[PRÉVIA] Playoffs da NFL: Cincinnati Bengals @ Tennessee Titans
Após a primeira vitória em mais de 30 anos na pós-temporada, os Bengals encaram o melhor time da fase regular na AFC
Neste sábado (22), a AFC conhecerá seu primeiro finalista. O Cincinnati Bengals viaja até Nashville para enfrentar o Tennessee Titans, que estará reforçado pelo retorno de Derrick Henry, melhor running back da NFL. De um lado, a empolgação de obter a primeira vitória em playoffs depois de mais de 30 anos. Do outro, a solidez da melhor campanha da conferência com o retorno de seu melhor jogador.
Ambas as equipes chegaram à pós-temporada como donas de suas divisões, tendo como marca vitórias expressivas contra os rivais diretos. O time de Zac Taylor atropelou Baltimore e Pittsburgh, enquanto Tennessee de Mike Vrabel praticamente resolveu sua vida ao bater duas vezes os Colts.
Além disto, algumas inconsistências tiveram que ser resolvidas, dando respaldo ao trabalho de dois jovens treinadores. Enquanto os Bengals precisaram adaptar seu jogo, utilizando passes mais curtos e abusando das corridas de Mixon, por conta da OL frágil, a equipe de Vrabel mudou a forma de pressionar o QB adversário para evitar muito tempo livre contra uma secundária questionável.
Ao considerarmos o período em que jogavam como “Oilers”, há uma leve vantagem histórica para os Titans no confronto direto: 40-35-1. As equipes disputaram apenas um jogo de pós-temporada, vencido por 41 a 16 pelos Bengals, justamente a última vitória em playoffs da equipe até o último sábado.
(Fotos: Reprodução Twitter / Around The NFL)
TENNESSEE TITANS
A cidade da música recebe o primeiro jogo da equipe na pós-temporada, após uma semana de descanso pela melhor campanha da conferência. O time passou por muitos problemas até derrubar equipes consideradas melhores e se firmar no topo da AFC.
Além da lesão de Derrick Henry, o ataque dos Titans teve de enfrentar a ausência de seus dois melhores recebedores por alguns jogos – AJ Brown e Julio Jones. Mesmo desfalcados, foram capazes de derrubar Buffalo Bills, Kansas City Chiefs e Los Angeles Rams, o que deu suporte para encarar a difícil temporada e confiar nas capacidades de Tannehill e da defesa na busca pelo Vince Lombardi.
O ataque vem completo pela primeira vez em muitos meses e deve seguir a fórmula que todos já conhecemos: Henry volta e atrai a atenção para o backfield, o que permite mais jogadas de play action para, principalmente, AJ Brown. Assim, o time avança com consistência, controla o relógio e força o ataque adversário a tomar riscos mais frequentes.
A defesa se mostrou muito forte com base numa linha defensiva pouco reconhecida, mas muito efetiva. A qualidade do setor é tão alta que conseguiu parar o dinâmico Josh Allen numa 4 pra 1 e garantir uma importante vitória. Com isto, a vida da secundária fica mais fácil, e o time consegue atingir feitos incríveis como ceder apenas três pontos para Patrick Mahomes.
(Foto: Reprodução Twitter/Around the NFL)
CINCINNATI BENGALS
Após vencer a pressão, o jovem grupo dos Bengals deve chegar mais tranquilo para o próximo duelo. Apesar do favoritismo dos Titans, não entenda que esta equipe está passeando em Nashville, pelo contrário, tem boas chances de chegar na final.
O ataque não foi brilhante contra os Raiders, mas conseguiu ser efetivo em tirar a melhor característica da defesa adversária – pressão. Com um game plan inteligente, souberam aproveitar as chances, avançar no campo e fazer pontos o suficiente para sair com a vitória. Contra uma equipe melhor, contudo, transformar bons drives em touchdown (ao invés de vários field goals) será necessário para a vitória.
A defesa, por sua vez, conseguiu roubar a bola duas vezes, cedeu apenas um TD e comandou a vitória. Com marcações muito próximas e Hendrickson inspirado antes da concussão, a unidade foi muito sólida e conseguiu evitar big plays de um ataque que se destacou nisto ao longo do ano. Agora, a missão é foca no backfield e não esquecer o ótimo WR1 do adversário.
A grande pressão foi superada, mas isso não significa calmaria. A equipe será pressionada todos os anos por ter um franchise QB, quase que com uma obrigação de, em algum momento, ganhar um Super Bowl. Joe Burrow terá de assumir o time, mantendo a solidez da última semana e, para sair com a vitória, adicionar uma dose ou outra de brilhantismo.
(Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL)
O JOGO
A partida parece ser muito disputada, e tem elementos capazes de decidir em ambas as equipes. Independente do resultado, acredito ser difícil mais um jogo de um time só, como foi na maioria das partidas de Wild Card. A grande questão é a forma como os Titans irão atacar com o retorno do “The King”.
Não é segredo que a equipe espera mais uma partida acima da 150 jardas de Henry, mas, em outros anos, bons game plans lotaram o box defensivo, impedindo o RB de avançar e forçando Tannehill a ter que resolver com o braço (o que varia bastante, tem dias que é bom, outros é um desastre). A verdade é que os Titans vão tentar jogar simples: jogo corrido e defesa agressiva. Old School Football.
Os Bengals, por sua vez, tem um arsenal muito interessante e variado. Nos (poucos) jogos em que Ja’Marr Chase foi bem marcado, Tyler Boyd, Tee Higgins e C.J Uzomah apareceram muito bem para receber passes e conduzir o ataque. Embora tenha uma OL discutível, Joe Mixon é um dos melhores da posição e consegue comandar vitórias quando necessário. Os Bengals devem buscar um jogo com drives mais equilibrados, evitando terceiras descidas longas que precisem de muita proteção ao QB.
Ainda que uma equipe venha de uma semana de descanso, não acredito que somente isto será um fator. Nem mesmo o fator local deve ser tratado como um diferencial tão grande. Quando se enfrenta um QB do nível de Burrow, confiança em excesso costuma ser um equívoco.
QUEM PODE DECIDIR
Derrick Henry (TEN): Não preciso inventar a roda, certo? O running back dos Titans consegue garantir vitórias praticamente sozinho, atravessando defesas como se nem existissem. O corpo de linebackers dos Bengals não é tão qualificado, e fica ainda mais exposto após a lesão de Larry Ogunjobi na última partida. Se Henry entrar em campo no modo King, adeus Bengals.
Joe Mixon (CIN): Quem com ferro fere, com ferro será ferido, né? Esta tem que ser a mentalidade de Zac Taylor para afastar as chances dos Titans. Afinal, se você controlar o relógio e forçar o time da casa a evitar corridas, consegue a forma mais efetiva de impedir o RB adversário. Mixon teve uma grande temporada e pode assumir esta partida.
Jeffery Simmons (TEN): Eu sei que Kevin Byard e Harold Landry tiveram bons anos, mas a defesa dos Titans tem muitos heróis “silenciosos” que fazem toda a diferença. Neste jogo, o grande astro pode vir a ser o excelente DT da equipe, capaz de destruir a linha ofensiva adversária em dois segundos para atacar o QB ou RB. Com a missão de pressionar Burrow pelo meio e conter Mixon, a partida de Simmons pode ditar o rumo da equipe na competição.
Jessie Bates (CIN): O excelente safety dos Bengals salvou um touchdown no último minuto, que empataria o jogo e poderia arriscar a vitória da equipe contra os Raiders. Com uma capacidade de leitura, reação e cobertura quase únicas, o jogador pode patrulhar AJ Brown e tirar opções de Tannehill em momentos cruciais. Está na hora de darmos méritos ao grande defensive back de Cincy.
PALPITE: TITANS
Admiro muito a construção de equipe que está ocorrendo em Cincinnati, mas a verdade é que ainda parece faltar talento em alguns setores para competir entre os melhores. LBs, OL são pontos cruciais que o time deve buscar reforços.
Além disto, acredito que a construção de uma equipe campeã passe por derrotas duras (Chiefs para os Patriots em 2018, por exemplo), o que acaba dando mais experiência em situações difíceis como uma partida de playoffs. A jovem equipe de Taylor venceu um jogo, é verdade, mas o próximo parece muito mais complicado. Óbvio, Burrow é capaz de derrotar qualquer um, mas meu voto fica para os Titans.
O voto é este justamente por ser uma equipe que aprendeu muito com suas limitações. Ao ver fragilidades de secundária, mudou o esquema de pressões e facilitou a vida dos DBs. Ao perder seus melhores jogadores ofensivos, tornou o ataque mais simples e tirou a pressão de seu QB.
Ainda que os Bengals tenham mais talento na posição mais importante do jogo, os Titans têm Henry recuperado, uma defesa melhor e um HC mais estrategista. Muito em conta de Mike Vrabel, essa equipe ganha meu voto para sair vitoriosa e sediar a final de Conferência.
AGENDA DO JOGO
Data: 22 de janeiro de 2022
Horário: 18h25 (Brasília)
Local: Nissan Stadium, Nashville, Tennessee
Transmissão: ESPN e Star+