PRÉVIA NFL 2020: #12 Green Bay Packers
Após offseason conturbada, Green Bay tenta repetir boa campanha da temporada passada
Nem o mais otimista torcedor em Green Bay imaginaria que a franquia pudesse fazer a campanha que fez em 2019. Matt LaFleur chegava com currículo: foi mentorado por grandes nomes como Kyle Shananan, Sean McVay e Mike Vrabel. Mas com ele também vinha a insegurança de assumir o cargo de head coach pela primeira vez na sua carreira. Logo em uma das maiores franquias da NFL. Logo em um dos momentos mais turbulentos de sua centenária história.
Em um extenso dossiê publicado em abril de 2019, o jornalista Tyler Dunne do portal Bleacher Report, relatava o que todos nós de certa forma acompanhávamos: a desgastada relação entre Aaron Rodgers e Mike McCarthy. Na perspectiva de espectador, víamos apenas a ponta do iceberg. Tanto Rodgers quanto McCarthy desmentiram o artigo de Dunne, mas fato é que mais uma campanha medíocre ocasionou a demissão do trenador após 13 anos no comando.
Treinador novo, sistema novo. O jogo corrido foi utilizado como talvez nunca antes visto na era McCarthy. A dupla Aaron Jones e Jamal Williams funcionou muito bem, ficando em sétimo na liga em touchdowns. O que não funcionou bem foi justamente o que dava certo nos últimos anos.
Ainda que tenha terminado a temporada com 26 touchdowns e apenas quatro interceptações, foi nítida a queda de produção de Aaron Rodgers. A vice-liderança em passes jogados intencionalmente para fora, atrás apenas de Tom Brady, mostra que o esquema não estava propício para o futuro atleta Hall da Fama
E não era por falta de tempo. A linha ofensiva, estrelada mais uma vez pelo LT David Bakhtiari mas que teve Elgton Jenkins como a grata surpresa, dava condições suficientes para o camisa 12 trabalhar: foram em média 2,88 segundos para lançar, sexta melhor marca da liga.
A maioria dos analistas atribuía esse rendimento de Rodgers a quem recebia as bolas lançadas por ele – ou no caso quem não recebia. Mais uma vez os WRs deixaram a desejar e o jogo ficava muito centrado em Davante Adams, que mesmo com marcação dupla fazia jogos espetaculares. Tanto que o segundo e terceiro alvo mais acionados eram os running backs da equipe. Parece que faltava uma lacuna no depth chart: Allen Lazard, que era para ser o WR3, na verdade é o #2, Marquez Valdes-Scantling que era para ser o quarto, também subia uma posição. Só que nunca se achou definitivamente essa segunda opção.
Quando se esperava a adição de mais armas (inclusive era uma preocupação que o próprio QB fazia questão de externar para a mídia), o general manager Brian Gutenkust aprontou das suas – nenhum WR escolhido no que foi uma das melhores classe da história segundo alguns especialistas em Draft e a contratação de Devin Funchess (que não encheu nem um pouco os olhos dos torcedores).
Na defesa, a situação era um pouco mais complicada. Os Packers venciam jogos truncados (8 vitórias e uma derrota em partidas com uma posse de diferença) muito por conta da unidade comandada por Mike Pettine. A máxima “ataques vencem jogos, defesas ganham campeonatos” vinha dando certo ao passo que o time vencia, mas não convencia.
E o que mais funcionou foi o pass rush. Os “Smith Brothers”, apelido dado carinhosamente aos EDGEs Za’Darius e Preston Smith (que entretanto precisamos reforçar que não são irmãos), deitaram e rolaram na temporada. Combinando para 25.5 sacks e 28 tackles for loss, a dupla deu trabalho para OLs adversárias. Quem também foi bem foi o DT Kenny Clark, coroado com uma renovação de quatro anos e US$ 70 milhões nesta offseason.
Só que o pass rush maquiava muitas coisas que aconteciam lá atrás. Os inside linebackers titulares Blake Martinez e B.J. Goodson não davam conta nem da cobertura contra o passe e principalmente da contenção ao jogo corrido. Isso abria um espaço imenso para os cornerbacks ficarem sozinhos por muito tempo com seus matchups. Green Bay não conseguia encontrar alguém confiável para jogar com Jaire Alexander na posição de CB – o melhor talvez tenha sido o experiente Tramon Williams, que foi dispensado.
Muito da derrota vexatória na final de conferência para o San Francisco 49ers veio dos dois problemas principais da equipe: WRs não conseguindo separação e defesa tomando jardas e mais jardas.
E agora, será que LaFleur vai conseguir melhorar a produção com o que tem? O time pouco se reforçou na free agency e no Draft, e em vez de dar alvos para Aaron Rodgers, preferiu draftar seu possível substituto, Jordan Love. Com muitas críticas pelo trabalho na offseason, os Packers terão mais uma vez que driblar a desconfiança da torcida.
Foto: Dylan Buell/Getty Images
Principais chegadas: A free agency de Green Bay se aproximou mais do que a franquia fazia há alguns anos, ou seja, apostou na evolução dentro do grupo e não se configurou de maneira tão incisiva quanto a de 2019. Apesar dos problemas crônicos no ataque, foi na defesa que Green Bay trouxe seu “maior” reforço, se assim podemos dizer: o ex-linebacker do Cleveland Browns Christian Kirksey foi adquirido por dois anos e US$13 milhões. Quando esteve campo (algo bem raro já que o jogador ficou de fora de 23 partidas somando 2018 e 2019), Kirksey não foi bem cobrindo passes – entre os 10 piores da posição de acordo com o Pro Football Focus. Mas se o potencial for atingido e o veterano de 28 anos conseguir voltar a jogar como em seus quatro primeiros anos na liga, o retorno a baixo custo será válido.
No outro lado da bola, a adição do offensive tackle Rick Wagner (ex-Lions) faz sentido, mas novamente os Packers apostam em um jogador que rendeu três, quatro anos atrás. Os treinos já indicaram que mover Billy Turner para o extremo da linha é uma possibilidade. Por fim, o recém-chegado Devin Funchess (ex-Colts, Panthers) pediu para não jogar a temporada devido ao novo coronavírus.
Principais saídas: É curioso falar, mas hoje os torcedores de GB talvez estejam com uma, quiçá duas pulgas atrás da orelha ao perceber que o inside linebacker Blake Martinez e o right tackle Bryan Bulaga testaram o mercado e consequentemente foram embora. Ambos eram de certa forma criticados por razões diferentes: Martinez pela sua falta de capacidade de cobertura, apesar de ser uma máquina de tackles (foi vice-líder da NFL na categoria em 2019); Bulaga por sua instabilidade física (perdeu 13 partidas entre 2017 e 2018), mesmo formando uma das melhores duplas de OTs nos últimos anos com David Bakhtiari.
Os Packers simplesmente não tinham condições de manter os dois pagando o que estão recebendo em seus respectivos novos times: algo próximo dos US$ 10 milhões anuais. Seus substitutos são de fato consideravelmente mais baratos, mas o grande dilema é até onde o preço pode compensar a técnica. Isso só saberemos ao longo da temporada. Kyler Facrkell, que liderou o time em sacks em 2018, e Jimmy Graham também foram embora para Giants e Bears, respectivamente.
Ponto forte: Quando chegou em Wisconsin, Matt LaFleur mudou completamente o jeito de Aaron Rodgers e de todo o ataque dos Packers jogar. Se nos últimos anos o time dependia totalmente do signal caller, hoje pode-se dizer que a realidade é bem diferente. Obviamente que possuir uma dupla do calibre de Rodgers e Davante Adams já facilita bastante em termos de abrir mais os sistemas defensivos adversárias, mas o jogo corrido será fundamental nesta temporada. Aaron Jones teve outro ano formidável passando das 1.000 jardas e 16 touchdowns terrestres e, em seu último ano de contrato, vai estar mais disposto ainda para mostrar que merece uma renovação numa liga onde os running backs são tão “descartáveis”.
Tanto que Green Bay escolheu A.J. Dillon na segunda rodada do Draft. Dillon teve 4.382 jardas e 38 touchdowns em seus três anos no backfield da Universidade de Boston Colllege. Os estilos de jogo se complementam: enquanto Jones é mais versátil, Dillon é mais um corredor “tradicional”. Com 18kg a mais, espere muitas formações “old school” por parte de LaFleur e do coordenador ofensivo Nathaniel Hackett, quem sabe até com os dois em campo.
Ponto fraco: Já falamos aqui de Kirksey e da importância de sua longevidade no esquema de Mike Pettine sobretudo pela incógnita sobre quem jogará ao seu lado (Oren Burks ou Kamal Martin), mas outra posição que Green Bay deveria ter se preocupado é a de defensive end. A contenção contra o jogo corrido começa no setor mais perto das trincheiras – e a contenção dos Packers que se mostrou extremamente porosa em 2019, não endereçou literalmente ninguém para o Lambeau Field em 2020. Ao lado da estrela Kenny Clark, o NT mais bem pago da liga, Dean Lowry é um starter OK. Pettine já está experimentando uma escalação mais “flexível”, com apenas os dois na linha e um Rashan Gary, escolha de segunda rodada do Draft passado, mais participativo
Do outro lado, a falta de profundidade no corpo de recebedores já mencionada anteriormente é algo perigoso se nenhuma peça der o próximo passo em termos de desenvolvimento individual. Funchess já não era a solução dos problemas – saiu como #2 WR em Carolina e terminou como peça totalmente descartável pela sua produção e condição física nos Colts. Ruim com ele, pior sem.
Calouro para ficar de olho: Como é bem provável que Jordan Love não terá muito tempo em campo em seus dois primeiros anos, o destaque aqui vai para uma peça que tenho certeza que franziu algumas testas. O tight end Josiah Deguara promete ser uma espécie de faz tudo. Comparado com Kyle Jusckycek, versatilidade é o que não falta em seu arsenal: além da sua posição de origem, ele pode alinhar como half-back, full back e WR. O atleta que teve 13 touchdowns nas duas últimas temporadas na Universidade de Cincinnati promete ser uma das gratas surpresas não só para Packers, como para a liga como um todo.
Campanha em 2019: 13-3
Projeção para 2020: 10-6
Técnico: Matt LaFleur
Briga por: Chegar novamente na final da conferência
TABELA 2020
Semana 1: Vikings (fora)
Semana 2: Lions (casa)
Semana 3: Saints (fora)
Semana 4: Falcons (casa)
Semana 5: bye week
Semana 6: Buccaneers (fora)
Semana 7: Texans (fora)
Semana 8: Vikings (casa)
Semana 9: 49ers (fora)
Semana 10: Jaguars (casa)
Semana 11: Colts (fora)
Semana 12: Bears (casa)
Semana 13: Eagles (casa)
Semana 14: Lions (fora)
Semana 15: Panthers (casa)
Semana 16: Titans (casa)
Semana 17: Bears (fora)
POWER RANKING THE PLAYOFFS 2020
Green Bay Packers: posição 12
Melhor nota: 8,5 / Pior nota: 7,5
>> A posição de cada time no Power Ranking do The Playoffs foi definida por um comitê do site que conta com Fabio Garcia, Fernando Ferreira, Gabriel Mandel, José Ferraz e Luis Felipe Saccini. Os cinco deram notas para as equipes levando em conta a força dos elencos em geral e a perspectiva delas neste momento. A partir da média, listamos as franquias neste ranking de 1 a 32. Semanalmente, a lista será atualizada de acordo com o desempenho dos times em campo durante a temporada regular.