[PRÉVIA] Playoffs da NFL – Washington Football Team x Tampa Bay Buccaneers – NFC Wild Card
Washington chega aos playoffs com campanha negativa, mas com o título da NFC East, buscando surpreender os Buccaneers de Tom Brady
Não há forma melhor de começar um novo ano do que com o tão aguardado playoff da NFL. Na primeira parte do novo ‘Super Wild Card Weekend’, o Washington Football Team, campeão da NFC East, receberá em sua casa o Tampa Bay Buccaneers de Tom Brady. O jogo sem dúvidas oferece possibilidades intrigantes, mesmo com o amplo favoritismo dos Bucs.
Washington garantiu sua vaga na pós-temporada na última rodada da temporada regular com uma vitória fora de casa por 20 a 14 sobre os Eagles. De alguma forma (vai entender a NFC East…), o retrospecto de 7-9 em 2020 foi bom o suficiente para a equipe conquistar seu primeiro título de divisão desde 2015, que também foi a última vez que o time chegou aos playoffs. No entanto, o Football Team não tem nada a ver com a incompetência ou corpo mole de seus rivais e agora terá o privilégio de sediar o jogo dos playoffs na noite de sábado como quarto cabeça de chave da conferência.
Um feito impressionante para o time comandado por Ron Rivera, que venceu apenas três jogos na temporada passada e teve que superar tantas adversidades nesta temporada para se recuperar de um início de 2-7. Com ótimo suporte defensivo e um ataque que evoluiu de medíocre para mediano nas mãos do ‘Comeback Player of The Year’ Alex Smith, Washington não terá nada a perder enfrentando o todo poderoso Tom Brady e os Bucs.
Finalmente, após ‘apenas’ 13 anos e a adição do maior quarterback da história da NFL, o Tampa Bay Buccaneers conseguiu garantir uma vaga nos playoffs. De fato, os Bucs não conseguiram ganhar o título da divisão, o que havia se tornado um costume das equipes lideradas por Tom Brady (que saudade deve sentir o torcedor dos Patriots) ao longo dos anos. Mas eles foram capazes de chegar na pós-temporada como melhor classificado de Wild Card (5º cabeça de chave) com um ótimo recorde de 11-5, terminando o ano como vice-campeões da NFC Sul. O time de Bruce Arians também entra na pós-temporada aproveitando o ímpeto de uma sequência de quatro vitórias consecutivas. O time se baseia claramente na explosão ofensiva, passando longe de ter uma defesa de ‘elite’. Com tantas armas a seu dispor e com todo o tamanho de Brady nos playoffs, fica difícil não enxergar Tampa Bay com enorme favoritismo.
O jogo de sábado à noite marcará o 24º encontro de todos os tempos entre Washington e Tampa Bay. Na partida mais recente entre os times, em 2018, deu Washington por uma pontuação de 16 a 3, assumindo a liderança na ‘série de todos os tempos’, com 12 triunfos contra 11 derrotas. As duas equipes se enfrentaram apenas duas vezes na pós-temporada (2000 e 2006). No primeiro duelo, os Bucs levaram a melhor, vencendo por apenas um ponto (14 a 13) no round divisional. Já seis anos depois, Washington triunfou por 17 a 10 na rodada de Wild Card.
(Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL)
WASHINGTON FOOTBALL TEAM
O ano de 2020 marcou diversas mudanças em Washington. Primeiramente, o técnico Ron Rivera assumiu o comando da equipe. Posteriormente, o time realizou uma mudança histórica, abandonando o seu apelido de ‘Redskins’, alcunha que acompanhava a equipe desde 1932. A troca para simplesmente ‘Football Team’ ocorreu na intertemporada, em meio aos protestos contra o assassinato de George Floyd. O primeiro jogo com novo nome e novo comando surpreendeu positivamente os torcedores, já que Washington conquistou um grande triunfo de virada sobre os Eagles. No entanto, o que viria posteriormente seriam sete derrotas em oito jogos, colocando o elenco do treinador Rivera em uma situação quase impossível de classificação para os playoffs.
Na última destas derrotas, o mais improvável de tudo aconteceu: Alex Smith, que quase perdeu sua vida após uma terrível contusão na perna, voltou aos gramados como titular (após entrar na semana 9 como substituto de Kyle Allen, também saindo por lesão grave). Em seu primeiro jogo como titular, Smith, apoiado por ótimas performances de J.D. McKissic e Antonio Gibson, quase conquistou uma absurda virada após estar perdendo por 24 a 3 para os Lions. Mesmo derrotado, Washington parecia ter algo diferente com o camisa 11 no comando do ataque. Na sequência, o time engatou quatro vitórias importantíssimas e se colocou na briga pelos playoffs.
Dois desses triunfos foram enormes. Primeiramente, na rodada de Thanksgiving, uma surra por 41 a 16 sobre o Dallas Cowboys. Neste encontro, Antonio Gibson se tornou o primeiro novato desde Randy Moss a anotar três touchdowns no dia de ‘Ação de Graças’. Com Smith titular, as peças habilidosas do ataque começavam a brilhar. Logan Thomas, um dos tight ends mais subestimados da NFL no ano, se tornava cada vez mais importante, aproveitando espaços criados pelo brilhante WR Terry McLaurin. Gibson e McKissic ofereciam cada vez mais perigo aos adversários, se provando uma dupla eficaz em todas as fases do jogo. Na defesa, Montez Sweat e o novato Chase Young se tornavam estrelas do esporte semana após semana, aterrorizando os QBs adversários e representado a alma do grupo defensivo de Washington.
Improvável ia se tornando cada vez uma palavra menos expressiva em Washington. E assim, a equipe superou o invicto Pittsburgh Steelers na semana 13. Após superar os 49ers na sequência, a equipe perdeu Alex Smith, que lesionou sua panturrilha. Duas derrotas vieram nas mãos de Dwayne Haskins, escolha de primeiro round do time no ano passado que, posteriormente, foi cortado do elenco. No último Sunday Night Football do ano, Washington superou os Eagles novamente, desta vez por 20 a 14, em jogo polêmico pelas escolhas do treinador adversário Doug Pederson. Problema dos outros, não do ‘Football Team’, que com um recorde final de 7–9, se tornou apenas o terceiro time na história da liga a vencer sua divisão com um recorde de derrotas. Anteriormente, o Seattle Seahawks de 2010 e o Carolina Panthers de 2014, um time que também foi treinado por Rivera, conseguiram a façanha. Eles também se tornaram o primeiro time na história da NFL a garantir uma vaga no playoff após começar a temporada com 2-7.
(Foto: Elijah Walter Griffin Sr./Washington Football Team/divulgação)
TAMPA BAY BUCCANEERS
Feliz ano novo, Tom Brady! Olha que presentão pra você, mais uma aparição nos playoffs! O camisa 12 chocou o mundo em março, quando deixou o New England Patriots após 20 longos anos e assinou com o Tampa Bay Buccaneers. O GM Jason Licht foi atrás de tudo que sua franquia precisava para voltar aos playoffs após 13 anos e, se a meta inicial era jogar além da semana 17, ele fez um bom trabalho. Porém, todos sabem que com Brady nos momentos finais de sua fenomenal carreira, o objetivo principal é o Super Bowl, algo que ele sabe muito bem como alcançar e triunfar.
A equipe explosiva comandada pelo treinador Bruce Arians, um guru ofensivo, começou o ano com um baque enorme, uma derrota feia para os Saints. Instantaneamente, começaram os questionamentos. Valia a pena todo o investimento? Como fez por sua carreira inteira, Brady calou os críticos. Nos próximos sete jogos, seis triunfos. O ‘GOAT’ aumentou seu entrosamento e química semanalmente com suas espetaculares armas ofensivas. E que armas… Mike Evans (que se tornou o primeiro WR da história a alcançar 1.000 jardas ou mais em cada uma de suas primeiras sete temporadas), Chris Godwin, Rob Gronkowski, até Antonio Brown voltou para a liga e se provou ainda capaz de aterrorizar defesas.
Tudo parecia caminhar perfeitamente até o segundo encontro do ano contra Drew Brees. A derrota feia da abertura de temporada parecia fichinha perto da surra de 38 a 3 que os Bucs sofreram. Discutivelmente, Brady fez o pior jogo de sua carreira. Com duas derrotas por três pontos para Rams e Chiefs, Tampa Bay chegava ao retrospecto de 7-5, o questionamento do início da temporada se intensificava e a equipe parecia não saber ‘fechar’ jogos apertados, algo inédito na carreira do camisa 12.
Então, mais uma vez, os Buccaneers responderam da melhor forma possível. Após uma semana de folga, a equipe encerrou o ano em ótima fase, com quatro vitórias consecutivas. Além disso, o tão temido ataque finalmente alcançou algo próximo do pico de sua produção, com todos os grandes alvos de Brady entrando em sintonia perfeita com o QB. Atrás de uma das melhores linhas ofensivas da NFL, o seis vezes campeão do Super Bowl atingiu os melhores números de sua carreira desde a mágica temporada de 2007. Aos 43 anos, ele provou ainda ser capaz de liderar uma equipe aos playoffs e de produzir em nível elite. No lado defensivo do jogo, Tampa Bay apresenta muitas inconsistências e um grupo longe de ser extremamente confiável. Mesmo com tais dúvidas, o front-seven liderado por Lavonte David, Jason Pierre-Paul e Shaquil Barrett coloca medo em qualquer adversário. O grande problema está mesmo na consistência da secundária.
(Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL)
O JOGO
Falando primeiro dos grandes ‘azarões’ deste duelo, o time de Washington vem sofrendo com sua cota de problemas nas últimas semanas, problemas amplamente relacionado a lesões. Os três principais nomes ofensivos da equipe, Alex Smith, Antonio Gibson e Terry McLaurin, não devem estar 100% para o duelo de sábado. Ainda assim, é provável que todos os três joguem toda a partida. O treinador Ron Rivera inclusive levantou a possibilidade de ‘rotacionar’ Smith com seu backup, Taylor Heinicke.
O camisa 11 não vem sendo capaz de se deslocar efetivamente no pocket ou colocar muita força em seus passes, e isso deve ser um problema contra a defesa de Tampa Bay. Os Buccaneers têm um dos melhores grupos de pass-rush da NFL e seu coordenador defensivo, Todd Bowles, ama mandar blitzes. Com os problemas de mobilidade de Smith, os Bucs têm uma vantagem significativa nesta área e podem acumular sacks e pressões no QB de Washington. Além disso, mesmo com o bom potencial de Gibson no jogo terrestre, é difícil imaginar um mundo em que o novato ‘resolva a parada’ contra a melhor defesa terrestre da NFL (Tampa Bay cedeu apenas 80,9 jardas corridas por jogo no ano). Espere muitos screens, jogadas rápidas, curtas e ocasionais passes profundos para McLaurin, que precisará encontrar espaços em rotas longas, mesmo lesionado, contra Carlton Davis.
Do outro lado, os Bucs não sairão do seu ‘feijão com arroz’ e devem bombardear a secundária de WFT com passes durante toda a noite. Mike Evans, Chris Godwin e Antonio Brown formam possivelmente o grupo de wide receivers mais formidável da liga e, embora Kendall Fuller e Ronald Darby tenham jogado bem este ano, eles devem sofrer para conter efetivamente todos os três playmakers. O camisa 13, porém, lesionou seu joelho na última rodada da temporada e é duvida para o duelo. Se ele não jogar, Godwin e Brown serão o grande foco do ataque e buscarão queimar a defesa adversária com sua velocidade e agilidade nas rotas. Também existe a ameaça de Rob Gronkowski. O futuro tight end do Hall da Fama não é mais o jogador que já foi no passado, mas ainda é uma presença física e habilidosa que oferece grande ameaça na red zone.
Contra o maior QB da história, Washington pode ter uma carta na manga, algo que incomoda Tom Brady por toda sua carreira. Esse ‘algo’ é o pass-rush letal que o front-four da equipe apresenta. Brady pode ser o maior de todos os tempos, mas quando está sob pressão implacável de quatro jogadores, ele tem problemas. Foi assim que o ataque dos Patriots caiu por terra em suas duas derrotas no Super Bowl para os Giants.
Brady sofreu constantemente com a pressão no pocket, principalmente interiormente – o que impossibilita que ele se livre avançando por dentro do pocket -, e isso atrapalhou o ritmo da equipe neste ano. Chase Young e seus companheiros estão com sede de sangue e buscarão colocar os seus nomes na história neste duelo de Davi contra Golias.
QUEM PODE DECIDIR
Chase Young/Montez Sweat (Washington): Washington é uma equipe construída para exercer pressão com apenas quatro jogadores. Chase Young e Montez Sweat, nos EDGE, devem causar estragos e problemas para a OL dos Bucs com sua capacidade atlética insana. Além deles, Jonathan Allen e Daron Payne são extremamente capazes de gerarem incômodo no interior da linha também.
Terry McLaurin (Washington): McLaurin pode não estar em sua melhor forma física, mas a equipe vai precisar dele para ‘esticar’ o campo contra o jovem grupo de cornerbacks de Tampa Bay. Carlton Davis provavelmente enfrentará McLaurin se retornar de uma lesão na virilha para este jogo. Se não, ele pode enfrentar Jamel Dean. De qualquer forma, McLaurin precisa vencer qualquer um dos produtos da Universidade de Auburn para criar alguma big play em algum ponto do jogo. Se ele tiver sucesso, isso abrirá mais oportunidades para Cam Sims e Logan Thomas realizarem suas jogadas e encontrarem espaços com mais facilidade.
Tom Brady (Buccaneers): Não tem como ‘TB12’ não ser um ponto chave do jogo. Em janeiro sua produção parece sempre crescer, sempre nos momentos decisivos. Com um arsenal insano de recebedores e uma linha ofensiva poderosa, dependerá de seu braço direito o andamento do ataque dos Bucs no encontro. Após uma das melhores temporadas de sua carreira, Brady chega com tudo na busca pelo seu sétimo anel de Super Bowl.
Jason Pierre-Paul/Shaq Barrett (Buccaneers): Durante o ano, a dupla de pass-rushers dos Bucs colecionou um total de 17,5 sacks. Com a mobilidade prejudicada de Smith, além de seus recentes problemas de contusão, JPP e Barrett podem causar problemas do apito inicial ao apito final da partida e talvez até serem responsáveis por uma possível retirada de Smith da partida. Barrett é dúvida para o duelo, precisando passar pelos protocolos de COVID-19 após contrair o coronavírus.
(Foto: Twitter Washington Football Team e Reprodução Twitter/Tampa Bay Buccaneers)
PALPITE: Tampa Bay Buccaneers
A defesa de Washington é uma ameaça legítima e capaz de causar grandes problemas para Tom Brady. No entanto, é quase impossível imaginar que o grupo consiga anular o ataque dos Bucs durante toda a noite. Também é seguro presumir que um ataque de Washington em dificuldades não causará muito dano contra uma defesa de Tampa Bay que deve atormentar um Alex Smith baqueado.
A defesa de Washington manterá o time da casa na briga e até pode causar uma zebra, mas no final das contas, o time de Ron Rivera simplesmente não tem poder de fogo ofensivo suficiente. Tampa Bay vence um jogo muito mais duro do que o imaginado e segue para o Round Divisional dos playoffs.
SOBRE O JOGO:
Dia: 09/01/2021
Horário: 22h15, horário de Brasília
Local: Fedex Field em Landover, Maryland
Transmissão para o Brasil: ESPN, Watch ESPN