[PRÉVIA] Final March Madness: Gonzaga x Baylor
Gonzaga chega para decisão sonhando com título invicto, enquanto Baylor tenta ser a zebra da vez
A grande decisão do March Madness ocorre nesta segunda-feira, dia 05, às 22h20, em Indianápolis. O jogo entre #1 Gonzaga e #1 Baylor marcará um campeão nacional inédito. E para Gonzaga um outro fator pode ser histórico: o time ainda não foi derrotado na temporada. Desde 1976, quando Indiana foi a vencedora, o torneio não tem um campeão invicto.
Gonzaga chega do maior jogo do ano no College Basketball. A vitória por 93 a 90 contra UCLA entrou para os livros como um dos melhores jogos de Final Four em todos os tempos. Com uma cesta milagrosa de Jalen Suggs, os Bulldogs confirmaram a passagem para a decisão. São 32 vitórias no ano e os Bruins foram quem mais chegaram perto de quebrar essa marca.
Já Baylor não teve tantas dificuldades em um duelo contra Houston. Os Bears dominaram com facilidade os Cougars e contaram com ótima atuação de Jared Butler. A vitória por 78 a 59 foi a 27ª na temporada. O time acumula apenas duas derrotas durante toda caminhada. A primeira para Kansas (71 a 58) e a segunda para Oklahoma State (83 a 74).
Os times deveriam ter se enfrentado em dezembro pela temporada regular. Porém, devido a uma pausa por várias equipes terem problemas com a COVID-19, o jogo entre as universidades acabou cancelado. Contudo, destino é destino. A temporada que marca o retorno do March Madness irá apresentar o confronto entre duas número 01 nos seeds.
No retrospecto geral, uma vitória de Baylor seria surpreendente. Não só pelo claro favoritismo de Gonzaga. De acordo com o histórico do site Sports Reference, os Bears nunca derrotaram os Bulldogs em cinco confrontos, desde 1991. Inclusive o último embate entre eles aconteceu em 2019. Num show de Brandon Clarke, hoje no Memphis Grizzlies, que anotou 36 pontos naquela noite, Gonzaga venceu por 83 a 71. Butler por Baylor e Corey Kispert pelos Bulldogs estavam naquele dia em quadra e também estarão na decisão.
#1 Gonzaga Bulldogs (31-0)
O time dos Bulldogs é literalmente uma máquina de moer adversários. Para se ter uma ideia do poder que essa equipe tem, foram 27 jogos seguidos vencendo por pelo menos dois dígitos de diferença até a partida de sábado contra UCLA. Uma defesa sólida com um ataque que tem um instinto assassino faz com que Gonzaga seja um terror para qualquer rival.
Drew Timme tem sido o grande nome do March Madness até aqui. São 19 pontos e 7.2 rebotes de média por jogo no torneio até aqui. Em três dos cinco jogos na pós temporada, o ala-pivô arremessou para mais de 70% de aproveitamento. A fase é ótimo e deve ser bastante explorada pelos Bulldogs no confronto final. Foram 25 pontos contra UCLA nas semifinais.
Outros dois atletas merecem bastante atenção: Corey Kispert e Jalen Suggs. O primeiro é um arremessador de elite. Em seu último ano no College, Kispert foi eleito para o time ideal ao fim da temporada regular. 44% de seus chutes de três tem como direção o alvo. Mesmo em uma noite abaixo do que pode apresentar, como foi contra os Bruins no sábado, o sênior deixou 15 pontos na conta para seu time.
Já Suggs foi o grande herói da classificação. Sua cesta espírita correu o mundo como um dos lances mais impressionantes nos esportes no final de semana. O armador, que está em seu primeiro ano e provavelmente único no College, tem médias 14.4 pontos por jogo. Mas seu impacto no sistema ofensivo é imensurável. É ele quem faz o time rodar e tem bom aproveitamento em seus chutes. O título passará por essas mãos caso venha para Gonzaga.
#1 Baylor Bears (27-2)
Os Bears engrenaram de acordo com o campeonato. Não que o começo com vitórias sobre Hartford (79-55) e Wisconsin (76-63) tenham sido difíceis ou apertadas. Porém, a partir do confronto com Villanova foi possível enxergar o potencial dominante que essa equipe é capaz de ter. E isso tudo é muito graças ao poder que o trio Jared Butler, MaCio Teague e Davion Mitchell.
Butler é a estrela da companhia. Com uma atuação soberba, foi o grande nome do time no triunfo diante Houston nas semifinais. Com um aproveitamento de 80% na linha de três, castigou os Cougars o quanto pôde. Na temporada, são 16.6 pontos de média por jogo. Após o péssimo jogo, individualmente falando, contra Villanova, o camisa 12 reassumiu o posto de nome dos Bears.
Teague vem com uma temporada de 15.8 pontos por jogo, sendo uma válvula de escape importante para Baylor. É interessante a forma como se posiciona bem para aproveitar alguns rebotes no meio dos gigantes. Nas semis, adicionou seis assistências ao seus números. Já Mitchell faz o melhor ano no College. 14 pontos por jogo, além de 5.5 assistências. Mas o armador também tem uma característica única para o time: na hora em que precisa ser feito o trabalho sujo na defesa, de marcar a estrela rival, geralmente esse fardo cai em suas costas.
O que observar na decisão?
A final poderia ser uma exibição unilateral de Gonzaga. Porém, as semifinais do Final Four mostraram que se o gigante ainda não foi derrotado, ele é capaz de sangrar. UCLA mostrou um importante caminho para que Baylor passe a sonhar com um possível título. E muito disso irá passar por um matchup específico: Davion Mitchell (Baylor) vs Jalen Suggs (Gonzaga).
Suggs é para muitos o melhor jogador do país. E Mitchell foi o grande vencedor do Naismith Defensive Player of The Year. Somente essas credenciais já deixariam qualquer um na expectativa. Some a isso o crescimento defensivo de Baylor durante a competição e temos a receita mágica: será que Mitchell anulará a estrela rival? Contra Houston, Mitchell não cometeu turnover, distribuiu 11 assistências e foi capaz de travar o jogo de Quentin Grimes e Marcus Sasser.
Esse confronto em específico pode definir os rumos da partida. Caso o armador de Baylor consiga travar o jogo do armador rival, o time pode chegar aos minutos finais com chances contra a melhor equipe da temporada. Esta foi a grande lição deixada por UCLA: sobreviva ao avassalador meio de jogo de Gonzaga. Para isso, é extremamente necessário parar Suggs.
Outro bom confronto será entre Butler e Kispert na linha dos três pontos. É o famoso sistema de ação-resposta. Se espera que Kispert seja o escape para os momentos que o garrafão estiver fechado, chutando de longe. Ao espelharmos os times, essa missão em Baylor cabe em muitos momentos para Butler. Será também preciso igualar isso, a tendência é de placar próximo durante o embate. Do contrário, Kispert já se provou como um arremessador de elite e irá castigar demais os Bears.
Alguém para ficar de olho no draft?
Se olharmos para o próximo draft da NBA, a tendência é que Cade Cunningham (Oklahoma State) seja a primeira escolha. O atleta, inclusive, acabou de se declarar para a seleção. Contudo, existem jogadores que estão na grande final que merecem destaque. Obviamente o principal deles é Jalen Suggs (Gonzaga). Após ótimo March Madness, o armador é esperado para aparecer no Top 3. Inclusive, não seria um absurdo tão grande cogitá-lo na posição 01. Contudo, Cunningham ainda é extremamente favorito ao posto.
Ainda por Gonzaga, Corey Kispert está cotado para chegar no fim do Top 10 em qualquer equipe. E mais dois nomes merecem um olhar especial: Joel Ayayi e Drew Timme. O primeiro pode aparecer no final da primeira rodada, o segundo é uma boa escolha para os times que tem picks no meio da segunda rodada e devem ser escolhidos na noite da seleção.
Por Baylor, a incrível capacidade de se doar dos dois lados da quadra deve fazer Davion Mitchell uma escolha de primeira rodada. O jogador é projetado para o Top 15 da próxima seleção de jogadores. Próximo a ele, Jared Butler também pode sair ainda na rodada inicial, porém um pouco mais para o final.
Afinal, quem será o vencedor?
A resposta automática aqui seria Gonzaga. E não só pela campanha invicta. O time empurra seus rivais para a defesa e se impõe de maneira avassaladora. A certeza seria maior ainda, mas a exibição na semifinal de UCLA provou que eles podem perder. O que Baylor precisa é sobreviver até os minutos derradeiros. Lá, no famoso “Clutch Time”, é terra de ninguém. Quem chegar mais inteiro, irá vencer.
Para isso, Mitchell precisa marcar Suggs como nunca marcou. Kispert e Timme se não forem parados, terão de ser igualados. Jared Butler precisa estar com as mãos quentes como nas semifinais e castigar Gonzaga de longe. Flo Thamba e Jonathan Tchamwa Tchatchoua terão que dominar o garrafão para os Bears e evitarem que os Bulldogs tenham novas chances de arremesso. É a única saída para que Baylor vença: uma noite perfeita.
Do contrário, Suggs irá coordenar, Kispert irá castigar e Timme se tornará um monstro fora de controle. Assim, Gonzaga vai dominar desde o começo, cansar os adversários e coroar uma temporada perfeita, invicta, que entrará para a história da universidade como seu primeiro título. A tendência maior é essa. Gonzaga deve se sagrar campeã com uma vantagem entre cinco e dez pontos. Mas nunca duvide do improvável. UNLV (1991) e Kentucky (2015) também chegaram a decisão invictas, porém sucumbiram no momento final.
Lances de Gonzaga e Baylor no March Madness:
Foto 1: Montagem Twitter / March Madness
Foto 2: Twitter/ Gonzaga
Foto 3: Twitter/ Baylor
Foto 4: Twitter / Baylor
Foto 5: Twitter / Gonzaga
Foto 6: Twitter / Gonzaga