Aaron Rodgers rompe silêncio e explica insatisfação com front office dos Packers
Em primeiro comentário público a respeito da crise nos Packers, quarterback aponta "mudança de filosofia" como principal causa
Aaron Rodgers enfim se pronunciou a respeito do rompimento com o front office do Green Bay Packers. O quarterback participou do programa Sportscenter, da ESPN americana, nesta segunda-feira (24) e explicou o que acredita ter causado a crise.
A edição do noticiário marcou a última aparição do âncora Kenny Mayne, que deixará o canal esportivo após 27 anos. Como “presente de despedida”, Aaron Rodgers aceitou conceder a primeira declaração pública desde o início da controvérsia com os Packers.
O quarterback fez questão de deixar claro que não possui problemas pessoais com Jordan Love. Rodgers exaltou a relação positiva com o novato, e apontou a “filosofia” do front office como maior responsável pela situação atual.
“Quanto à minha situação: isso nunca teve relação com a escolha do Draft, a seleção de Jordan. Eu adoro Jordan. Ele é um ótimo garoto, e nos divertimos muito trabalhando juntos. Eu adoro nossos técnicos, meus companheiros de time, e amo a torcida de Green Bay. Foram 16 anos incríveis. Mas isso tem relação com uma filosofia, que talvez tenha esquecido que são pessoas que fazem as coisas funcionarem. É sobre caráter, é sobre uma cultura, é sobre fazer as coisas da forma certa”.
Rodgers imagina que a saída dos Packers foi definida com a seleção de Love. Entretanto, o quarterback acredita que a atuação na última temporada, sendo eleito o MVP, acabou atrapalhando os planos do front office.
“Isso foi colocado em prática no ano passado, mas eu atrapalhei os planos quando ganhei o MVP e joguei daquela forma na última temporada. O que está acontecendo agora, acredito, é apenas o que transbordou de lá. Mas é sobre pessoas, e isso é o mais importante. Green Bay sempre foi feita por pessoas – de Curly Lambeau fundando a franquia, a Vince Lombardi e Bart Starr nos anos 60, a todos os grandes nomes do time nos anos 90 como Mike Holmgren, Brett Favre e Reggie White até a sequência incrível que estabelecemos agora. Essa franquia é feita por pessoas”.
O quarterback ressaltou o argumento em seguida, afirmando que a nova filosofia de trabalho dos Packers teria deixado esses valores de lado.
“Eu acho que as pessoas às vezes esquecem o que realmente constrói uma organização. A história é importante, o legado de todos os que vieram antes. Mas as pessoas são o mais importante. São as pessoas que realmente fazem uma organização, uma empresa, e às vezes isso é esquecido. Uma cultura é construída tijolo a tijolo. A base é construída por pessoas, não pela organização, não pelo prédio, não pela corporação. É construída por pessoas. Eu fui muito sortudo por jogar com muitas pessoas incríveis, e trabalhei com pessoas incríveis também. E foram essas pessoas que construíram a base dessa entidade. Acho que às vezes nos esquecemos disso”.
Como protesto contra a atual situação, Rodgers não compareceu às OTAs dos Packers, iniciadas nesta segunda-feira. Embora a participação nessas atividades seja opcional, o quarterback abrirá mão de um adicional de US$ 500 mil ao não estar lá. O atual MVP não confirmou a presença no restante dos treinamentos desta offseason.
Os Packers ainda terão um minicamp de presença obrigatória. Caso não compareça a nenhum dos três dias de atividade, Rodgers poderá pagar uma multa de US$ 93.085. No training camp, a punição aumenta para US$ 50 mil por dia perdido. Já nos jogos de pré-temporada, o quarterback precisará abrir mão de uma semana de salário por partida perdida.
Enquanto isso, o empasse continua entre os dois lados. As saídas apontadas, além de uma improvável reconciliação, seria a demissão do general manager Brian Gutekunst, uma troca ou até mesmo a aposentadoria, que não é descartada por Aaron Rodgers.
(Foto: Reprodução Twitter/Around The NFL)