5 razões para acreditar no título do St. Louis Blues na Stanley Cup 2019
Confira os principais motivos da equipe do Missouri para conquistar o improvável título da NHL nesta temporada
Na segunda-feira (27), o St. Louis Blues iniciará a disputa pelo título da Stanley Cup 2019 contra o Boston Bruins, no TD Garden, em Massachussetts. O time do Missouri volta para uma final depois de 49 anos de espera.
No longínquo ano de 1970, o adversário também foi a equipe de Boston, que varreu os Blues naquela oportunidade. O gol do título ocorreu na prorrogação do jogo 4, e foi marcado pelo grande astro dos Bruins, Bobby Orr. A jogada em que Orr está praticamente voando sob os adversários foi eternizada com uma estátua de bronze na entrada do TD Garden. Portanto, o time de St. Louis terá pela frente um algoz com uma história riquíssima, inclusive com um passado vitorioso sobre o desafiante.
Apesar de não ter ainda vencido a competição, os Blues têm em seu currículo três finais e um ótimo retrospecto nas últimas temporadas. Curiosamente, desde o ano de 2011, quando os Bruins conquistaram o seu último título, os Blues só estiveram fora dos playoffs uma única vez. Em um ranking divulgado pelo site The Athletic, de lá pra cá, os Blues somaram 788 pontos em 365 vitórias, ficando atrás apenas do Pittsburgh Penguins. O Boston Bruins está na 4ª posição desta lista com 784 pontos. Portanto, os Blues lutam agora para alcançar não só o topo da NHL, mas também para dar o troco no rival.
O The Playoffs listou aqui 5 motivos para apostar no título do St. Louis Blues na Stanley Cup. Confira!
O que une as pessoas?
Em 3 de janeiro deste ano, o cenário era de constantes frustrações para o St. Louis Blues. Com 37 jogos disputados, o time só havia somado 34 pontos e estava em último lugar geral da liga. Pasmem!
Depois de uma pré-temporada bastante ativa, Doug Armstrong, gerente geral da franquia, reforçou o elenco com jogadores de ponta. O principal deles foi Ryan O’Reilly em uma troca ousada com o Buffalo Sabres. Tudo para que o time pudesse brigar no topo da liga. No entanto, Mike Yeo não conseguiu extrair o máximo potencial do elenco e foi demitido em 20 de novembro de 2018. Craig Berube assumiu como interino com a missão de resolver os problemas de vestiário. Naquela oportunidade, nem o mais otimista torcedor da equipe acreditava em uma reviravolta tão grande. Passando o mês de dezembro inteiro em período de adaptação, Berube só começou a colocar a casa em ordem no início do ano.
Com a janela de transferências se aproximando, os rumores sobre a saída das principais estrelas do time e uma possível reconstrução do elenco eram vistas com naturalidade entre os jornalistas. Porém, Berube tinha outros planos e a diretoria confiou no seu trabalho. Se a retomada no caminho das vitórias tivesse demorado uma ou duas semanas para acontecer, não estaríamos falando sobre este time agora.
Jogadores e comissão técnica se uniram e as vitórias se acumularam. Praticamente como um espelho invertido da campanha na primeira metade da temporada, a equipe agora colecionava triunfos, um após o outro. De repente, já estavam entre os classificados para a pós-temporada. Fizeram a melhor campanha do “segundo turno” e por pouco não faturaram a Divisão Central. O renascimento do time passa diretamente pela troca de treinador e com a chegada do goleiro Jordan Binnington (ver abaixo).
Como disse Tyrion Lannister no último capítulo da série da HBO, Game Of Thrones: “O que une as pessoas? Ouro, Bandeiras, exércitos? Não! Histórias unem as pessoas!”. E essa dos Blues em 2018-19 já tem o roteiro de drama e superação prontos. Falta agora vencer o último inimigo para conquistar o reino da NHL. Depois, é só começar a rodar a película.
Jordan Binnington
O goleiro de 25 anos de idade não chegou aos Blues por acaso. Mas, contou com a sorte para receber a primeira oportunidade de atuar na principal liga. Com o mau momento de Jake Allen, somado às lesões de Jared Coreau e Ville Husso, Binnington foi chamado da AHL no dia 7 de janeiro para defender a meta dos Blues contra o Philadelphia Flyers, em um momento terrível do time na competição. A pressão de estar na ponta debaixo da tabela com a perspectiva de um desmanche ilustra bem o tamanho do desafio, mas o goleiro lidou bem, e com uma performance segura, ajudou o time vencer aquela partida. No jogo seguinte a história se repetiu, e o jogador foi ganhando novas oportunidades, até que se tornou titular.
Binnington não saiu mais desde que subiu para o time principal. Venceu 24 partidas das 30 que disputou. A média de 1,89 gol sofridos por partida com 91,4% de defesas durante a temporada regular é uma marca fantástica. Jovem e corajoso, a chegada dele ao time passou a segurança que faltava para um elenco recheado do bons atletas. Já, nos playoffs, os números caíram e com isso, deixaram de ser absurdos. Porém, o jogo de Binnington continua sendo de alto nível. Conforme os Blues foram eliminando os adversários, o goleiro foi mostrando mais frieza, arrojo, e a torcida, o staff e os companheiros vão sentindo confiança nesta posição – considerada por muitos como o calcanhar de Aquiles da franquia.
Por ser ainda muito jovem e com tamanha responsabilidade, a história de Jordan Binnington se assemelha à vivida por Matt Murray nos Penguins em 2016. Substituindo ninguém menos que Marc-Andre Fleury, Murray foi fundamental para a conquista dos Pens naquela temporada, e Binnington pode repetir a dose dos novatos.
Artilheiro Jaden Schwartz
A temporada dos Blues começou mesmo de ponta-cabeça. Mas, o time se organizou e passou a atropelar os adversários até a chegada na pós-temporada. Os treinadores costumam dizer que nos playoffs, os melhores jogadores precisam atuar no melhor nível. Vladimir Tarasenko é a principal peça ofensiva deste time, e vem jogando muito bem, obrigado. Mas ninguém contava com o momento iluminado do parceiro de primeiro linha Jaden Schwartz. Depois de fechar a temporada regular com números frustrantes, Schwartz está fazendo chover no mata-mata. Decisivo, o jogador já marcou 12 gols em 19 partidas, um a mais do que em todos os 69 jogos que ele disputou durante a primeira fase.
O show de Schwartz demorou para acontecer. Apenas no jogo 5 da série contra o Winnipeg Jets o atacante conseguiu marcar. Porém, no jogo seguinte, foi perfeito, marcando os três gols da vitória dos Blues por 3 a 2, bom o suficiente para eliminar o time de Manitoba e seguir na competição. O San Jose Sharks também foi vítima do artilheiro. A série foi empatada para a Califórnia e os fãs dos Sharks estavam confiantes que o time poderia pular na frente outra vez. Mas, os Blues venceram o jogo por 5 a 1, e o jogador colecionou mais um hat trick. Cada adversário que encontrou os Blues nestes playoffs sofreu quatro gols do left winger do time do Missouri.
Com Tarasenko, Brayden Schenn e mais Schwartz, a primeira linha dos Blues promete dar muito trabalho para Brad Marchand, Patrice Bergeron e David Pastrnak. Um duelo imperdível.
Uma quarta linha aquecida
Na contramão do que a NHL tem mostrado como tendência para o futuro – elencos construídos para jogar em sistemas de muita velocidade -, Bruins e Blues podem ser considerados até como um estilo meio old school, baseado em controle da zona neutra e um caminhão de forechecks, ou seja, trombadas nos adversários. Tudo isso combinado com muitos lançamentos do disco para a zona ofensiva, como o chamado dump and chase, e a constante tentativa de colocar atletas para brigar pelo espaço em frente ao goleiro. Portanto, todos os atributos do que os especialistas chamam de antigo jeito de jogar hóquei, mas que continua efetivo.
Um bom exemplo deste estilo na prática é quando os Blues colocam no gelo a quarta linha. Algo que o treinador Craig Berube tem como uma arma que será bastante utilizada contra Boston. Alexander Steen, Oskar Sundqvist e Ivan Barbashev somaram 8 pontos nos últimos 5 jogos na série diante do San Jose Sharks. Pressionando os rivais já na zona ofensiva, o trio tem forçado erros e aproveitado as oportunidades para capitalizar. É verdade que o trio que forma a quarta linha dos Bruins também é forte, mas os Blues vão contar com o equilíbrio das suas linhas para vencer a série, e para isso, a quarta linha precisa continuar cumprindo a sua função.
In case you somehow still haven't heard. https://t.co/lSVPwHjtBH #PlayGloria #stlblues #WeAllBleedBlue
— St. Louis Blues (@StLouisBlues) May 22, 2019
Apoio nacional e internacional
A cidade de Boston tem colecionado títulos e mais títulos das grandes ligas norte-americanas nos últimos anos. O New England Patriots é o atual campeão da NFL, no futebol americano. O Boston Red Sox é o atual campeão da MLB, no beisebol. E o Boston Bruins está muito perto de faturar a NHL. Dizem por lá, que as famosas parades, ou melhor, os desfiles de campeões, já não têm a mesma graça mais. É inegável que a cidade goza do sucesso com frequência por conta da competência das franquias que lá estão, mas o fã de hóquei no gelo está acostumado com o equilíbrio, com histórias surpreendentes e, como os torcedores que mais se aproximam de nós brasileiros com o futebol, eles adoram tirar uma onda com o adversário. Não podemos esquecer que os times de Boston são odiados por inúmeras razões em todas as ligas. O sucesso pode ser um bom argumento. Neste caso, escolher o time do Missouri para torcer é quase uma obrigação dos rivais.
Outro destaque relevante dos torcedores de hóquei no gelo no mundo todo é que todos adoram encerrar a temporada com uma boa história para contar. O espetacular comeback dos Blues, citado anteriormente neste texto, é um elemento poderoso na decisão por quem torcer nestas finais. Não que o time de St. Louis exale tamanha simpatia, mas de fato, a história de toda a campanha de recuperação do time na temporada traz uma sensação de que esta é uma escolha natural.
Entre os jornalistas mais importantes que cobrem a NHL, há um consenso de que os Bruins são amplamente favoritos para a conquista deste título. Praticamente todos entendem que o time de Boston é mais forte em todos os aspectos do jogo. Se levarmos isto em consideração, significa que os Blues terão que escalar uma montanha ainda maior para finalmente alcançarem o topo. Assim como fez o Washington Capitals na temporada passada, ver o St. Louis Blues campeão pela primeira vez é tudo que a maioria esmagadora dos fãs deste esporte mais querem.
Por fim, e não menos importante, o atacante do Boston Bruins Brad Marchand é um atleta incrível. Um jogador capaz de acabar com um jogo com jogadas plásticas e gols. Por ser baixo, ele tem a capacidade de se desmarcar facilmente, fazendo da vida dos defensores um inferno. No entanto, Marchand tem seu lado macabro que infelizmente é externado constantemente durante as partidas. Com um dossiê completo de jogadas maldosas, o jogador dos Bruins é simplesmente detestado por uma base de fãs enorme mundo afora. Por isso, temos o vilão perfeito para deixar uma possível vitória dos Blues ainda mais saborosa.
(Foto: Divulgação Site/NHL)