PRÉVIA: Kansas City Chiefs x Miami Dolphins – NFL Playoffs 2023-24 (AFC Wild Card)
Sob promessa de -19 ºC no Arrowhead Stadium, Chiefs e Dolphins tentam superar oscilações para avançar nos playoffs
Kansas City Chiefs e Miami Dolphins prometem fazer um dos duelos mais eletrizantes da primeira rodada dos playoffs da NFL neste sábado (13), às 22h. O Arrowhead Stadium, casa dos Chiefs, será o palco dessa esquentada batalha que, ironicamente, deve ser jogada em uma temperatura na casa dos -19 ºC. O confronto também será marcado por reencontros, estreias e a tentativa de superação de duas equipes que viveram grandes oscilações ao longo da temporada.
O quarterback de Miami Tua Tagovailoa fará sua primeira partida de pós-temporada na carreira, uma vez que ele ficou fora do Wild Card de 2022-23 após sofrer concussão na rodada de Natal. O produto de Alabama, selecionado na quinta escolha geral do Draft de 2020, vive o ponto alto de suas quatro temporadas de NFL sob o comando de um dos principais ataques da liga. Mesmo que ainda haja dúvidas em relação as condições de jogo de seus principais companheiros de ataque, Tagovailoa espera contar com uma noite iluminada do wide receiver Tyreek Hill, astro que foi campeão com Kansas em 2019 e se reencontrará com sua antiga equipe.
Do outro lado do campo, temos o notável Patrick Mahomes que, por mais que não tenha vivido seu melhor ano com a camisa dos Chiefs, ainda é uma peça certa para decidir jogos quando necessário. Enfrentando problemas com seu setor ofensivo ao longo da temporada – em especial com os recebedores -, o quarterback também conta com o respaldo de uma das melhores defesas da liga. Nomes como Chris Jones e L’Jarius Sneed devem fazer a diferença para que os Chiefs possam seguir na busca pelo seu segundo título consecutivo, algo que não acontece na NFL desde que o New England Patriots de Tom Brady teve duas conquistas em sequência durante 2004 e 2005.
Chiefs e Dolphins já se encontraram anteriormente em 2023 durante jogo sediado na cidade de Frankfurt, na Alemanha, na semana 9. Na ocasião, Kansas conquistou a vitória após um primeiro tempo explosivo que finalizou em vantagem de 21 a 0. Miami tentou responder no segundo tempo, mas não conseguiu marcar mais que 14 pontos na defesa adversária e sucumbiu mesmo sem ceder pontos após o intervalo.
(Foto: Reprodução X / Around The NFL)
COMO CHEGAM
Mesmo com uma temporada ofensivamente extraordinária, os Dolphins chegam ao Wild Card com um sentimento de decepção. A equipe viveu diversas oscilações quando precisou encarar equipes com recorde positivo na temporada, registrando campanha de 1-5 no quesito e 10-1 quando enfrentou adversários negativos. Com isso, a franquia da Flórida viu o título da AFC Leste escapar de suas mãos após registrar três derrotas nos últimos seis jogos da temporada e o Buffalo Bills engatar cinco vitórias consecutivas – incluindo triunfo em uma ”final” contra o próprio rival na semana 18.
Permanecendo sem vencer sua divisão desde 2008, os Dolphins perderam a chance de jogar a rodada de Wild Card em casa e, de brinde, enfrentarão o Kansas City Chiefs do decisivo Patrick Mahomes. Para piorar ainda mais a situação, a franquia perdeu jogadores importantes para lesões, com destaque para os defensores Bradley Chubb, Andrew Van Ginkel e Jerome Baker. Destaques ofensivos da equipe ao longo da temporada, o wide receiver Jaylen Waddle e o running back Raheem Mostert são dúvidas para o jogo.
Mesmo com um mar de baixo astral, nada está perdido para os Dolphins. A equipe teve um dos melhores ataques ao longo do ano, com cinco jogadores indicados ao Pro Bowl (sendo quatro titulares) e liderando a liga em jardas por jogo (401,3) com a melhor média de jardas aéreas (265,5) e a sexta melhor marca pelo solo (135,8). O quarterback Tua Tagovailoa seguiu em sua crescente com o head coach Mike McDaniel, voltando a melhorar seus números em jardas passadas (4.624 – melhor marca da liga), touchdowns (29) e porcentagem de passes completos (69,3%) no segundo ano com o treinador.
Outra peça importante para o sucesso ofensivo da equipe foi o WR Tyreek Hill, que teve uma excelente temporada e até mesmo foi colocado nas conversas para o prêmio de MVP em diversos momentos. O recebedor registrou 1.799 jardas em 119 recepções (melhor marca da carreira e líder da NFL em ambas), além de ter a maior quantidade de touchdowns recebidos (13) e big plays (29) entre os wide receivers. A conhecida ”lei do ex” também pode entrar em ação, uma vez que o Hill foi jogador e campeão pelos Chiefs em 2019.
Ainda, a equipe da Flórida contou com o despertar de Raheem Mostert para a melhor temporada de sua carreira – liderando a liga em TDs (18) e ultrapassando as 1.000 jardas corridas pela primeira vez desde que entrou na NFL em 2015.
A defesa de Miami se posicionou no top 10 da liga com 5.411 jardas totais cedidas e foi a terceira melhor em sacks (56). No entanto, o time teve a 11ª pior média de pontos sofridas, com 23 pontos por jogo. A equipe sofrerá com a ausência dos lesionados no setor mencionados anteriormente, mas o cornerback Jalen Ramsey, um dos líderes da unidade, seguirá em campo para tentar parar o ataque de Kansas City.
Falando no setor ofensivo dos Chiefs, podemos partir para o principal responsável pela instabilidade da equipe ao longo do ano. Com dificuldades para completar passes por conta de diversos erros e drops de seu corpo de recebedores, o quarterback Patrick Mahomes teve sua pior campanha com a camisa da franquia do Kansas (10-6) e a maior quantidade de interceptações na carreira (14). Ainda assim, o quarterback registrou bons números com 4.183 jardas aéreas e 27 touchdowns.
A temporada dos Chiefs já havia sido iniciado de forma controversa com derrota para o Detroit Lions por 21 a 20 no jogo de abertura. Após o primeiro resultado negativo, a equipe pareceu embalar no ‘’hype’’ do badalado namoro entre Taylor Swift e o tight end Travis Kelce para vencer seis partidas em sequência. Contudo, a equipe passou a oscilar após uma derrota inesperada para o Denver Broncos e fechou a temporada com cinco vitórias e cinco derrotas.
Apesar de toda a desconfiança com os recebedores, o novato Rashee Rice teve um bom final de temporada ultrapassando as 90 jardas recebidas nas últimas três vitórias de Kansas City, além de ser o líder em alvos entre os WRs. Como de praste, o time também conta com a estrela de Travis Kelce, que costuma ser decisivo em jogos de pós temporada (1,548 jardas recebidas e 16 TDs em playoffs). Ainda assim, a força de Kelce e Rice pode não ser o suficiente para sair com a vitória, o que tornaria necessário a maior aparição de jogadores como Justin Watson e Marquez Valdes-Scantling.
Outro grande fator que pode pesar a favor de Kansas é a defesa, que teve grande temporada. A equipe se posicionou como a segunda melhor em sacks (57) e em jardas (289,8) e pontos (17,3) cedidos por jogo em toda a NFL, sendo o principal motor de diversas vitórias dos Chiefs ao longo do ano. O astro right tackle Chris Jones e o defensive end George Karlaftis foram os principais jogadores no primeiro quesito, anotando 10,5 sacks cada um. Na secundária, L‘Jarius Sneed teve uma temporada destacada por não ceder touchdowns enquanto marcava os wide receivers primários de seus adversários, segundo o Next Gen Stats.
O JOGO
Com certeza o intenso frio no Arrowhead Stadium será um fator determinante para a partida. Além dos Chiefs estarem no conforto de seu estádio e terem costume em jogar nestes condições durante os playoffs, o retrospecto de Tua Tagovailoa em clima frio surge como fator contrário aos Dolphins. Enquanto a própria equipe vem de uma sequência de dez derrotas consecutivas nestas condições climáticas, seu quarterback perdeu todos os cinco confrontos que disputou dessa forma.
Para sair com a vitória, Tagovailoa terá que superar a grande pressão exercida pela linha defensiva dos Chiefs. Com o frio naturalmente dificultando as jogadas de passe, o quarterback certamente não conseguirá avançar em campo tendo pouco tempo para agir com a bola na mão. Caso os Dolphins queiram evitar o perigo dos turnovers, Raheem Mostert pode fazer a diferença na noite se ficar disponível para a partida, uma vez que a defesa contra o jogo corrido não é a principal força da unidade de Kansas City (18º em média de jardas terrestres cedidas).
No entanto, se os desfalques no ataque acabarem se confirmando, Miami pode acabar entrando em um duelo de defesas na partida contra os Chiefs, o que não seria o ideal tendo em vista o poderio adversário e os inúmeros jogadores que também estão ausentes em sua unidade defensiva.
Também é importante ressaltar a questão Patrick Mahomes. Caso o jogo entre em um limbo ofensivo com as defesas de ambas as equipes se sobressaindo, a experiência concentrada na posição de quarterback pode fazer a diferença (principalmente quando falamos do Mahomes). Assim como foi na temporada regular, marcar pontos logo cedo e controlar o placar por meio de seu setor defensivo é uma das chaves para a vitória dos mandantes.
QUEM PODE DECIDIR
Tyreek Hill (Dolphins) – Não podemos desconsiderar a presença de um dos melhores wide receivers da NFL. Claro, o ritmo do jogador já não está tão alto como o observado durante o andamento da temporada, mas Tyreek Hill é o principal alvo de Tua Tagovailoa e possui a capacidade de receber a bola nas mais difíceis condições. O duelo contra L‘Jarius Sneed não será tarefa fácil e com certeza é um dos fatores para ficar de olho ao longo do jogo, mas Hill com certeza é umas das peças-chave para a vitória dos Dolphins.
Linha ofensiva dos Dolphins – Não será um jogo tranquilo para o quarterback Tua Tagovailoa. Além do frio, a defesa dos Chiefs será uma pedra no sapato que precisa ser barrada pela linha ofensiva de Miami. A unidade cedeu 31 sacks para adversários ao longo da temporada – quarta melhor marca da NFL – e pode garantir uma vitória caso providencia conforto para seu QB trabalhar a bola sem pressão excessiva da DL dos Chiefs.
Travis Kelce (Chiefs) – Líder em jardas, recepções e alvos do Kansas City Chiefs, Kelce é um tight end que pode aparecer nos momentos decisivos do Wild Card. Além fazer excelente dupla com Patrick Mahomes, a presença do jogador em campo já é motivo para a defesa adversária dobrar sua atenção, o que pode abrir espaço para que outros recebedores também sejam alvejados livremente. Mesmo enfrentando lesão no começo do ano e não vivendo temporada com o mesmo padrão das anteriores, o jogador pode fazer a diferença para o ataque de Kansas City.
Rashee Rice (Chiefs) – O novato foi o principal alvo de Patrick Mahomes entre os recebedores durante a temporada, só ficando atrás de Travis Kelce em alvos e recepções ao longo do ano. Sua crescente na reta final da temporada também impressiona, tendo médias com mais de dez jardas por recepção em três dos últimos quatro jogos de Kansas. Com jogadores como DeShon Elliott e Xavien Howard como questionáveis na secundária dos Dolphins, o recebedor pode ter mais espaço para atuar bem.
PALPITE: Kansas City Chiefs
Em um confronto entre duas equipes com diversos altos e baixos durante a temporada, a vitória aponta para quem chega com o melhor momento. Acredito que o baque pela perda do título da divisão, os desfalques e as dificuldades em jogar no frio pesarão forte contra o Miami Dolphins e o Kansas City Chiefs avançará para o Divisional Round.
Mesmo jogando contra um dos melhores ataques da NFL, a defesa dos mandantes deve dificultar muito a vida de Tua Tagovailoa e abrir caminho para o ataque prevalecer ao longo da noite. Além disso, a equipe da casa possui um número maior de jogadores que podem decidir a partida – em especial Patrick Mahomes e Travis Kelce -, o que os torna uma aposta mais viável.
SOBRE O JOGO
Dia: 13/01/2023
Horário: 22h, horário de Brasília
Local: Arrowhead Stadium, Kansas City, Missouri
Transmissão no Brasil: ESPN 2 e Star+.