PRÉVIA NFL 2020: #13 Dallas Cowboys
Sob nova direção, Cowboys almejam colecionar sucessos na pós-temporada apressando entrosamento entre McCarthy e Prescott
Torcer para o Dallas Cowboys é sinônimo de muitas expectativas e constantes decepções. Como diz o ditado “jogamos como nunca, perdemos como sempre”. O Time da América representa uma das maiores marcas da NFL. Porém, os insucessos rendem boas piadas, como é o caso do comentarista da ESPN Stephen A. Smith, famoso por conteúdos típicos do programa Jogo Aberto, na TV Bandeirantes, se compararmos com o futebol brasileiro.
Para acabar com a sequência de fracassos, Jerry Jones impôs o fim da era Jason Garrett em Dallas, após o encerramento da temporada 2019-20. Garrett deixou uma campanha que estampa exatamente o que este time foi durante o seu período no cargo: insuficiente. O 8-8, com 4 derrotas por desvantagem de apenas uma posse de bola, representa a mediocridade de quem teve uma máquina potente nas mãos, mas faltou coragem para apertar o pedal do acelerador até o fundo. Isso não quer dizer que os Cowboys montaram grandes elencos na NFL enquanto Garrett “aplaudia” os atletas na beirada do campo, mas é o retrato da falta de ambição, de ousadia, ou de estrela, atributos necessários para comandar o time mais valioso do planeta. Apesar de ter sido premiado como o “melhor técnico do ano” em 2016 com uma campanha 13-3, Garrett nunca foi brilhante.
Ironia do destino, ou não, a escolha do JJ para comandar a nova era dos Cowboys é Mike McCarthy, ex-head coach do Green Bay Packers. Responsável por apagar o fogo da temporada inicial da parceria Dak Prescott e Ezekiel Elliott em 2016, ele também comandava o time do norte no polêmico episódio do “non-catch” de Dez Bryant em 2014, quando os texanos viviam um momento sólido, e tinham boas chances para seguir na competição. Aquele foi o último capítulo da carreira de Tony Romo antes das lesões que o forçaram a se aposentar. Portanto, McCarthy pode ser considerado um carrasco que procura redenção com o torcedor em Dallas.
Apesar de ter conquistado o título com os “cabeças de queijo” em 2010, o novo treinador não carrega consigo o carisma e a boa vontade da maioria dos fãs em Arlington. As constantes críticas sobre a sua conduta nos treinamentos em Green Bay trazem dúvidas sobre como será o relacionamento com o novo elenco. Há quem diga que Aaron Rodgers poderia ter frequentado o Super Bowl mais vezes, mas seria injusto culpar apenas o treinador. Agora, McCarthy terá outro modelo de jogador para moldar. Dak Prescott é um atleta com atributos diferentes de Rodgers. No entanto, o novo head coach sabe que precisa elevar o jogo do camisa 4 para obter sucesso nesta nova empreitada.
A boa notícia é que mesmo sem chegar aos playoffs da temporada passada, os Cowboys tiveram bons números tanto ofensivos quanto defensivos, mostrando que a base já está montada, com uma unidade de recebedores competente, um jogo corrido que dispensa elogios e uma defesa mais equilibrada do que os anos anteriores. No ataque, Amari Cooper e Michael Gallup terão a companhia de um jovem promissor, CeeDee Lamb, que ocupará o lugar deixado por Randall Cobb. A escolha de Lamb na primeira rodada do Draft deste ano aponta para o jogo aéreo como uma arma que os Cowboys não querem esmorecer em seu playbook, muito pelo contrário.
A chegada de Andy Dalton para fazer sombra a Prescott, um QB também atlético, mas com muito menos velocidade que o titular, é outro indicativo que o time pretende manter a bola voando caso o braço do titular não esteja devidamente calibrado. Obviamente, tudo vai depender da execução das jogadas desenhadas por Kellen Moore, coordenador ofensivo mantido no cargo mesmo com a chegada do novo staff. No jogo terrestre, Tony Pollard vem de uma temporada muito interessante e pode dividir snaps com Elliott, dando fôlego ao principal running back do time.
Se no ataque a missão é manter o que está dando certo e procurar mais profundidade, na defesa há muito terreno para evolução, apesar dos bons jogadores. Kevin Nolan é o novo coordenador defensivo e já anunciou que vai estabelecer uma formação híbrida entre o 4-3 e o 3-4. Uma defesa que se mostrava muitas vezes passiva, agora terá uma nova filosofia. As adições de Dontari Poe e Everson Griffen demonstram a clara motivação de intensificar a pressão na bola. Ambos com idade avançada, porém com experiência suficiente e números significativos para suprir as ausências de Robert Quinn, defensive end que fechou a temporada passada com 11,5 sacks, líder absoluto neste quesito no setor, e Malik Collins. Nolan também vai precisar trabalhar para resgatar os números de DeMarcus Lawrence, que viu uma queda considerável em sua performance, deixando de alcançar o QB adversário de 14,5 vezes em 2018 para 5 em 2019.
Outro que deve voltar também para reforçar a linha defensiva é Randy Gregory, caso a NFL demonstre boa vontade com o atleta, suspenso quatro vezes por uso de substâncias ilegais desde 2015 quando foi selecionado por JJ. O caso de Gregory é curioso porque os Cowboys vão contar para esta temporada com outro jogador que teve problemas extra-campo. Aldon Smith foi integrado condicionalmente pela liga por concordar com um rigoroso programa de cuidados pós-tratamento. Por enquanto, Gregory espera ser liberado após um pedido que está parado desde março.
Ponto forte da defesa, os linebackers estão mantidos. Jaylon Smith e Leighton Vander Esch terão novamente a companhia de Sean Lee. Outrora líder do miolo protetor, agora mais velho, ele deve ser utilizado como terceira opção. Onde a defesa é mais vulnerável, é na secundária. Para uns, este é um problema crônico desta franquia. Com a saída de Byron Jones, a unidade foi recomposta no Draft com Trevon Diggs, irmão do astro Stefon Diggs, wide receiver dos Vikings. Já entre os safeties, um reencontro de outro Packer com McCarthy, Ha Ha Clinton-Dix é a alternativa para o lugar de Jeff Heath. Mas, o fundo do campo pode ser o calcanhar de Aquiles da equipe mais uma vez. Para que de fato seja perceptível uma evolução, nomes como Xavier Woods, Anthony Brown, Chidobe Awuzie e Jourdan Lewis precisam ser mais consistentes.
Agora que mapeamos setor por setor do elenco para a temporada que se aproxima, basta ver quanto tempo McCarthy e seu staff precisarão para implementar uma nova filosofia de jogo. O treinador sabe que seu objetivo final será apenas um, o de colecionar vitórias quando mais importa, em janeiro, durante a pós-temporada. Nada menos do que isso terá qualquer relevância para o torcedor dos Cowboys.
Foto: Reprodução site oficial/Dallas Cowboys
Principais chegadas: Mike McCarthy é sem dúvidas o fator mais relevante entre as novas figuras que apareceram no centro de treinamentos dos Cowboys. A mudança de filosofia já era esperada. O trabalho de Garrett foi o suficiente para estabilizar o time como favorito todo início de temporada em uma divisão que apresenta o New York Giants e o Washington Football Team (antigo Redskins) ainda distantes das condições ideais, abrindo espaço para o Philadelphia Eagles e ao Dallas Cowboys lutarem pela primeira posição.
Dallas trouxe outros nomes muito interessantes e que devem ser observados de perto. Caso Poe, Griffen, Clinton-Dix, Lamb, Diggs funcionem como o esperado, a equipe pode dar o grande salto que o torcedor almeja.
Principais saídas: a ausência de Robert Quinn pressionando o QB adversário é o maior buraco aberto diante dos resultados da temporada passada. Por isso, JJ foi atrás de alternativas para oferecer a Nolan. No entanto, se o novo coordenador defensivo conseguir resgatar a qualidade e o desempenho de Lawrence, com Aldon Smith e Gregory à disposição, os Cowboys não terão tempo para sentir saudades do veterano. Também entre os defensores, Byron Jones foi um dos poucos atletas da secundária que obteve destaque nos últimos anos, chegando ao Pro Bowl, mas deixou a franquia durante a offseason. Em uma unidade que requer desenvolvimento e evolução, a perda de Jones escancara as necessidades de reposição e atenção total para o fundo do campo.
Não contar com Travis Frederik como center é também um ponto de preocupação. Joe Looney assumirá o posto, mas o jovem Tyler Biadasz, atleta da Universidade do Wisconsin, aponta como futura estrela desta posição na OL.
Por fim, o tight end Jason Witten deixou o time novamente. Desta vez, não por aposentadoria, mas se mudou para Las Vegas e vai defender os Raiders. Mesmo com os movimentos mais lentos, Witten sempre teve um aproveitamento de catches fantástico. Blake Jarwin assume o posto e tem uma nota de corte alta para perseguir.
Ponto forte: o ataque. Desde a chegada de Amari Cooper e o Draft de Michael Gallup, Prescott se viu muito bem servido de recebedores. Ano passado, o QB anotou 30 touchdowns aéreos e apenas 3 correndo com a bola. Controlou melhor o jogo, evitando turnovers, mas ainda viu um número alto de interceptações (11). Com uma possível mudança de estratégia, a mira de Prescott precisa melhorar, mas opções não faltarão.
O jogo terrestre com Zeke Elliott e Tony Pollard também precisa ser mencionado sempre quando se trata de talento. O “feed zeke” é como uma carta de super trunfo. Toda vez que a coisa apertar, deixe que o RB faça o seu trabalho. É verdade que a OL está envelhecendo e as peças de reposição ainda não estão no mesmo nível, mas Dallas deve continuar proporcionando muitas dificuldades para os rivais neste quesito.
Ponto fraco: a secundária. Mesmo com a saída de Robert Quinn, os Cowboys têm boas opções para pressionar a bola. Porém, com a saída de Byron Jones, o fundo do campo, que há tempos não atende às expectativas, fica ainda mais vulnerável. Há ainda esperança de que por estarem no último ano de seus contratos, alguns jogadores possam render mais. Mas isso não significa que um grande salto de qualidade irá ocorrer. Com isso, o torcedor espera que Nolan tenha o olhar clínico que faltou a Rod Marinelli para extrair o melhor de cada um dos atletas que ali estão. Chidobe Awuzie tem bloqueado muitos passes em sua direção, mas só anotou duas interceptações e tem sido cobrado por isso.
Calouro para ficar de olho: CeeDee Lamb é o nome da vez. Em um ataque com recebedores em alto nível, Lamb chegará fazendo a função do meio do campo até que encontre seu espaço abrindo o campo. O calouro vindo de Oklahoma colecionou mais de 1.300 jardas de recepção só no ano passado na NCAA, com 15 TDs. Com tantos outros times precisando de recebedores, o jovem caiu no colo dos Cowboys e deixou todos surpresos. McCarthy chegou a falar que Dallas foi “abençoado” pela escolha.
Com CeeDee Lamb roubando a cena, Trevon Diggs pode aproveitar a situação para diminuir a sobrecarga de responsabilidade sobre os os seus ombros. O CB tem um potencial enorme para assumir no mínimo como CB2, atuando ao lado de Awuzie como titular. O caminho para isso está livre com a concorrência sofrendo com a confiança. Há quem acredite que Diggs pode se tornar rapidamente o jogador mais dominante sendo emancipado para o CB1 logo diante dos primeiros desafios. Otimismo, realidade, ou apenas wish thinking, a verdade é que a necessidade do time nesta área pode ser a oportunidade correta para que ele conquiste o coração do torcedor.
Campanha de 2019: 8-8
Projeção para 2020: 10-6
Técnico: Mike McCarthy (desde 2006) / recorde 125-77-2 (10-8 playoffs)
Briga por: título divisional contra o Philadelphia Eagles, ou mais. Estar nos playoffs é palavra de ordem, e obter sucesso na pós-temporada é a barra de corte. O problema é a tabela, que não foi lá muito simpática com o Time da América (ver abaixo).
TABELA 2020
Semana 1: Los Angeles Rams (fora)
Semana 2: Atlanta Falcons (casa)
Semana 3: Seattle Seahawks (fora)
Semana 4: Cleveland Browns (casa)
Semana 5: New York Giants (casa)
Semana 6: Arizona Cardinals (casa)
Semana 7: Washington Football Team (fora)
Semana 8: Philadelphia Eagles (fora)
Semana 9: Pittsburgh Steelers (casa)
Semana 10: bye week
Semana 11: Minnesota Vikings (fora)
Semana 12: Washington Football Team (casa)
Semana 13: Baltimore Ravens (fora)
Semana 14: Cincinnati Bengals (fora)
Semana 15: San Francisco 49ers (casa)
Semana 16: Philadelphia Eagles (casa)
Semana 17: New York Giants (fora)
POWER RANKING THE PLAYOFFS 2020
Dallas Cowboys: posição #13
Melhor nota: 8,5/ Pior nota: 7
>> A posição de cada time no Power Ranking do The Playoffs foi definida por um comitê do site que conta com Fabio Garcia, Fernando Ferreira, Gabriel Mandel, José Ferraz e Luis Felipe Saccini. Os cinco deram notas para as equipes levando em conta a força dos elencos em geral e a perspectiva delas neste momento. A partir da média, listamos as franquias neste ranking de 1 a 32. Semanalmente, a lista será atualizada de acordo com o desempenho dos times em campo durante a temporada regular.