseram que o acordo trocaria o traficante de armas russo condenado Viktor Bout por Griner e seu compatriota Paul Whelan, que está sob custódia russa desde que foi preso por acusações de espionagem, em dezembro de 2018.
A estratégia de Griner durante todo o julgamento foi tratá-lo como um procedimento legítimo, sabendo que um veredicto de culpa era considerado uma conclusão precipitada e que qualquer acordo para mandá-la para casa exigiria uma admissão de culpa.
Ainda diante da corte, Griner se desculpou com seus companheiros de equipe, fãs e a cidade de Ekaterinburg, onde jogou durante as offseasons da WNBA desde 2014. “Eu nunca quis machucar ninguém. Eu nunca quis colocar em risco a população russa. Eu nunca quis infringir nenhuma lei aqui”, disse ela.
Griner também abordou a realidade política de sua detenção: “Sei que todo mundo continua falando sobre ‘peão político’ e ‘política’, mas espero que isso esteja longe deste tribunal”, completou.
Autoridades russas, incluindo o principal porta-voz do Kremlin e o vice-ministro de Relações Exteriores, insistiram que, sob a lei russa, o país não poderia considerar um acordo antes de ser sentenciada.
Foto: Reprodução Twitter/Phoenix Mercury