Cameron Heyward acredita que os Steelers estarão unidos se optarem por protestar
Defensive end diz que qualquer tipo manifestação pública do time de Pittsburgh em campo deverá ser em conjunto
Cameron Heyward é um dos jogadores da NFL mais engajados no que se trata de se posicionar contra a injustiça social nos EUA. E nesta quinta-feira (18), em entrevista para a Associated Press, o defensive end do Pittsburgh Steelers afirmou que acredita que se os jogadores da franquia optarem por protestarem durante a temporada de 2020 da liga, todos apoiarão a causa e farão isso juntos, já que as manifestações atuais fazem com que atletas profissionais, mais uma vez, tentem descobrir como usar sua plataforma para provocar mudanças no país.
Heyward é um dos líderes da franquia, está há nove anos com os Steelers e é o capitão da defesa. Ele enfatizou que todos têm voz no vestiário da equipe e espera que qualquer exibição pública da equipe em campo seja de união, com todos aderindo a causa.
“Acho que queremos permanecer unidos no que fazemos e no que queremos realizar”, disse Heyward ao jornalista da AP Will Graves. ”O treinador [Mike Tomlin] sempre me disse que se nós vencermos o Super Bowl, isso não será o suficiente na cidade de Pittsburgh. Nós também queremos deixar mudanças duradouras entre a nossa comunidade. Para nós, estamos tendo a oportunidade de quebrar paradigmas, ser indivíduos e afetar nossa comunidade [fora do campo]”.
Cameron Heyward só não quer que a situação ocorrida durantes os protestos do time em 2017 se repita, quando houve uma falha de comunicação entre os jogadores do elenco com o left tackle e veterano do exército, Alejandro Villanueva, no jogo contra o Chicago Bears no Soldier Field. No dia em questão, o defensor e seus companheiros de equipe ficaram no túnel dos vestiários e o OL foi visto mais à frente da saída, cantando o hino nacional com a com a mão sobre o coração. Já os outros 52 jogadores não foram vistos – e isso se tornou um ponto de inflamação no debate sobre o que é e o que não é a maneira correta de protestar.
Quase três anos depois, Heyward diz que essa questão levantada ainda dói. “A coisa que me irrita com isso é que o que estávamos tentando fazer era ficar fora dos holofotes e ficar de cabeça baixa. Saber que éramos vistos como se tivéssemos deixado um de nossos irmãos de fora, deixado o Al (Alejandro Villanueva) de fora sozinho, dói”.
Contudo, Villanueva afirmou que ser visto na saída do túnel foi um acidente e que todo o time estava unido e concordava com os protestos. Já Cam Heyward não está preocupado com os Steelers cometendo esse erro novamente.
Heyward está confiante que o clima em 2020 é mais aberto ao diálogo honesto em comparação a 2017, quando mais atletas aderiram aos protestos de Colin Kaepernick se ajoelhando durante o hino nacional para chamar a atenção para a brutalidade policial contra pessoas negras e pobres em 2016.
“Foi mais difícil [em 2017] porque eu senti que ninguém realmente fez algo pelos problemas que Colin estava falando na época. Eles estavam mais preocupados com o que ele estava fazendo do que com sua mensagem. Acho que desta vez você vê as evidências e o que ele estava falando. Não é como se estivessem soprando fumaça. Esses são problemas reais que afetam nossas comunidades e essa é uma chance de muitos caras falarem. Todos temos antecedentes e todos vimos essas tragédias acontecerem. Isso precisa parar”.
O jogador de 31 anos, que tem futuro incerto nos Steelers, pediu mais recursos para os agentes da lei e que haja um banco de dados nacional para que se possa rastrear reclamações contra policiais.
“Se você tiver uma reclamação prévia, ela precisa ser apresentada. Não há razão para você voltar à rua. Não deve haver razão para que a cor da minha pele ou a cor da pele do meu filho ou a cor da pele do meu amigo deva ameaçar você”.
Enquanto isso, Cameron Heyward disse que está em contato com seus companheiros de equipe todos os dias e está confiante de que pode ser feito progresso social a partir de tudo isso.
(Foto: Reprodução Twitter/Cameron Heyward)