‘Temos que mudar a maneira de se policiar nos EUA’, afirma o LB Demario Davis
Defensor dos Saints comenta sobre protestos em andamento em todo o país relacionados à morte de George Floyd
Os protestos civis acontecem por todo os EUA relacionados à morte de George Floyd e as ações de abuso e violência da polícia norte-americana contra pessoas negras. E nesta segunda-feira (1), em um momento cheio de dor, raiva, confusão e frustração em ebulição, foi a vez de um jogador da NFL articular em como todos podem avançar juntos em direção a um futuro melhor. Demario Davis, linebacker, capitão defensivo do New Orleans Saints e membro de destaque da Players Coalition, falou sobre os protestos.
Na opinião de Davis, o progresso começa com a homenagem a Floyd, um negro algemado e que clamou por ar ao não conseguir respirar enquanto um policial branco de Minneapolis estava ajoelhado em seu pescoço na semana passada. Esse abuso foi o estopim para uma série de movimentos em proteção ao povo negro que mostram a necessidade de mudanças urgentes no policiamento americano.
“Nós não podemos trazer justiça a essas famílias”, afirmou Davis durante aparição no programa NFL Now, da NFL Network. “A justiça seria trazer essas pessoas de volta e não podemos trazê-las de volta. A primeira coisa que podemos fazer é tentar honrar essas famílias. A maneira como honramos essas famílias, especificamente a família [George] Floyd, é garantir que todos os quatro oficiais sejam não apenas acusados e presos, mas condenados. Três dos policiais ainda não foram presos, mas 1.600 pessoas foram presas desde o início dos protestos. Isso é um problema e continua a varrer a questão que existe para baixo do tapete. Então temos que mudar a maneira como o policiamento é feito em nosso país”.
O jogador ainda utilizou os atentados terroristas de 11 de setembro para justificar que quando coisas extremas acontecem contra o povo dos EUA, uma mudança é mais do que necessária.
“Nós sabemos como responder às crises, sabemos como responder às tragédias. Basta pensar em 11 de setembro. O 11 de setembro mudou a maneira como fazemos os aeroportos. Você nunca mais entrará em um aeroporto e será o mesmo. Tudo foi alterado como uma forma de proteção. Nunca permitiríamos que essa situação acontecesse novamente em nosso país e é isso que precisamos fazer em torno do policiamento. Mude a maneira que policiamos para que esses incidentes não voltem à tona, porque toda vez que isso acontece, rasga os fios da América. E isso nos separa”.
Os protestos se desenrolaram em muitas das principais cidades americanas e, além disso, nos locais do país onde concentram-se a brutalidade policial e seus efeitos sobre civis inocentes. Especificamente minorias que perderam suas vidas pelas mãos do uso excessivo da força pelos policiais. E Demario Davis reiterou a importância de mudar os processos de contratação nos departamentos de polícia de todo o país, em um esforço para impedir o empoderamento das chamadas “maçãs podres”.
“Não podemos permitir maçãs podres nesta situação específica e nesta ocupação específica”, explicou Demario Davis. “Seria o mesmo se disséssemos que não há problema em ter algumas maçãs podres como pilotos. ‘A maioria dos nossos pilotos voa bem, mas alguns batem os aviões’ e não podemos ter isso. Algumas ocupações não podem se dar ao luxo de ter algumas maçãs podres e a de policial é uma delas”.
A Players Coalition, que divulgou uma declaração no Floyd neste fim de semana, foi criada pelos jogadores da NFL em um momento em que os protestos contra brutalidade policial eram uma questão importante e que ia além do campo de jogo e de um estádio da NFL. Embora os problemas continuem a existir em escala maior, o grupo trabalhou de uma forma pequena, ao enviar grupos de jogadores para viagens focadas na reforma da justiça social e focadas em aprender mais sobre esse cenário para melhorar seus esforços, por exemplo. Não foi apenas um tópico de tendência que se dissipou com o tempo nos vestiários da NFL, mas o último caso de um homem negro desarmado que perdeu a vida nas mãos de policiais trouxe novamente isso em questão.
“Esta não é uma conversa nova, especialmente entre a comunidade negra nos vestiários e para todos. A única coisa que quero dizer sobre os vestiários da NFL – eles são muito diversos e todos têm uma opinião sobre o que está acontecendo para tentar trabalhar em colaboração para encontrar soluções para o que está ocorrendo.E precisamos que isso que está acontecendo agora se reflita para o resto do mundo.
Demario Davis ainda comentou que para que essa situação mude, as coisas devem começar a partir de si. Ele está produzindo máscaras com as frases “Homem de Deus” ou “Mulher de Deus”, com o objetivo de direcionar todos os lucros para as famílias de George Floyd e Ahmaud Arbery – outro negro morto recentemente enquanto corria em seu bairro.
“Uma coisa é que sejam feitas palavras ou postagens, mas quais são suas ações. Quero fazer o mínimo possível. Eu sei que, ao lado da Players Coalition, encontraremos maneiras de mudar as leis de política em torno do policiamento em nosso país, mas individualmente o que posso fazer. Essa é uma maneira que eu queria fazer minha parte e ajudar a manter as pessoas seguras, porque se você quiser para protestar, você ainda precisa estar seguro e também de uma maneira que possa ajudar a família em quaisquer que sejam as necessidades deles durante esse período”.
O jogador da NFL é mais um dos atletas que buscam o melhor para a população negra americana em meio a tanta desigualdade social e abuso das autoridades contra as minorias. Na liga, nomes como o comissário Roger Goodell, Brian Flores – head coach do Miami Dolphins, os quarterbacks Patrick Mahomes e Joe Burrow foram alguns dos que se posicionaram publicamente contra a injustiça racial e assassinatos sem sentido nos EUA.
(Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL)