AAF suspende operações e futuro da liga é colocado em xeque
Alliance não consegue chegar a acordo com a NFLPA e pode encerrar as atividades de forma definitiva
A AAF pode chegar ao fim antes mesmo da conclusão desta temporada. A ESPN americana e o site Pro Football Talk informaram nesta terça-feira (2) que a liga suspenderá as operações. A decisão tem efeito imediato e deve ocorrer já nesta quarta-feira (3).
Bill Polian, co-fundador da liga, confirmou em comunicado a Chris Mortensen, da ESPN, que a decisão é dono da Alliance of American Football, Tom Dundon. “Estou extremamente decepcionado por saber que Tom Dundon decidiu suspender todas as operações de futebol americano da Alliance of American Football. “Quando o sr. Dundon assumiu, eu e meu co-fundador, Charlie Ebersol, acreditávamos que encerraríamos a temporada, pagaríamos nossos credores e faríamos os ajustes necessários para seguir em frente numa maneira que fizesse sentido economicamente”, afirmou Polian.
Ainda na nota, Polian deixa claro que não concorda com a decisão, deixando bem claro que ela é de Dundon. “Eu sinceramente lamento que todos aqueles que acreditaram nesse projeto vejam suas esperanças e esforços não sendo recompensadas”, seguiu. “Eles deram seu melhor e eu sou muito grato por isso. Infelizmente, o sr. Dundon decidiu seguir este caminho”.
O ano de estreia da AAF foi marcado por problemas. Já na primeira semana de jogos, a liga foi salva por um investimento emergencial de US$ 250 milhões feito por Tom Dundon, que também é dono do Carolina Hurricanes na NHL. Ele assumiu efetivamente como novo proprietário. Na última quarta-feira (27), o Pro Football Talk revelou que Dundon já considerava a possibilidade de cortar os investimentos na liga. A oitava semana de jogos estava garantida, mas não havia qualquer garantia para a sequência da temporada.
O proprietário da liga buscou um acordo com a NFLPA para liberar empréstimos de jogadores. A AAF busca, desde o início, firmar-se como uma liga de desenvolvimento para a NFL. No entanto, para contar com jogadores da liga principal, a Aliance precisaria entrar em acordo também com a associação de jogadores.
O acordo permitiria que a AAF utilizasse jogadores de practice squad da NFL e também aqueles com um contrato no modelo futures. Atualmente, a Alliance oferece contratos de três anos no valor total de US$ 250 mil, sem garantias. Com o empréstimo, a liga pagaria somente um adicional por partidas e assumiria em definitivo o papel de desenvolver novos jogadores.
As negociações esbarraram em duas barreiras. A primeira é a das garantias financeiras. Os jogadores teriam direito às mesmas garantias financeiras existentes na NFL em caso de lesão. No entanto, a NFLPA não aceitou a proposta, já que isso exigiria mudanças no acordo atual. Além disso, fontes próximas à associação não gostaram de declarações dadas por Tom Dundon e que deixavam o futuro da AAF “nas mãos da NFLPA”.
A segunda barreira é a suspensão das leis antitruste. O acordo obrigaria a NFL a ceder jogadores para outras ligas de futebol americano. Com um possível retorno da XFL já em 2020, isso efetivamente criaria a possibilidade de auxiliar uma eventual concorrente direta.
Caso as operações da AAF sejam de fato suspensas já nesta semana, o futuro da liga é incerto. Dundon pode optar por apenas retirar o apoio financeiro, abrindo espaço para outro investidor. De acordo com o Pro Football Talk, a Alliance precisa de US$ 20 milhões para chegar ao fim da atual temporada.
Ainda restam quatro semanas de jogos, sendo duas na fase regular e mais duas nos playoffs. O Final Four aconteceria no dia 21 deste mês, e a final no dia 27. Orlando Apollos e Birmingham Iron estão garantidos na Conferência Leste, enquanto San Antonio Commanders e Arizona Hotshots estão a um jogo da vaga no Oeste. A liga voltou a ganhar destaque recentemente com a contratação de Johnny Manziel pelo Memphis Express.
(Foto: Reprodução site oficial/AAF)
*Atualizado em 2 de abril de 2019, às 18h02