Oscar: “O jogo dos Warriors hoje é exatamente o jeito que jogava a seleção brasileira na minha geração”
Em entrevista ao "Bola da Vez", Oscar fala sobre sua época de seleção e quase NBA, Kobe, Bird e All-Star Weekend
Foi ao ar nesta terça-feira (31), na ESPN Brasil, o programa “Bola da Vez” com Oscar Schmidt como convidado, sendo entrevistado por João Carlos Albuquerque, Eduardo Agra, ex-companheiro de Oscar no Sírio e na seleção brasileira e atual comentarista dos canais ESPN, e Everaldo Marques, narrador do canal.
Hall da Fama da FIBA em 2010, Hall da Fama do Basquete em 2013 e recém-convidado para participar do Jogo das Celebridades do All-Star Weekend 2017 da NBA, o ala falou de muitos assuntos ligados à seleção brasileira e ao basquete norte-americano, em posse de seu anel ganho quando foi para o Hall da Fama do Basquete.
Oscar falou sobre o basquete moderno e como a seleção brasileira, a qual ele fez parte, comandada por Ary Vidal, já fazia valer das bolas de três pontos. “Nosso técnico, Ary Vidal, chegou pra mim e pro Marcel e disse ‘Essa linha de três é para vocês, pode chegar e chutar que eu garanto’. A gente não fazia contra-ataque, parava na linha dos três e arremessava, pegava o rebote e fazia a cesta se precisasse. O jogo do Golden State Warriors hoje é exatamente o jeito que jogava a seleção brasileira na minha geração com o Ary Vidal, sem tirar nem botar nada. Se olhar o jogo do Golden State, eles não olham nem pro rebote. Está livre e já manda pau. Hoje o basquete da NBA joga desta maneira e eu tenho um orgulho danado de ter começado isso daí”, disse o ala.
Sobre sua mais recente conquista, o convite para o Jogos das Celebridades do All-Star Weekend da NBA, Oscar foi categórico sobre sua participação. “Quero ser MVP meu amigo. Vou fazer de tudo para ser o melhor jogador do jogo. E eu espero que o Obama jogue comigo, senão vou ter que dar um toco nele”, disse o ala em meio a risos.
Oscar fora draftado pelo New Jersey Nets em 1984, mas não aceitou porque sua profissionalização no basquete norte-americano tiraria suas possibilidades de jogar pelo Brasil. “Na época do Draft, eu fui a escolha 131 (sexta rodada). Me escolheram só pra escolher. ‘Vamos ver se esse menino joga’. Eu falei ‘Eu não vou lá, mas vou mostrar que eu sou bom nesse negócio’. Fiz o camp deles, uma semana de treino, uma semana de jogo. Joguei dois jogos contra o Charles Barkley, ele no Philadelphia, e matei todo mundo. Cheguei pro técnico antes do campeonato começar e falei ‘aqui é um ponto por minuto hein’. Me ofereceram um contrato. Não estava nem na previsão do New Jersey Nets isso. Seria o primeiro estrangeiro do mundo a jogar na NBA”, comentou Oscar, que já estava na Itália à época, país em que jogou desde 1982 até 1993, sendo sete vezes cestinha do campeonato nacional do país.
Foi na Itália que Oscar travou muitas batalhas contra Joe “Jellybean” Bryant, pai de um certo Kobe Bryant, que, criança e assistindo ao brasileiro, tinha em Oscar um grande ídolo. “Kobe me via ganhar do pai dele todo ano. A gente disputava sempre a artilharia do campeonato, ele sempre em segundo, claro, mas a gente sempre disputava. Meu time era melhor que o time do pai dele e quase sempre a gente ganhava. Kobe via eu bater no pai dele toda hora. A conclusão foi que ele virou meu fã”, disse Oscar. Kobe sempre foi transparente quanto à sua admiração por Oscar, tanto que a última vez em que o astro dos Lakers esteve no Brasil fez questão que Oscar o acompanhasse ao longo dos dois dias inteiros de eventos.
Ídolo de Oscar na NBA, Larry Bird foi o “padrinho” do brasileiro na cerimônia do Hall da Fama do Basquete e lembrado com bom humor pelo ala. “Ele está na minha lista de melhores de todos os tempos. Pensa bem, o Larry Bird, gordinho, não corre, não pula e joga melhor que todo mundo. Para mim o cara é um gênio”, lembrou Oscar.
Ao responder sobre os melhores jogadores que viu jogar, Oscar não hesitou sobre os que mais admira no país. “Do Brasil, Marcel. Gostava muito do Ubiratan. Foi meu ídolo de criança. Eu não vi o Wlamir e o Amaury jogarem então opinar sobre eles é mais difícil. Do Brasil atual, eu gosto do Marcelinho (Huertas) e gosto muito do Varejão. É um cara que qualquer um gostaria de ter no time. Arrisco a dizer que naquela seleção do Panamericano (em 1987, quando o Brasil bateu os EUA em Indianapolis), ficaria perfeito o time”, disse o ala, que colocaria Varejão até em seu quinteto ideal, junto com Cadum, Israel, Marcel e Ubiratan. Ainda sobre Varejão, Oscar confessou que Kobe teria dito a ele que gostaria de ter jogado com o ala-pivô brasileiro.
(Foto: Reprodução Facebook / Oscar Schmidt)