Russell Wilson sentiu-se frustrado com perda do MVP em 2020
Quarterback não concordou com mudanças no ataque do Seattle Seahawks; time também estava insatisfeito com o jogador
A troca de Russell Wilson para o Denver Broncos foi um final esperado em uma relação que se deteriorava cada vez mais com o Seattle Seahawks. Nesta quinta-feira (7), o jornalista da ESPN americana Brady Henderson revelou detalhes que levaram ao fim da passagem do quarterback pelo time.
Após o Super Bowl LV, Russell Wilson começou a expressar a crescente frustração com a franquia. Sofrendo com problemas de proteção, o quarterback também estava insatisfeito com o sistema ofensivo preferido por Pete Carroll e pelo, então, coordenador ofensivo Brian Schottenheimer, que davam preferência ao jogo terrestre.
No início da temporada de 2020, a comissão técnica decidiu aderir ao “Let Russ Cook” e deixou Wilson livre para lançar a bola. O resultado foi um início fulminante com cinco vitórias em cinco jogos, 19 touchdowns e apenas três interceptações, deixando o quarterback como favorito disparado ao prêmio de MVP. Entretanto, Wilson caiu de rendimento nos quatro jogos seguintes e teve a pior sequência de turnovers da carreira.
Carroll e Schottenheimer decidiram retomar ao esquema antigo, voltado primariamente ao jogo terrestre. Os Seahawks voltaram a vencer e se classificaram para os playoffs, no qual foram eliminados pelo Los Angeles Rams ainda na rodada de Wild Card. Wilson, que já estava insatisfeito com a equipe devido aos recorrentes problemas na linha ofensiva, sentiu-se ainda mais frustrado com a perda de um MVP que parecia garantido no início da temporada.
Por outro lado, a franquia de Seattle já vinha perdendo confiança no astro do time. A queda na mobilidade de Wilson com a idade, junto ao alto salário do quarterback, levavam os Seahawks a avaliar uma mudança na posição.
De acordo com fontes próximas à equipe, o general manager John Schneider tinha olhos para Patrick Mahomes em 2017. O executivo compareceu ao Pro Day de Texas Tech, e estava decidido a selecionar o QB caso ele estivesse disponível na seleção de primeira rodada dos Seahawks (27ª geral, posteriormente enviada ao Atlanta Falcons). No entanto, o Kansas City Chiefs subiu na ordem para garantir o futuro astro na décima escolha geral. Um ano depois, Schneider repetiu o processo com Josh Allen, mas viu o Buffalo Bills se antecipar e garantir o quarterback de Wyoming.
Os dois lados seguiram trocando acusações. Wilson tornou pública pela primeira vez a frustração com a linha ofensiva: os Seahawks tinham a pior nota de proteção de passes da NFL nos dez anos do quarterback com o time. Já os Seahawks argumentavam que o contrato do quarterback tornava investimentos inviáveis: nos anos do contrato de calouro de Wilson, o time esteve sempre entre as dez melhores linhas ofensivas da liga, oscilando entre quarto e nono lugares.
Além disso, o front office demonstrava cada vez menos confiança na capacidade de Wilson seguir como um quarterback de elite. Um dos integrantes da direção do time declarou, de forma anônima:
“Eu sinto que ele é um jogador em decadência. Será que ele conseguirá se tornar um pocket passer no final da carreira e ficar plantado, apenas aproveitando os checkdowns? Ele nunca fez isso, e posso te dizer que nunca conseguirá”.
Carroll, apesar das divergências com Wilson, era o maior opositor à troca do quarterback. No entanto, ao final da temporada de 2021, o head coach foi vencido nas discussões. Com Wilson deixando claro o desejo de sair de Seattle, o time entrou em negociações com o Denver Broncos. O fator decisivo foi o envolvimento de Drew Lock, quarterback preferido de Schneider, como retorno na troca. Russell Wilson também tinha Denver como destino favorito, o que facilitou a finalização do acordo.
E, assim, os Seahawks, que haviam recusado ofertas de New Orleans Saints, New York Giants e Washington Commanders, aceitaram enviar o franchise quarterback aos Broncos.
(Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL)