Roger Goodell diz não ter autoridade para remover Dan Snyder como proprietário dos Commanders
Comissário da NFL afirma não poder destituir dono da franquia de Washington mesmo com investigações do Congresso dos EUA
O comissário da NFL, Roger Goodell, diz que não tem autoridade para remover Dan Snyder como proprietário do Washington Commanders em meio às investigações sobre as condutas tóxicas no ambiente de trabalho da franquia e de assédio sexual generalizado por executivos da equipe, incluindo o próprio Snyder.
Goodell testemunhou nesta quarta-feira (22) perante membros do congresso do EUA em uma audiência do Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara. E, ao fim de mais de duas horas de depoimento, o comissário foi questionado pela congressista Rashida Tlaib, se ele e a liga estariam “dispostos a fazer mais” para punir o dono dos Commanders. Logo depois, foi perguntado se ele recomendaria a remoção de Snyder como proprietário do time: “Você vai removê-lo?”.
A resposta de Roger Goodell foi objetiva. “Não tenho autoridade para removê-lo, congressista”, afirmou o mandatário. Isso porque um proprietário da NFL só pode ser removido por uma maioria de três quartos (ou seja, 24 de 32) votos de outros proprietários da equipes da liga, embora Goodell tenha a capacidade de recomendar oficialmente esse voto.
Dan Snyder foi convidado a testemunhar diante do congresso, mas recusou falar com os parlamentares, citando compromissos de negócios no exterior e preocupações com o devido processo. A presidente do comitê, a congressista Carolyn Maloney, anunciou durante a audiência que planeja emitir uma intimação para obrigar Snyder a testemunhar.
“A NFL não quer ou não pode responsabilizar o Sr. Snyder”, afirmou Maloney. “É por isso que estou anunciando agora minha intenção de emitir uma intimação para o Sr. Snyder para um depoimento na próxima semana. O comitê não será dissuadido em sua investigação sobre o Washington Commanders”.
Roger Goodell disse ao comitê que a cultura da equipe se transformou como resultado de uma investigação liderada pela advogada Beth Wilkinson e que Snyder “foi responsabilizado”. Isso depois que Wilkinson apresentou suas descobertas a Goodell, no ano passado, e a NFL multou a equipe em US$ 10 milhões e Daniel Snyder se afastou de suas operações diárias na organização. No entanto, a liga não divulgou um relatório escrito das descobertas de Wilkinson, uma decisão que Goodell disse ter como objetivo proteger a privacidade de ex-funcionários que conversaram com os investigadores, mesmo com a solicitação do congresso.
O comitê divulgou as conclusões de sua investigação de oito meses antes do início da audiência desta quarta-feira (22), acusando Snyder de conduzir sua própria “investigação oculta”, que buscava desacreditar ex-funcionários, contratar investigadores particulares para intimidar testemunhas e usar um processo no exterior como pretexto para obter registros telefônicos e e-mails.
O memorando de 29 páginas alega que Dan Snyder tentou desacreditar as pessoas que o acusavam e outros executivos da equipe de má conduta e também tentou influenciar uma investigação da equipe conduzida para a NFL pela empresa de Wilkinson.
Quando perguntado sobre a suposta investigação “sombra”, Roger Goodell disse que “qualquer ação que desencorajaria as pessoas a se apresentar seria inapropriada”. E em um comunicado oficial, um porta-voz de Snyder caracterizou o relatório e a audiência como “um julgamento-espetáculo politicamente carregado” e disse que o congresso não deveria investigar “uma questão que a organização abordou anos atrás”.
As advogadas Lisa Banks e Debra Katz, que representam mais de 40 ex-funcionários da equipe, novamente pediram a Goodell que divulgasse o relatório da investigação de Wilkinson, dizendo que é “impressionante e desanimador” ouvi-lo dizer que Snyder foi responsabilizado.
“Hoje, o comitê divulgou um relatório condenatório demonstrando que Snyder e seus advogados também vigiaram e investigaram os denunciantes, seus advogados, testemunhas e jornalistas, e que Goodell conhecia e não fez nada para resolver”, comentaram Banks e Katz em comunicado.
O head coach dos Commanders, Ron Rivera, divulgou um comunicado na noite desta quarta-feira (22), que está longe do que aconteceu no passado da equipe.
“Essas investigações sobre questões inapropriadas no local de trabalho são anteriores ao meu emprego”, disse Rivera, que foi contratado em 2020. “Não posso mudar o passado, mas espero que nossos fãs, a NFL e o congresso possam ver que estamos fazendo tudo em nosso poder de nunca repetir esses problemas no local de trabalho. E saiba que nossos funcionários são respeitados, valorizados e podem ser ouvidos”.
Agora resta saber se Dan Snyder será intimado a depor diante do congresso, já que a liga e Roger Goodell parecem não querer mexer com o proprietário.
(Foto: Reprodução Twitter/ Around The NFL)