15 mulheres alegam que foram assediadas por ex-empregados dos Redskins
Casos de agressões verbais e assédios sexuais ocorriam no ambiente de trabalho da franquia
“A cultura é realmente muito boa”, afirmou Bruce Allen, ex-presidente do Washington Redskins, que definiu a franquia dessa forma durante uma entrevista coletiva em 2019. Posteriormente, o mandatário foi demitido após quase 10 anos na equipe.
Voltando para 2020 e meses após a entrevista, o jornal americano Washington Post publicou nesta quinta-feira (16) uma matéria denunciando graves problemas no ambiente de trabalho da franquia. Foram entrevistadas 15 mulheres que denunciaram casos de agressões verbais e assédios sexuais por ex-funcionários da franquia.
Entre as 15 moças, apenas uma se identificou e mostrou seu rosto: Emily Applegate. Funcionária da equipe em 2014 e 2015, ela descreve que trabalhar lá “foi a experiência mais miserável” de sua vida. Segundo a entrevistada, as alegações estão presentes na franquia na maior parte da “era Snyder”. O dono dos Redskins, Dan Snyder, adquiriu a franquia em 1999 e os relatos vão de 2006 até 2019.
Segundo a ex-funcionária, os abusos no ambiente de trabalho eram comentários indesejados de cunho sexual, observações sobre vestuário utilizado ou até mesmo obrigar funcionárias a flertar com clientes para fechar negócios. “Nós toleramos isso porque sabíamos que se a gente reclamasse — e eles lembravam nós sobre — teriam outras mil pessoas lá foram que aceitariam o nosso trabalho em um piscar de olhos”, afirmou Emily.
Os funcionários apontados pela matéria que cometiam os assédios e agressões verbais seriam: Larry Michael, Alex Santos, Richard Mann II, Dennis Greene e Mitch Gershman. Snyder não foi acusado disso diretamente, apenas foi citado como conivente com o que ocorria.
Larry Michael era vice-presidente sênior de conteúdo e locutor do time. Era conhecido também como a “Voz do Washington Redskins”. Foi acusado por sete ex-funcionárias de discutir rotineiramente a aparência de colegas de trabalho de forma sexual com conotações depreciativas. Inclusive com um caso de ser pego falando sobre isso com microfone ligado. Michael anunciou aposentadoria nesta quarta-feira (15), após 16 temporadas em D.C. e um dia antes da matéria do Washington Post ser publicada.
Alex Santos, vice-presidente de elenco, e Richard Mann II, assistente do vice-presidente de elenco, foram demitidos no domingo, antes da franquia anunciar a aposentadoria do nome. Santos foi acusado por funcionárias e repórteres setoristas de assédio. Incluindo um caso com Rhiannon Walker, jornalista do The Athletic, que está em investigação. Já Mann fazia comentários indecentes sobre colegas de trabalho, incluindo mensagens de texto que o jornal disponibilizou as capturas de tela.
Dennis Greene, ex-presidente de negócios operacionais, pedia para funcionárias usarem blusas decotadas, saias justas e flertar com clientes. O dirigente deixou a franquia em 2018, após 17 anos no time, depois de revelado envolvimento com venda de acessos para um evento de fotografia de líderes de torcida na Costa Rica em 2013. Outro escândalo que envolve a alta cúpula da franquia. Por fim, Mitch Gershman, ex-chefe do escritório de operações, foi denunciado por três ex-funcionárias, incluindo Applegate, por fazer comentários assediadores.
Não existem denúncias contra Dan Snyder, dono da franquia, e Bruce Allen, ex-presidente. Porém, ambos expressaram ceticismo quando ouviam sobre as denúncias. “Eu diria que Bruce [Allen] sabia, porque ele estava sentado a 10 metros de mim… e me viu chorando na minha mesa várias vezes por semana ”, contou Applegate.
Posição da franquia
O Washington Redskins ainda não soltou alguma nota oficial sobre o assunto. Segundo Adam Schefter, da ESPN americana, Dan Snyder já se movimenta juridicamente. Nesta quinta-feira (16), a advogada Beth Wilkinson, da Wilkinson Walsh, foi contratada para rever os protocolos da franquia e pesquisar a fundo o histórico da equipe.
As notícias sobre abusos e assédios em ambientes de trabalho do Washington Redskins surgiram logo após a equipe aposentar o nome “Redskins” na última segunda-feira (13). A partir do início da semana, diversos jornalistas locais e setoristas começaram a anunciar que teriam “péssimas notícias” durante a semana e que não poderiam falar os detalhes.
(Foto: Reprodução Twitter/Washington Redskins)