Justiça conclui que ex-punter dos Bills Matt Araiza não estava presente em suposto estupro coletivo
Promotores não encontraram evidências ou provas suficientes para determinar participação do atleta em agressão sexual
Em agosto de 2022, dias antes de ser nomeado o punter titular do Buffalo Bills, Matt Araiza foi acusado em ação civil, ao ter participado, juntamente de outros dois atletas do time de futebol americano da Universidade de San Diego State, em um estupro coletivo contra uma adolescente de 17 anos.
Após dez meses de investigação, a polícia de San Diego concluiu que não haviam provas suficientes para prosseguir com uma acusação criminal contra Araiza. Os Bills afirmaram à época que tinham conhecimento do incidente envolvendo o jogador, realizaram uma investigação interna e decidiram assinar contrato com Araiza, apesar das alegações.
As argumentações presentes na ação civil, no entanto, provocaram polêmica na opinião pública. Em um dos trechos do processo, o texto relata que durante 15 de outubro de 2021, em uma festa próxima ao campus da Universidade de San Diego, Araiza levou uma garota a um quarto onde “três outros homens os aguardavam”.
“Dentro do quarto, Araiza jogou a garota na cama, de bruços. A vítima foi atacada, enquanto perdeu a consciência e sofreu um aterrorizante abuso sexual coletivo. O ataque durou cerca de uma hora e meia, antes de a garota conseguir sair do quarto com marcas de sangue no corpo”, diz a ação processual.
Poucos dias após o caso se tornar público, os Bills rescindiram o contrato de Araiza.
“Acreditamos que é a melhor decisão para que Matt Araiza cuide desta situação”, disse Brandon Beane, general manager dos Bills, à época.
Araiza continua longe dos gramados, apesar dos promotores terem avaliado, em 7 de dezembro de 2022, que após 124 dias de investigação, não iriam prosseguir com uma acusação criminal contra o jogador.
No entanto, poucos detalhes, ou evidências adicionais de defesa, foram incluídos na declaração inicial. Um retrato mais completo do que a polícia e os promotores descobriram, no entanto, agora está disponível por meio de uma transcrição de mais de 200 páginas de uma reunião de 100 minutos obtida pelo Yahoo Sports, onde um promotor distrital explica à garota e seus advogados os motivos por não avançar na acusação contra o atleta.
O escritório da promotora do caso concluiu que Araiza não poderia ter levado a garota para o suposto estupro coletivo porque ele havia saído de casa por volta da meia-noite, uma hora antes, quando as evidências sugeriam que o suposto estupro coletivo teria ocorrido.
“Ele nem estava mais na festa”, explicou a promotora distrital Trisha Amador à vítima. Mais tarde, a promotora explicou: “Pelo que me consta, é que a esta altura, suspeito que Araiza não estava mais presente no local”.
Além disso, os promotores disseram à garota que as gravações de vídeo do incidente no quarto tornavam impossível determinar, muito menos acusar alguém, se houve estupro coletivo naquela noite, ou sexo consensual com outros homens.
“Ao assistir aos vídeos, não posso provar qualquer agressão sexual forçada com base nas provas e evidências que tivemos acesso”, disse a promotora.
Dan Gilleon, advogado de defesa, afirmou que sua cliente não será intimidada a desistir do processo civil. “Não vai acontecer. Este caso irá ao tribunal, e Araiza terá que comentar sua versão dos fatos”.
As investigações conduzidas pela polícia e pelos promotores incluíram 35 entrevistas, e mais de quatro terabytes de informações, além de dez mandados de busca para resolução do caso. Entretanto, o material colhido levaram as autoridades a chegar em conclusões distintas e controversas do que foi alegado no processo civil.
Araiza viu sua vida virar de ponta-cabeça desde que foi citado na ação judicial. Segundo seu advogado, o jogador nutre a expectativa que equipes da NFL tenham uma nova percepção, apesar do caso ainda correr na Justiça.
Araiza e os outros dois jogadores citados no processo negam a acusação de estupro coletivo. Qualquer contato sexual, disse Araiza, foi consensual.
Os promotores do caso mostraram à garota e seus advogados todos os vídeos que serviram como evidências da investigação. Nenhum dos advogados de Araiza tiveram acesso ao material, por envolver ato sexual com uma garota menor de idade. Os advogados de Araiza tentam acesso aos vídeos por meio de uma ordem judicial, como forma de defender seu cliente das alegações.
A promotora do caso ainda afirma que o comportamento da garota nos vídeos tornava impossível processar alguém por estupro.
“Eu não vejo nenhum elemento que possa acusar alguém por estupro com base nas evidências e provas apresentadas”.
O processo civil continuará em andamento, já que depende de menos provas de materialidade e autoria do que as acusações criminais que envolvem o atleta.
(Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL)