Brian Flores processa a NFL e todos os 32 times por discriminação racial
Ex-head coach do Miami Dolphins afirma que está disposto a arriscar a própria carreira para expor práticas discriminatórias da liga
Brian Flores, ex-head coach do Miami Dolphins, abriu um processo contra a NFL por práticas de discriminação racial nesta terça-feira (1º).
Elencando diversos episódios e citando outras evidências, como a ausência de técnicos e coordenadores negros em times da NFL, Brian Flores pretende promover uma mudança na NFL. O ex-head coach, que segue apontado como candidato a assumir o cargo em outras franquias, afirmou que está disposto a abrir mão da carreira para garantir que a liga assuma uma nova postura.
“Deus me abençoou com um talento especial para ser técnico de futebol americano, mas a necessidade de mudança é maior do que meus objetivos pessoais. Eu compreendo que posso estar arriscando minha carreira como técnico no esporte que amo e que já fez tanto por mim e pela minha família. A minha esperança é que, ao me posicionar contra o racismo sistêmico da NFL, outros se juntarão a mim para garantir que mudanças positivas sejam feitas para as gerações que vierem”.
Flores apresenta os números para reforçar o argumento: há apenas um head coach negro na NFL (Mike Tomlin, do Pittsburgh Steelers), quatro coordenadores ofensivos e 11 coordenadores defensivos. Além das estatísticas, o técnico também citou alguns episódios pessoais.
Miami Dolphins, Denver Broncos e New York Giants estiveram envolvidos nesses três casos, e são as únicas franquias citadas nominalmente na ação. As outras 29 são referidas apenas como “John Does”, termo genérico utilizado pelo judiciário dos Estados Unidos.
Com os Dolphins, Flores cita dois acontecimentos. Primeiro, na temporada de 2019, o ex-head coach revelou que recebeu uma proposta do proprietário da franquia, Stephen Ross. Flores receberia US$ 100 mil para cada jogo perdido. Na ocasião, os Dolphins disputavam a primeira escolha geral do Draft. O time venceu cinco partidas na temporada, o que teria deixado Ross furioso por “prejudicar a posição no Draft”.
O segundo episódio envolvendo Ross e a franquia de Miami ocorreu no início de 2020. Flores afirma ter sido convidado para um almoço no iate de Ross. O proprietário dos Dolphins teria então informado ao head coach que um “proeminente quarterback”, não nomeado no processo, se juntaria aos dois no encontro. Flores, então, recusou o convite, que violaria as regras de tampering da NFL. A partir de então, o ex-head coach afirma que passou a ser tratado com desdém e “como uma pessoa difícil de trabalhar”.
Com os Broncos, o episódio citado é uma entrevista de 2019 para o cargo de head coach. Na ocasião, o então general manager John Elway, o CEO Joe Ellis e outros executivos chegaram para o compromisso com uma hora de atraso. Além disso, Flores alega que todos os executivos aparentavam estar de ressaca.
“Eles estavam completamente desarrumados, e era óbvio que haviam passado a noite anterior bebendo”.
De acordo com Brian Flores, a entrevista serviu apenas para cumprir a exigência da Rooney Rule, que obriga times a entrevistarem ao menos um candidato pertencente a minorias.
Já o caso envolvendo os Giants teria acontecido recentemente. Flores revelou ter recebido uma mensagem do head coach do New England Patriots, Bill Belichick, com felicitações por ter conquistado o cargo de head coach em New York. No entanto, Belichick se corrigiu, afirmando ter confundido Flores com Brian Daboll, o contratado da franquia.
De acordo com o ex-head coach dos Dolphins, a mensagem chegou dias antes de ser entrevistado pelos Giants, o que indicava que a franquia teria agendado o encontro como uma mera formalidade para cumprir a Rooney Rule. Flores afirmou que foi “humilhado” durante o processo com o time de New York.
Em resposta, os Giants publicaram um comunicado afirmando que “Brian Flores esteve na discussão para ser o nosso head coach até a 11ª hora. No fim, contratamos o indivíduo que acreditávamos ser mais qualificado para o cargo”.
A NFL também se pronunciou oficialmente a respeito da ação de Flores. Por meio de um comunicado, a liga desmentiu as acusações do ex-head coach.
“A NFL e nossos clubes estão profundamente comprometidos em garantir práticas de igualdade nos empregos, e continuamos a progredir ao fornecer oportunidades iguais por meio das nossas organizações. A diversidade é o centro de tudo o que fazemos, e há poucas questões além dessa nas quais nossos clubes e de nossas lideranças internas investem um tempo maior. Nós iremos nos defender dessas três acusações, que não têm mérito”.
(Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL)