[PRÉVIA] Playoffs da NFL: Pittsburgh Steelers @ Kansas City Chiefs
Chiefs e Steelers fecham domingo da rodada de Wild Card em possível último jogo da carreira de Ben Roethlisberger
Finalizada a temporada regular mais longa da história da NFL, chegamos enfim aos playoffs. Encerrando o segundo dia de jogos do Super Wild Card, Kansas City Chiefs e Pittsburgh Steelers definem o último classificado da AFC para o Divisional Round.
As duas equipes chegam à pós-temporada em momentos absolutamente distintos. Enquanto os Chiefs sonham em conquistar a conferência pelo terceiro ano consecutivo, os Steelers já superaram as expectativas ao garantir uma vaga nos playoffs. E se Kansas City tem suas estrelas no auge da carreira, Pittsburgh encara a possível última partida da vitoriosa carreira de Ben Roethlisberger.
Chiefs e Steelers já se encontraram uma vez nesta temporada, em um duelo válido pela semana 16. A partida terminou com um triunfo confortável para a equipe de Kansas City pelo elástico placar de 36 a 10. A franquia de Pittsburgh leva vantagem na série histórica, com 23 vitórias contra 13 dos Chiefs, mas não supera o adversário desde um agora distante ano de 2017. À época, o ataque dos Steelers ainda contava com os famosos “Killer B’s” (Ben Roethlisberger, Antonio Brown e Le’Veon Bell) e o novato T.J. Watt era apenas o irmão mais novo de J.J. Watt. Os Chiefs, por sua vez, ainda eram liderados por Alex Smith, enquanto Patrick Mahomes ganhava experiência como backup.
(Foto: Reprodução Twitter/Around the NFL)
KANSAS CITY CHIEFS
Apesar de encerrar a temporada com o seed 2 e uma respeitável campanha de 12 vitórias, os Chiefs chegam aos playoffs com mais dúvidas em relação aos anos anteriores. Inesperadamente, o ataque sofreu para produzir em diversos momentos da temporada. Enfrentando uma transição na linha ofensiva, defesas ajustadas especificamente para conter Patrick Mahomes e também uma AFC cada vez mais competitiva, os comandados de Andy Reid demoraram para engrenar.
O quarterback, aliás, sofreu com um problema até então incomum na carreira: turnovers. Mahomes, que jamais havia sido interceptado no mês de setembro, passou em branco apenas na semana 1. Daí em diante, foram sete jogos seguidos com ao menos uma pick, o que rendeu brevemente a liderança da liga na estatística. Os 15 turnovers sofridos na temporada, com 13 interceptações e dois fumbles, renderam a pior marca da carreira. Frustrado contra defesas que constantemente alinhavam dois safeties em profundidade para limitar os passes longos, o astro de KC demorou para se ajustar. As jogadas explosivas diminuíram, porém o astro dos Chiefs limitou-se a três interceptações nos nove jogos restantes.
Isso não significa que o ataque é menos perigoso: Patrick Mahomes foi o quarto QB em número de jardas (4.839) e o quinto em passes para touchdown (37). E o signal-caller ainda criou problemas para as defesas adversárias com os constantes scrambles, registrando as melhores marcas da carreira com 381 jardas terrestres e uma média de 5,8 por corrida. Tyreek Hill foi o terceiro em número de recepções (111), nono em jardas recebidas (1.239) e nono também em TDs (nove). Já Travis Kelce ampliou o próprio recorde, chegando à sexta temporada consecutiva acima das mil jardas.
E se o ataque oscilou, o mesmo pode ser dito sobre a defesa. Após iniciar a temporada como uma das piores da liga, a unidade se acertou ao longo do ano. Com a adição de um “renascido” Melvin Ingram, os Chiefs puderam mover Chris Jones de volta ao interior da linha defensiva. Além da melhora no pass rush, a defesa também viu um crescimento significativo da secundária (o grande calcanhar de Aquiles da unidade) após mexer em algumas peças. Chegando no quarterback e cedendo menos big plays, o lado defensivo chega aos playoffs muito mais ajustado.
(Foto: Peter G. Aiken/Getty Images)
PITTSBURGH STEELERS
Se a temporada dos Chiefs foi marcada por algumas oscilações, os Steelers viveram uma montanha-russa. Aos trancos e barrancos, o time foi arrancando vitórias apertadas e, mesmo sem convencer, manteve-se vivo até o fim. Pittsburgh venceu o Baltimore Ravens novamente no sufoco na semana 18 e teve a combinação de resultados necessária nos jogos restantes, garantindo uma vaga que parecia impensável na primeira metade do ano.
Enfrentando problemas sérios no salary cap, o elenco sofreu diversas baixas. Entre aposentadorias e perdas na free agency, Pittsburgh entrou na temporada com uma linha ofensiva completamente renovada, o que se mostrou um dos maiores problemas. Big Ben, claramente longe do melhor momento da carreira, sofreu ainda mais com os problemas de proteção. Mas, verdade seja dita, o futuro Hall of Famer pouco fez para ajudar a própria causa: com dificuldades para alongar o campo, Roethlisberger apareceu bem apenas esporadicamente.
O grupo de wide receivers, já limitado, ainda sofreu com a baixa de JuJu Smith-Schuster ainda no início da temporada. O veterano estará de volta para disputar o Wild Card, mas, em sua ausência, Diontae Johnson assumiu bem a posição de alvo número 1 – apesar de sofrer alguns drops. Chase Claypool, por outro lado, não apresentou o salto esperado no segundo ano. Pelo contrário: anotou apenas dois touchdowns. O tight end novato Pat Freiermuth, por sua vez, cresceu e firmou-se como um dos alvos de confiança de Big Ben.
Se o jogo aéreo tem problemas, o mesmo não pode ser dito de Najee Harris. Selecionado para servir como o workhorse do backfield, o running back novato assumiu o papel com a naturalidade de um veterano. Paciente para encontrar espaços e difícil de ser derrubado, Harris ainda mostrou-se um alvo extremamente confiável (exemplificado perfeitamente pela recepção com apenas uma mão em um lance decisivo na semana 18).
Mas o grande nome do time, sem dúvidas, é T.J. Watt. Sempre esnobado pelo prêmio de Defensive Player of the Year, T.J. enfim parece destinado a vencer neste ano. O mais novo dos três irmãos Watt igualou o recorde de sacks em uma temporada, com 22,5, e é o motor da defesa. Apesar de ser a principal unidade do time, o lado defensivo também tem seus problemas – em especial contra o jogo terrestre.
(Foto: Reprodução Twitter/Pittsburgh Steelers)
O JOGO
Uma repetição do jogo da semana 16 é bastante provável. Os Chiefs entram com um enorme favoritismo, e qualquer outro resultado além de uma vitória dos atuais campeões da AFC seria uma zebra considerável. Obviamente, tudo pode acontecer em um jogo de playoffs, mas este é um dos confrontos mais desequilibrados do Super Wild Card.
No duelo da fase regular, o gameplan de Kansas City explorou a maior fraqueza dos Steelers: deixando de lado a “aversão” ao jogo terrestre, a seleção de jogadas teve 35 corridas e 30 passes. Vale ressaltar que a mudança foi determinada em grande parte pela ausência de Travis Kelce e com Tyreek Hill jogando um número limitado de snaps). De uma forma ou de outra, o resultado veio: 137 jardas, 34 minutos de posse de bola e T.J. Watt quase zerado no boxscore, ainda que a média de 3,6 jardas por tentativa não tenha sido das melhores. Insistir nas corridas será novamente importante.
Para os Steelers, a tarefa é limitar a produção do adversário ao máximo. A tarefa mais difícil, no entanto, será pontuar: os Steelers tiveram a segunda pior média de pontos no primeiro tempo (6,7), à frente apenas do lastimável ataque do New York Giants. O lado Dr. Jekyll aparecia no último quarto, com a segunda melhor marca da liga: 9,9 pontos de média. Contra os Chiefs, no entanto, deixar toda a produção para o fim não é uma opção. Pittsburgh precisará colocar ao menos alguns pontos no placar caso ainda pretenda sonhar com uma vitória.
QUEM PODE DECIDIR
Darrel Williams ou Derrick Gore (Chiefs): Clyde Edwards Helaire está fora do jogo mais uma vez. Williams também é listado como questionável, mas deverá estar em campo. De qualquer forma, o veterano e o novato Derrick Gore concentrarão uma parcela considerável da produção ofensiva. Os Chiefs passaram a utilizar o jogo terrestre com maior frequência na reta final da temporada. E, como dito acima, as corridas terão papel importante. Além de explorar a maior fraqueza defensiva de Pittsburgh, o envolvimento dos running backs ajuda a aliviar a pressão de Watt em Mahomes. No primeiro encontro, o edge foi limitado a apenas um tackle, sem encostar no quarterback uma única vez.
Melvin Ingram e Frank Clark (Chiefs): No primeiro encontro entre os dois times, os Chiefs lidavam com casos de Covid-19 no elenco. Além de limitar Tyreek Hill e deixar Travis Kelce de fora, o surto deixou Chris Jones de fora. Com o principal nome da unidade disponível para o jogo dos playoffs, o matchup torna-se ainda mais favorável para o front four de Kansas City. A dupla de edges veteranos tem feito um bom trabalho, seja dividindo as atenções da OL adversária, seja aproveitando os espaços criados por Jones no interior. O pass rush certamente incomodará Roethlisberger do primeiro ao último snap.
Najee Harris (Steelers): Como dito anteriormente, Harris é o motor do ataque dos Steelers. Mesmo atrás de uma linha ofensiva limitada, o running back terminou no top 5 da NFL em jardas terrestres. Além disso, o novato é o vice-líder do time em recepções. Não há segredos: quando Harris não consegue produzir, o ataque dos Steelers é completamente inexistente. Enfrentando uma linha defensiva fortíssima, o jogador vindo de Alabama terá uma das tarefas mais difíceis da temporada. Mas, novamente, contar com a produção de Harris a maior das esperanças para este limitadíssimo ataque.
T.J. Watt (Steelers): A missão de Watt é simples e direta: criar jogadas. Realisticamente, os Steelers dificilmente vencerão os Chiefs em condições normais. Portanto, cabe ao provável Defensive Player of the Year a tarefa de abrir essas possibilidades. Seja pressionando Mahomes, anotando um sack, um tackle para perda de jardas ou até mesmo forçando um fumble, Watt precisará ser ainda mais decisivo do que o habitual. Cada snap terá importância redobrada para Pittsburgh.
PALPITE: Kansas City Chiefs
Como foi repetido à exaustão durante o texto, o favoritismo dos Chiefs é gigantesco. A presença dos Steelers na pós-temporada é, por si só, um feito e tanto. Para Ben Roethlisberger, despedir-se nos playoffs é um fim muito mais condizente com o tamanho da carreira do futuro Hall of Famer. Tudo pode acontecer em um jogo de playoff da NFL, mas qualquer resultado além de um triunfo de Kansas City, e provavelmente com placar elástico, seria uma enorme surpresa.
(Foto: Reprodução Twitter/Kansas City Chiefs)
SOBRE O JOGO:
Dia: 16/01/2022
Horário: 22h15, horário de Brasília
Local: Arrowhead Stadium em Kansas City, Missouri
Transmissão para o Brasil: ESPN e Watch ESPN