Não é porque teremos que esperar cerca de sete meses para uma nova temporada de fantasy football que não podemos refletir sobre aquela que acabou há poucas semanas.

Várias são as formas de analisarmos o ano recém-terminado, principalmente quando estivermos projetando a temporada seguinte. Mas o foco deste artigo ainda não será precisamente esse.

Fugindo dos números frios, com a simples menção de quem somou mais ou menos pontos de fantasy ao longo da temporada, vamos listar os jogadores que, dentre vários critérios igualmente importantes, foram os mais decisivos no momento de conduzir um elenco do nosso game à glória.

Tais critérios são:

• Pontuação total e, principalmente, por jogo (excluindo-se eventuais desfalques);
• Consistência: quanto menos variação entre piso e teto de pontuação, melhor. Em outras palavras, tetos estratosféricos são sempre valorizados, mas pisos muito baixos – e que apareçam com frequência indesejada – podem ter comprometido a colocação ou aparição de determinado jogador na nossa lista;
• Custo-benefício ou custo de draft em comparação ao ranking final: jogadores que foram draftados no primeiro round lá em agosto ou setembro tinham a expectativa de terminar o ano entre os líderes. Mas, como acontece todo o ano, alguns líderes de suas respectivas posições ao final da temporada foram selecionados nas rodadas de dígitos duplos ou até mesmo retirados da waiver wire. Estes, naturalmente, devem ser muito valorizados no nosso ranking;
• Desempenho nos playoffs do fantasy: como muitos que estão lendo devem ter sentido na pele, o mata-mata do nosso jogo dentro do jogo é um campeonato à parte. Por isso, explosões estatísticas entre as semanas 15 e 17 são um diferencial importantíssimo.

Definidos os critérios do nosso ranking, vamos à lista, sempre lembrando que tomamos por base o formato de pontuação que deixou o antigo “standard” para trás, se consolidou como mais popular e já é o padrão em todas as principais plataformas: o PPR, que é aquele que atribui um ponto por recepção.

Foto: Andy Lyons/Getty Images

1. WR Cooper Kupp (Los Angeles Rams)

Quarto jogador na história da NFL a conquistar a “tríplice coroa dos wide receivers”, ou seja, liderar a liga em recepções, jardas e touchdowns, não há como definir a temporada do camisa 10 como algo diferente de absolutamente histórica.

Kupp não foi apenas o WR1 em 2021, mas o jogador com mais pontos de fantasy entre todos os atletas, incluindo quarterbacks, ambas as colocações com larga vantagem para o segundo colocado. Colocando em perspectiva de pontos por jogo, enquanto a diferença do QB1, RB1 e TE1 para o QB2, RB2 e TE2 foi de, respectivamente, 1.6, 0.6 e 0.7 ponto, a diferença do camisa 10 para o WR2 (Adams) foi de impressionantes 4.1 pontos por jogo.

Tudo isso foi possível, pois, mesmo descartando a partida a mais que passamos a ter no calendário da NFL em 2021, a temporada do veterano foi a melhor da história do fantasy football entre wide receivers. Seus 439.5 pontos (412.9 descartando a semana 18) marcaram a primeira vez em que um recebedor ultrapassou as quatro centenas de pontuação no nosso jogo dentro do jogo.

Como é de se imaginar diante desses números, consistência passou longe de ser um problema para Kupp: não ficou abaixo de 10 pontos em jogo algum. Além disso, acabou sendo uma barganha para quem o draftou entre o quarto e o quinto round, por volta de WR17 e 44º jogador a sair do bordo.

Por fim, seu desempenho nos playoffs incluiu uma de suas maiores pontuações do ano na semana 15 (34.7), que foi sucedida por duas performances acima dos 21 pontos de fantasy nas semanas 16 e 17, fazendo com que figurasse como o jogador no segundo maior número de elencos que se sagraram campeões.

2. WR Deebo Samuel (San Francisco 49ers)

O canivete suíço do San Franciso 49ers conquista a medalha de prata da nossa lista por ter representado talvez o melhor custo-benefício de toda a temporada 2021. Selecionado, em média, como WR36 e o 85º jogador a sair do bordo, Samuel terminou o ano como WR3, tanto em pontos totais, quanto por jogo, coladinho em Davante Adams.

Quando muitos – incluindo este redator – esperavam que a temporada de breakout de um recebedor dos Niners seria a de Brandon Aiyuk, o camisa 19, finalmente passando (quase) ileso a lesões ao longo de todas as partidas, lembrou à comunidade do futebol americano o tamanho do dinamismo que possui com a bola nas mãos, seja agarrando passes ou carregando-a saindo do backfield.

Tendo perdido apenas a semana 13 por lesão, o terceiranista foi um poço de consistência, na medida em que nenhum de seus jogos terminou com pontuação de dígito único no fantasy. Para completar, teve ótimas performances nos playoffs, finalizando a temporada como o quinto jogador mais presente em elencos que foram campeões.

3. RB Jonathan Taylor (Indianapolis Colts)

O RB1 da temporada é o terceiro colocado da nossa lista.

Depois de abrir o ano com três semanas – especialmente a 2 e a 3 – que pareciam confirmar as expectativas pessimistas de que perderia muito volume para Nyheim Hines, principalmente no jogo aéreo, Taylor abriu asas e decolou rumo a um voo alto e sem volta a partir da semana 4.

Acumulando big plays, touchdowns e desempenhos acima de 100 jardas de scrimmage como se fosse rotina, o camisa 28 conduziu praticamente sozinho muitíssimos times à pós-temporada. Nos playoffs, apesar de sólidos 23 e 18.4 pontos nas semanas 15 e 17, seus 10.8 pontos nas semifinais do game passaram longe de sua média absurda e custaram algumas classificações à finalíssima.

Além disso, o fato de ter sido selecionado, em média, no primeiro round dos drafts de agosto e setembro, como RB8, não o ajuda tanto a subir no nosso ranking. Ainda assim, a temporada que representou o 16º melhor desempenho da história dos corredores para o fantasy é suficiente para que o segundanista feche o pódio.

4. WR Ja’Marr Chase (Cincinnati Bengals)

O recebedor que quebrou os recordes de jardas totais e em apenas um jogo entre calouros na história da NFL só não está mais alto em nossa lista porque sua pontuação de fantasy foi – grosso modo – explosiva no início e no final da temporada, mas não em sua metade.

Ilustra bem essa inconsistência o fato de que o novato teve seu pior desempenho na primeira rodada dos playoffs (1.3 ponto na semana 15) e o melhor, que será aprofundado a seguir, na última.

Apesar disso, o camisa 1, que terminou o ano como WR5 depois de ter sido draftado como WR23 em média, possui um trunfo gigantesco em seu currículo de 2021: da mesma forma como aconteceu com Alvin Kamara em 2020, foi capaz de, sozinho, decidir finais de fantasy football.

Afinal, foi exatamente na semana 17, na vitória dos Bengals contra os Chiefs, que Chase bateu o segundo dos recordes mencionados, ao somar inacreditáveis 266 jardas em 11 recepções, além de 3 touchdowns, suficientes para fazer com que terminasse com 55.6 pontos de fantasy, a maior marca do ano e a quinta maior de todos os tempos.

Se você foi vítima de Ja’Marr Chase na final do fantasy em 2021 – como foi o caso deste que vos escreve em uma de suas principais ligas –, o The Playoffs oferece-lhe as devidas condolências.

5. RB Austin Ekeler (Los Angeles Chargers)

Sólido do início ao fim, Ekeler confirmou as projeções mais otimistas em torno de seu nome antes de a temporada começar, trilhando uma temporada que o viu terminar como RB2 para o fantasy.

Beneficiado pela chegada de uma nova comissão técnica aos Chargers, o camisa 30 finalmente passou a ser utilizado em situações de goal line e, consequentemente, acumulou a estatística que lhe faltava: touchdowns. Seus 12 TDs em 2021 superaram em um terço a soma de todos os outros que tinha na carreira até então: apenas 9 em quatro temporadas.

Unindo tal circunstância à continuidade de sua ótima média de recepções e jardas por tentativa, o veterano foi capaz de atingir o teto que já havia mostrado que poderia ter. Draftado, em média, pouco depois de Jonathan Taylor, como RB10, logo no início do segundo round, Ekeler ficou apenas 0.5 ponto atrás do líder em pontos por jogo.

Como fator que o impediu de ser colocado um pouco acima nesta lista, surge a lesão que o afastou da semifinal do fantasy na semana 16. Se você se precaveu e utilizou Justin Jackson contra os Texans, não teve maiores problemas. Mas, se esse não foi o caso, o desfalque pode ter sido determinante.

6. RB/WR Cordarrelle Patterson (Atlanta Falcons)

A maior joia da waiver wire aparece na sexta posição do nosso top 10.

Tendo sido efetivamente draftado apenas nas mais profundas das ligas, o journeyman teve um inesperado breakout aos 30 anos de idade, depois de ter atuado, ao longo de suas outras 8 temporadas de NFL, basicamente como um especialista em retornar chutes.

Ainda mais versátil do que Deebo Samuel e inclusive elegível para ser escalado em mais de uma posição na maioria das plataformas, o camisa 84 terminou o ano como RB9 e WR20, superando, em muito, as expectativas e tornando Mike Davis, um dos jogadores mais polarizantes para o fantasy na época do draft, praticamente obsoleto.

Patterson certamente estaria melhor ranqueado não fosse sua queda de desempenho na reta final da temporada, especialmente quando as coisas se decidiram. Nos playoffs do fantasy, entre as semanas 15 e 17, falhou em ultrapassar os 9 pontos nas partidas contra San Francisco, Detroit e Buffalo.

Ainda assim, não há como deixar de mencioná-lo como um dos jogadores mais decisivos e valiosos para o game em 2021. Fica a curiosidade para ver se conseguirá fazer algo parecido na próxima temporada e como será avaliado pela comunidade do nosso jogo dentro do jogo, especialmente em drafts.

7. TE Mark Andrews (Baltimore Ravens)

O TE1 é o sétimo colocado da nossa lista.

Quebrando a sequência histórica de cinco temporadas de Travis Kelce na liderança do ranking de pontuação de fantasy entre tight ends, o camisa 89 se beneficiou muito da maior utilização que passou a ter em 2021.

Finalmente ultrapassando a marca dos 70% de snaps jogados, Andrews mais que dobrou o número de rotas percorridas em comparação aos seus outros anos como profissional: foram 623 nesta última temporada contra uma média de 306 nos outros três anos.

Tendo produzido recebendo passes tanto de Lamar Jackson, quanto de Tyler Huntley, o camisa 89 foi bastante consistente ao longo da temporada, ainda mais quando comparado aos demais jogadores da sua posição. Tendo sido escolhido como TE5 em média, no final da quarta rodada dos drafts de agosto e setembro, o veterano compensou bastante esse custo.

Com especial destaque para sua pontuação ao longo dos playoffs do fantasy, com 35.6, 26.5 e 14.9 pontos nas semanas 15, 16 e 17, Andrews foi o terceiro jogador com maior presença em elencos campeões.

8. WR Davante Adams (Green Bay Packers)

Apesar de não ter representado um grande custo-benefício, já que foi o jogador draftado na posição mais alta dentre os 10 aqui listados (WR1 e oitavo jogador fora do bordo), Adams, o WR2 ao final do ano, merece figurar no ranking por ter continuado a fornecer imensa confiabilidade em forma de pontuação e consistência para o nosso game.

Com nenhuma partida abaixo de 10 pontos e tendo perdido apenas um jogo por lesão, o melhor amigo de Aaron Rodgers (pelo menos dentro de campo) tem como cereja do bolo o fato de ter explodido na semifinal e final do fantasy, com duas performances de mais de 30 pontos nas semanas 16 e 17, o que fez com que fosse o quarto jogador mais presente em elencos que alcançaram o título.

9. WR Amon-Ra St. Brown (Detroit Lions)

Demorou e demorou bastante. Mas quando o rookie finalmente “estreou” na NFL, proporcionou recompensas absurdas para quem manteve a fé nele após tê-lo selecionado nos últimos rounds de draft ou, na maioria das vezes, foi perspicaz o suficiente para buscá-lo nas waivers ao longo do último terço da temporada.

Skill-position player que somou o maior número de pontos nos playoffs do fantasy, ficando atrás apenas de Joe Burrow dentre todos os jogadores, o calouro, somando jardas e TDs a rodo, tanto pelo ar, quanto pelo chão, escalonou incríveis 23.5, 26 e 35.4 pontos entre as semanas 15 e 17, na rota para ser o jogador que esteve no maior número de elencos campeões em 2021.

Tal feito – que sucedeu outros ótimos desempenhos iniciados na semana 13 e foi obtido com diferentes QBs a comandar o ataque dos Lions – é capaz de inclui-lo nesta lista, apesar de seu praticamente inexistente restante de temporada.

Diante de tudo isso – e relembrando o retorno de lesão de T.J. Hockenson –, é quase certo que o camisa 14 será um dos assuntos mais quentes e um dos jogadores mais polarizantes para o fantasy football em 2022.

10. WR Hunter Renfrow (Las Vegas Raiders)

Fechando o top 10, temos outro excelente custo-benefício em comparação à posição na qual foi draftado – o que ocorreu apenas em ligas profundas.

Tendo sido tirado da waiver wire na grande maioria das ligas, o terceiranista foi um dos jogadores mais consistentes para o fantasy em 2021, com apenas três pontuações de dígito único.

Flex com desempenho semanal de WR2 e geral de WR1, o camisa 13 terminou a temporada como o WR11 em ligas PPR e, tirando a semana 15, entregou sólidas performances no mata-mata do jogo dentro do jogo, com 13 pontos na semana 16 e ótimos 20.6 na derradeira semana 17.

MENÇÕES HONROSAS

– RB Leonard Fournette (TB): Ótimo custo-benefício em drafts, só ficou de fora do top 10 pela lesão que o afastou da maior parte dos playoffs do fantasy

– RB James Conner (ARI): Situação idêntica à de Fournette, mas com pontuação mais dependente de TDs

– RB Joe Mixon (CIN): Top 5 em pontuação total e por jogo entre corredores, manteve-se confiável ao longo de toda a temporada

– TE Dalton Schultz (DAL): TE3 em pontuação geral, foi encontrado nas waivers na grande maioria das ligas

– TE Rob Gronkowsi (TB): Rejuvenescendo em sua segunda temporada em Tampa Bay, terminou o ano como TE3 em pontuação por jogo – se não fossem as recorrentes lesões, teria entrado na lista principal

– WR Justin Jefferson (MIN): Com apenas um jogo abaixo dos 10 pontos PPR durante toda a temporada, o jovem continua sua ascensão meteórica na NFL

– WR Jaylen Waddle (MIA): Tendo quebrado o recorde de recepções em uma temporada dentre calouros na história da NFL, o camisa 17 produziu com ou sem Tua lhe passando a bola – bom o bastante para terminar a temporada como WR13

– RB Rashaad Penny (SEA): Antes tarde do que nunca, a escolha de primeira rodada dos Seahawks em 2018 apareceu do nada para conduzir muitos times ao título na retinha final de 2021, com três desempenhos de mais de 100 jardas e pelo menos 1 TD em quatro jogos

– RB Derrick Henry (TEN): Mantinha médias estatísticas excelentes até a infeliz lesão na semana 8. RB1 em pontos por jogo

– QB Josh Allen (BUF): QB1 pelo segundo ano consecutivo, Allen foi consistente ao longo da maior parte da temporada

– QB Joe Burrow (CIN): Assim como sua dupla dinâmica Ja’Marr Chase, entrou em erupção nos playoffs do fantasy, especificamente nas semanas 16 e 17, em que ultrapassou os 40 pontos de fantasy