[PRÉVIA] Playoffs da NFL: Green Bay Packers x Tampa Bay Buccaneers – Final NFC
Em jogo com dois dos melhores quarterbacks que já jogaram na NFL, Rodgers e Brady se enfrentam pela primeira vez nos playoffs justo na decisão da NFC
O Green Bay Packers e o Tampa Bay Buccaneers lutarão pelo direito de representar a National Football Conference no Super Bowl LV, no Raymond James Stadium, em Tampa, casa justamente do time liderado pelo head coach Bruce Arians e o quarterback Tom Brady. Mas para que a franquia da Flórida possa decidir em seus domínios, vai ter o árduo trabalho de bater o melhor time da conferência na temporada de 2020 da liga: os Packers. E isso em pleno Lambeau Field, no frio de Green Bay.
O vencedor do NFC Championship Game deste domingo, 24, enfrentará ou Kansas City Chiefs ou o Buffalo Bills no dia 7 de fevereiro. Times que têm jovens quarterbacks – Patrick Mahomes e Josh Allen – que sonham em escrever a história que têm os futuros Hall da Fama Thomas Edward Patrick Brady, Jr. e Aaron Charles Rodgers. Dois dos maiores jogadores que já pisaram em um campo de futebol americano na história e que vestem a camisa 12.
Rodgers é o melhor jogador da atual temporada da NFL e é o favorito para levar o prêmio de MVP da liga – sendo o terceiro de sua carreira. Ele se encontra melhor do que nunca na carreira para jogar pelo título da Conferência Nacional e diminuir o recorde de 1-3 nos quatro confrontos que disputou por uma vaga no Super Bowl – o único triunfo válido pela temporada de 2010. A-Rod busca levantar o Lombardi Trophy pela segunda vez em sua carreira, já que foi campeão e MVP do Super Bowl XLV, contra o Pittsburgh Steelers.
Matt LaFleur e seus comandados têm em Aaron Rodgers uma liderança ao nível de Leônidas e seus 300 espartanos. O time foi duramente criticado na offseason por não municiar seu QB via Draft e não trazer opções na free agency. Muito(!) do mérito da franquia estar onde está hoje se baseia no exemplo e no dinamismo que o jogador de 37 anos traz para todos os seus companheiros de ataque, como Davante Adams – melhor wide receiver da temporada – e Aaron Jones, para mover as correntes, fora inflamar o trabalho da sua unidade defensiva para exercer o seu melhor, mesmo com suas deficiências e chegar no SB 10 anos depois da sua primeira conquista.
Já Brady está disputando seu 14º jogo por um título da conferência. O seu primeiro na NFC logo na sua temporada de estreia pelos Bucs depois de 13 aparições AFC Championship Game com os Patriots. Isso só mostra que ele foi para Tampa para vencer e conquistar o seu sétimo anel do Super Bowl na edição 55 da decisão. E isso mostra sem dúvidas como o projeto da franquia para voltar ao topo da NFL passa por um vencedor natural como Brady e que tira de vez o rótulo do camisa 12 de ser um jogador de sistema.
Os Buccaneers também estão tentando obter a glória ao adicionar peças pontuais em seu ataque e ter uma defesa confiável na hora de executar o seu trabalho com êxito. Mesmo tendo alguns apagões contra Washington no wild card, contra os Saints a unidade buscou seus méritos ao interceptar Drew Brees três vezes e limitar o signal caller a anotar somente um touchdown.
A revanche da semana 6 da temporada regular vencida por Tampa Bay por 38 a 10 vem em um momento único e derradeiro. Rodgers luta para disputar o seu segundo Super Bowl na carreira e levar mais um título para Green Bay. Brady tenta jogar a sua nona decisão da NFL em 21 anos para tentar se isolar no panteão da liga. Um jogo que promete do início ao fim.
(Foto: Reprodução Site/Tampa Bay Buccaneers)
GREEN BAY PACKERS
A temporada de 2020 foi uma verdadeira explosão para Aaron Rodgers em seu caminho para o que, provavelmente, será seu terceiro MVP. Depois ter um rating de 97.2 por conta de sua lesão em 2017, 97.6 em seu último ano sob o comando de Mike McCarthy, em 2018 e 95.4 em seu primeiro ano sob a tutela de Matt LaFleur (2019), o camisa 12 chegou à marca de 121.5 em 2020 – o segundo melhor na carreira, somente atrás de seus 122.5 em 2011 -, ele é o líder de uma campanha digna de Super Bowl para os Packers neste ano.
Rodgers lançou 48 passes para touchdown depois de 51 combinados em suas duas últimas temporadas. E ele se tornou o segundo quarterback em 80 anos a liderar a liga em porcentagem de conclusão, porcentagem de touchdowns e porcentagem de interceptações. Finalmente, ele teve um rating maior que 107 em 15 de suas 17 partidas ao longo de 2020. Claro que uma das exceções foi contra Tampa Bay. Nesse jogo ele teve o segundo menor rating e a terceira menor porcentagem de conclusão de sua carreira, mas vem para mudar essa história na hora “H”.
O seu corpo recebedores tem um jogador para cada função necessária. É liderado, é claro, por Davante Adams, que estabeleceu um recorde da franquia com 115 recepções e empatou em terceiro na história da NFL com 18 touchdowns. Mesmo não sendo o mais alto ou o mais rápido da posição na liga, ele se faz presente em campo de outra forma. Adams é o melhor corredor de rotas de toda a liga e tem uma sincronia incrível com o seu playcaller para vencer as defesas em jogadas curtas, longas e intermediárias.
Allen Lazard faz o trabalho sujo, mas surpreendeu os Saints e os Rams com sua habilidade de ir até o fim nas rotas profundas para converter as big plays. Já Marquez Valdes-Scantling, que jogou seus jogos universitários no Raymond James Stadium, é um dos jogadores mais rápidos da NFL. Mesmo tendo sérios problemas com drops, sempre é uma ameaça e parece que tem um TD dele próximo de acontecer. Sem falar no tight end Robert Tonyan, que teve 52 recepções e marcou 11 touchdowns no melhor ano da sua carreira. Grande parte dessa produção veio do seu trabalho tanto com A-Rod quanto com a melhora nos seus bloqueios.
A linha ofensiva foi surpreendentemente fantástica ao longo do ano. Rodgers foi sacado 20 vezes nesta temporada, e ele é culpado por provavelmente um quarto deles. Mesmo com o all-pro left tackle David Bakhtiari fora da temporada ao romper o ligamento cruzado anterior do joelho, a OL dominou a linha defensiva e a pressão vinda das defesas dos Bears e dos Rams nas últimas duas partidas. Billy Turner, que foi uma bela adição como right guard, teve um desempenho admirável como substituto de Bakhtiari no lado esquerdo. O center Corey Linsley foi nomeado all-pro e o guard esquerdo de segundo ano Elgton Jenkins foi para o Pro Bowl. Ambos os jogadores ficaram em segundo lugar em sua posição na métrica de proteção de passes do ProFootball Focus. No entanto, para fechar o círculo de bons resultados contra os rivais, esse grupo tem que dominar a defesa dos Bucs, que conseguiu cinco sacks quando enfrentou o rival da final da NFC anteriormente. Essa batalha pode decidir o jogo.
Pela defesa, melhorar na contenção do jogo terrestre, que tem sido o calcanhar de Aquiles da unidade coordenada por Mike Pettine há um bom tempo e pressionar Brady é essencial para que Green Bay não dependa apenas do seu ataque mover as correntes para que o time pontue. Capitalizar em cima de boas jogadas defensivas pode ser essencial nesse embate.
(Foto: Reprodução Site/Green Bay Packers)
TAMPA BAY BUCCANEERS
Pela primeira vez nos playoffs desde 2007, o Tampa Bay Buccaneers segue o sonho de disputar – e vencer – um Super Bowl e em casa. Muito passa pela nova mentalidade do time depois de trazer Tom Brady para ser um verdadeiro líder do elenco.
Contudo, enquanto os Bucs são elogiados por sua habilidade de mover a bola, mas o time erra um pouco quando se trata de desacelerar o adversário. A unidade defensiva pode encerrar qualquer jogo terrestre que enfrente e está repleta de playmakers – Devin White, Lavonte David, Jason Pierre-Paul e Carlton Davis III estabeleceram o tom durante todo o ano -, mas tem lutado contra o tempo de jogo aéreo e cedido muito terreno quando se trata disso.
Davis tem sido uma força a ser reconhecida na cobertura homem a homem, mas o restante do secundária às vezes joga fora da cobertura no segundo nível e luta com o tempo de reação em RPOs (Run Pass Options) e outros conceitos de passes. Drew Brees, Teddy Bridgewater, Jared Goff e Patrick Mahomes uniram fortes performances com uma abordagem semelhante durante o meio da temporada, o que deixou os Bucs rendidos a um recorde em 1-3 durante tal período de jogos. Bridgewater começou com 13 de 13 para 126 jardas e dois touchdowns na semana 10, Goff completou 84% de suas 25 tentativas de lançamentos no primeiro tempo e Mahomes conectou com Tyreek Hill por 203 jardas no primeiro quarto durante essas disputas, por exemplo. E também temos Taylor Heinicke, que fez a mesma coisa na rodada do wild card dos playoffs, lançando 306 jardas em seu segundo jogo como titular na carreira.
O confronto de domingo terá como ponto decisivo para Tampa Bay a necessidade de somar pontos, fazendo o possível para permanecer disciplinado contra jogadas aéreas e impedir que Aaron Rodgers seja criativo fora do pocket. Nas últimas semanas, uma explosão criada pelo poder de fogo ofensivo encobriu os problemas defensivos dos Buccaneers e até mesmo levou a unidade a ter um jogo melhor. No entanto, um quarterback com o calibre de Aaron Rodgers e um ataque aéreo rápido e estratégico pode expor as deficiências do Tampa Bay neste ano, e os Packers certamente são capazes de tirar vantagem disso. Por isso o pass rush será de extrema importância para forçar passes rápidos do QB adversário e o retorno de Vita Vea vem no momento certo.
Para isso, Brady terá que usar suas armas no jogo aéreo como Mike Evans, Chris Godwin e, quem sabe, Rob Grokowski. Antonio Brown, que poderia ajudar a marcar pontos, como tem feito nos últimos jogos, está fora por conta de uma lesão no joelho, mas a distribuição da bola entre os recebedores junto com as oportunidades criadas por Leonard Fournette tanto por terra quanto recebendo pode ser o que a franquia precisa para ir ao Super Bowl pela primeira vez desde SB XXXVII, em fevereiro de 2003, quando se sagrou campeã em cima do Oakland Raiders.
O JOGO
Ambas as equipes já se enfrentaram nesta temporada da NFL. Depois de chegar a uma vantagem de 10 a 0 no começo do embate, os Packers se perderam e permitiram que duas interceptações sofridas por Aaron Rodgers mudassem completamente o jogo. Os Buccaneers marcaram 28 pontos no segundo quarto, incluindo sete após uma pick-six de Jamel Dean e mais 14 em dois passes para touchdowns tardios de Tom Brady na terceira descida. Tampa Bay conteve Green Bay no segundo tempo e terminou com 38 sem resposta. Os Packers permitiram cinco sacks e ganharam apenas 201 jardas no total de ataque, enquanto os Bucs não tiveram um problemas, penalidade ou permissão de sack.
No entanto, essa partida é diferente. Não é no calor do outono no Raymond James Stadium. É na frozen tundra do Lambeau Field, que mesmo sem muita torcida, traz uma vantagem ao time que ainda parece ter que provar algo. Um quarterback que quer mais que um título de MVP. Uma linha ofensiva que quer apagar um péssimo desempenho da semana 6 e uma defesa que precisa ser mais para ajudar no ataque.
O duelo de dois dos grandes da NFL que são vencedores natos e que quebram recordes a cada temporada. Rodgers versus Brady nunca será só um jogo e esse é um daqueles que promete emoção ao fim. Duelo fantástico e somente com a certeza que apenas um camisa 12 irá se preparar para o Super Bowl LV.
QUEM PODE DECIDIR
Aaron Rodgers (Packers): Todos sabemos os motivos de A-Rod ser o jogador mais decisivo da final da NFC. Ele deve dar o tom em todo o confronto e se credenciou a isso ao longo do ano.
Explorar a defesa dos Bucs de uma forma melhor que na semana 6, quando foi interceptado duas vezes, não marcou nenhum TD e ainda foi ao chão quatro vezes é a melhor resposta para quem tem feito uma temporada de um verdadeiro campeão.
(Foto: Reprodução Site/Green Bay Packers)
Davante Adams (Packers): O melhor recebedor da NFL deverá fazer estrago na secundária dos Bucs. Adams está em um momento em que pegou 115 passes para 1.374 jardas e 18 TDs durante a temporada regular. Depois de jogar tão bem contra a forte marcação de Jalen Ramsey e abrir bons espaços para os seus companheiros, parece que o matchup contra Tampa Bay se encaixa ainda melhor no seu jogo.
Tom Brady (Buccaneers): Difícil dizer que alguém tenha mais experiência nesta situação do que Brady. Com essa, são 14 decisões de conferência e com um time totalmente montado para dar ele a chance de colocar o sétimo anel em suas mãos. O cenário parece perfeito tanto para o veterano quanto para a franquia da Flórida. Disputar o Super Bowl no Raymond James Stadium com Brady liderando a equipe é algo que nenhum torcedor dos Buccaneers sonhou antes de Tom Brady assinar contrato. Agora parece que Brady tem todas as armas para calar os poucos críticos a ele que ainda restam.
Devin White (Buccaneers): White é de longe um dos melhores linebackers da NFL. Ele é um dos pilares do front seven coordenado por Todd Bowles e uma peça fundamental se Tampa Bay quiser conter tanto Aaron Rodgers quanto o jogo corrido dos Packers.
Contra Green Bay durante a temporada regular foram dez tackles e um sack em uma partida na qual a defesa dos Bucs dominou as ações contra o forte ataque adversário. Essa parece ser mais uma oportunidade para o defensor provar o seu valor, para que sua unidade deixe de ser oscilante e passe a tranquilidade que seus companheiros de ataque precisam.
(Foto: Reprodução Site/Tampa Bay Buccaneers)
PALPITE: Green Bay Packers
Este jogo será um clássico Brady x Rodgers que todos merecem curtir e apreciar em um duelo que tem tudo para ser épico. O resultado dependerá do time que tiver a bola por último. Quando Brady está envolvido em jogos como esses e jogando bem assim, é difícil ir contra o GOAT que conquistou seis anéis, foi a nove SBs e 14 finais de conferência. Porém, mesmo assim, apostar contra Rodgers prestes a conquistar seu terceiro prêmio de MVP jogando no Lambeau Field e manter a sina de uma franquia não conseguir disputar um Super Bowl em casa me parece o ideal.
O confronto parece ser aqueles que as chances são iguais a de um cara ou coroa, mas depois de ver Aaron Rodgers sorrindo ao fazer a leitura da defesa dos Rams (melhor unidade da NFL na temporada) no Divisional Round, não passa pela minha cabaça não acreditar que o camisa 12 dos Packers venha para o crime e concretize mais um degrau rumo ao título.
Com dez encontros ao longo da história, Green Bay e Tampa Bay ganharam cinco cada um.
SOBRE O JOGO
Dia: 24/01/2021, domingo
Horário: 17h05, horário de Brasília
Local: Lambeau Field, em Green Bay (Wisconsin)
Transmissão para o Brasil: ESPN e Watch ESPN