Brian Flores desabafa sobre injustiça racial e fala em “honestidade, transparência e empatia”
Em nota, treinador do Miami Dolphins fala que terminou amizades por discussões sobre o tema e cita Colin Kaepernick
Os recentes episódios de injustiça racial, liderados pelo caso de George Floyd, têm despertado muitos sentimentos nos Estados Unidos – e no esporte isso não é diferente. Dessa vez, coube ao head coach do Miami Dolphins, Brian Flores, mostrar toda sua indignação com o modo como imprensa e dirigentes estão conduzindo e reagindo a essas situações – e ele não deixou barato.
Um dos quatro técnicos pertencentes a minorias na NFL, Flores desabafou em uma nota emitida pelos próprios Dolphins nesta sexta-feira (29). Segundo ele, os recentes acontecimentos fizeram o relembrar de momentos nos quais “pessoas muito poderosas” com quem mantinha contato negligenciavam as lutas contra a desigualdade racial, citando Colin Kaepernick como grande exemplo.
George Floyd foi morto na segunda-feira passada (25) após uma abordagem policial na qual o oficial Derek Chauvin o asfixiou pressionando seu pescoço contra o chão utilizando o joelho por mais de oito minutos. Além de gerar uma onda de protestos por todo o país, o episódio envolvendo o ex-segurança e a conduta extremamente agressiva do policial causou comoção na comunidade esportiva – diversas personalidades compartilharam suas opiniões e críticas sobre o assunto.
Confira a nota de Brian Flores na íntegra:
“Eu tive o privilégio de fazer parte de diferentes círculos que incluíram algumas pessoas muito poderosas e influentes de todas as etnias e gêneros. Os eventos das últimas semanas me trouxeram algumas memórias daqueles diálogos. Eu me lembro muito bem quando falaram sobre Colin Kaepernick. ‘Nunca desrespeite a bandeira’ foi a frase que eu mais ouvi. Essa ideia de que os os jogadores estavam ajoelhando como ato de justiça social foi algo que alguns não conseguiram compreender. A indignação que eu vi na mídia e a raiva que eu percebi em algumas das minhas conversas privadas me forçaram a acabar com amizades de longa data.
Mais recentemente, eu participei de reuniões para incentivar os times a contratar minorias. Novamente, houve certa indignação na mídia e suposições que isso iria causar uma divisão entre técnicos, dirigentes e donos. Eu trago essas situações porque eu não vejo essa mesma indignação de pessoas influentes quando as conversas são sobre Ahmaud Arbery, Breonna Taylor e agora George Floyd. Muitas pessoas que expressam suas opiniões sobre ajoelhar ou sobre contratar minorias não parecem ter uma opinião sobre os recentes assassinatos desses jovens. Muitos deles dizem timidamente que ver George Floyd clamando por ajuda é uma das coisas mais horríveis que eles já viram, mas é algo dito entre eles, onde ninguém consegue ouvir. Transmitir essa opinião claramente não é importante o bastante.
Conduzo um grupo de jovens que tem potencial para fazer um grande impacto no mundo. Minha mensagem para eles e para quem quiser ouvir é que honestidade, transparência e empatia podem unir pessoas e realizar mudanças. Espero que as tragédias das últimas semanas toquem nossos corações e mentes para um jeito melhor de se comunicar, tomara que essa mudança aconteça”.
Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL