Aaron Rodgers explica motivos por não ter se vacinado contra COVID-19
Quarterback dos Packers dispara teorias comprovadamente falsas e afirma ser um "defensor da liberdade"
Aaron Rodgers esteve no centro das atenções da NFL nesta semana. Fora do jogo contra o Kansas City Chiefs devido à COVID-19, Rodgers não está vacinado e descumpriu abertamente os protocolos estabelecidos pela NFL. Nesta sexta-feira (5), em uma participação no podcast Pat McAfee Show, o quarterback se pronunciou publicamente a respeito do caso pela primeira vez.
Ainda em agosto, Aaron Rodgers declarou que estava “imunizado” contra a doença. No entanto, como revelado agora, não passou de um jogo de palavras. O quarterback não recebeu nenhuma dose das vacinas disponíveis nos Estados Unidos. Nesse caso, o jogador dos Packers afirmou que “não mentiu” ao revelar a informação.
“Antes de mais nada, eu não menti durante a entrevista coletiva. Naquela época, havia uma caça às bruxas ao redor da liga, em que todos da imprensa estavam procurando saber quem estava e quem não estava vacinado. […] Meu plano era dizer que estava imunizado. Não foi enganação ou mentira. Era a verdade, e vou explicar sobre a imunização depois”.
Rodgers alegou ser alérgico a alguns componentes presentes nas vacinas produzidas pelas farmacêuticas Pfizer e Moderna, mas admitiu ter recusado o imunizante produzido pela farmacêutica Janssen por opção própria. O quarterback afirmou que foi orientado com relação aos possíveis efeitos colaterais, e concluiu que contrair e se recuperar da doença seria mais “seguro” do que uma possível reação aos imunizantes.
Vale ressaltar que as vacinas citadas já foram testadas e aprovadas pela agência de saúde pública dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), sendo comprovadamente seguras para uso e altamente eficazes na prevenção à COVID-19.
“Sou um cara que tem pensamento crítico. Eu acredito firmemente em autonomia sobre o próprio corpo e na possibilidade de tomar decisões com relação a isso. Não sou um negacionista, anti-vacina, terraplanista ou alguma coisa do tipo. Só quis tomar a melhor decisão para o meu corpo”.
Rodgers afirmou ter “estudado a respeito do assunto” e “consultado especialistas” na área médica antes de tomar a decisão.
“Isso envolveu muito estudo ao longo da offseason . Eu dediquei muito tempo e energia a essas pesquisas e me encontrei com muitas pessoas diferentes da área médica para adquirir a maior quantidade possível de informações sobre vacinas antes de tomar a minha decisão”.
O quarterback explicou ter feito o uso de um coquetel de medicamentos. A decisão foi tomada após se consultar com o apresentador e comediante Joe Rogan, que teria recomendado o uso do coquetel.
“Eu me consultei com um grande amigo, Joe Rogan, que teve COVID-19, e estou fazendo tudo o que ele recomendou conversando por telefone e também no podcast dele. Estou tomando anticorpos monoclonais, ivermectina, zinco, vitaminas C e D e hidroxicloroquina, e me sinto incrivelmente bem”.
Vale ressaltar que, enquanto o uso de anticorpos monoclonais no combate à COVID-19 ainda está em estudo, os outros medicamentos citados por Rodgers são comprovadamente ineficazes para prevenção e tratamento da doença. Além disso, o uso indiscriminado de ivermectina e hidroxicloroquina pode trazer prejuízos à saúde.
Rodgers seguiu defendendo as atitudes, afirmando que foi testado regularmente. No entanto, o quarterback admitiu ter se recusado a utilizar máscaras e a manter o distanciamento mínimo de exigido para jogadores não vacinados durante coletivas de imprensa.
“Sei que estou na mira da máfia do politicamente correto. Então, antes que a cultura de cancelamento coloque o último prego em meu caixão, gostaria de esclarecer as mentiras que circulam por aí. Eu fui testado mais de 300 vezes e provavelmente fui contaminado por um jogador vacinado. […] Segui todos os protocolos à risca, exceto aqueles que, para mim, não faziam nenhum sentido”.
É necessário esclarecer que, enquanto a vacinação não garante imunidade absoluta contra a COVID-19, a aplicação das vacinas reduz a chance de infecção e diminui drasticamente a possibilidade de desenvolver formas sintomáticas e graves da doença.
Por fim, Aaron Rodgers citou Martin Luther King e definiu a situação como uma “caça às bruxas”.
“O grande MLK disse: ‘você tem a obrigação moral de se opor a regras injustas e a regras que não fazem sentido’. […] Eu me sinto muito bem, e se estivesse apenas gripado, estaria jogando no domingo. Espero que possamos dar um passo adiante, parar com as mentiras e com a caça às bruxas”.
Devido ao protocolo da NFL para jogadores não vacinados, Aaron Rodgers deverá ficar afastado por um mínimo de dez dias. Depois, precisará de dois testes negativos com um intervalo mínimo de 24 horas entre ambos. Sem Rodgers, o Green Bay Packers visitará o Kansas City Chiefs neste domingo (7). Jordan Love, escolhido na primeira rodada do Draft de 2020, fará a estreia como titular.
(Foto: Reprodução Twitter/Green Bay Packers)