[PRÉVIA] Final College Football: #1 Alabama vs. #3 Ohio State
Crimson Tide e os Buckeyes decidem hoje o título nacional universitário; veja as armas de cada equipe
A pandemia do novo coronavírus em 2020 acabou provocando diversos fenômenos no college football como o festival de duelos cancelados e adiados por surtos do vírus de uma ou até mesmo das duas universidades envolvidas na partida, atletas optando por não participar da temporada e “pulando” direto para o Draft da NFL, dentre outros. Porém, o que gerou mais confusão sem sombra de dúvidas foi a desarmonia no modus operandi.
Explico: as conferências possuem autonomia quanto a sua gestão. Não existe um Roger Goodell para dar a ordem final, muito menos para manter uma certa uniformidade. Logo, quando os times da primeira divisão voltaram a jogar, cada um adotou sistemas de calendário e protocolos de prevenção diferentes dos outros – sem contar as datas de estreia.
Isso acabou criando uma “despadronização” prévia e equipes disputaram quantidades bem desiguais de confrontos. É o caso das duas participantes da grande decisão. Ohio State teve a metade dos jogos de Alabama: 5 a 10. Felizmente para os Buckeyes, a Big Ten (sua conferência) e o comitê foram benevolente e os colocaram nos playoffs, provocando insatisfação de muitos fãs e analistas nos EUA.
Bem, a temporada finalmente chega ao fim nesta segunda (11) com a tão aguardada final. E aí, quem vai se sagrar campeã da edição mais polêmica, se assim podemos dizer, do futebol americano universitário?
(Foto: Reprodução Twitter/College Football Playoff)
#1 ALABAMA CRIMSON TIDE
Alabama chega ao Hard Rock Stadium, palco da decisão, com credenciais de sobra de melhor equipe do país. Da Semana 1 até o fechamento da temporada regular, o posto mais alto nunca foi severamente ameaçado. E olha que a Crimson Tide teve que enfrentar adversários duríssimos pelo caminho: Georgia, Texas A&M e a arquirrival Auburn. Tudo isso só foi possível graças ao ataque.
Se você se surpreendeu com o poderio ofensivo de LSU comandado por Joe Burrow no ano retrasado, esse setor da Crimson Tide é ainda melhor. Pelo menos é o que os números dizem. Inclusive, foi o ataque que garantiu o título da SEC contra Florida em um emocionante 52 a 46. A defesa é o elo “fraco” do time, mas também teve suas performances excepcionais (como foi o caso do segundo tempo do jogo contra os Bulldogs, no qual o adversário saiu zerado).
Na semifinal contra Notre Dame, o sistema defensivo do técnico Nick Saban e do coordenador defensivo Pete Golding neutralizou completamente a principal arma do oponente, o running back Kyren Williams. Alabama ainda contou mais uma atuação fenomenal do trio mais famoso do futebol americano universitário: o quarterback Mac Jones, o running back Najee Harris e o wide receiver DeVonta Smith. Resultado: vitória tranquila por 31 a 14.
Foto: Reprodução Twitter/Alabama
#3 OHIO STATE BUCKEYES
Discussão de quantidade de jogos à parte, Ohio State é um time de playoff. Isso é um fato. Mesmo começando a temporada bem tarde, os Buckeyes demonstraram resiliência para dominar a Big Ten – o jogaço contra Indiana representou bem isso. Na final de conferência, o excelente técnico de Northwestern, Pat Fitzgerald, neutralizou completamente o ataque aéreo adversário, mas a defesa dos Buckeyes os manteve no jogo, Trey Sermon correu para 271 jardas no segundo tempo e a equipe de Ryan Day conseguiu a virada.
O duelo contra Clemson nas semifinais não representava somente uma revanche de 2016 e 2019, quando os Tigers atropelaram e depois venceram por apenas uma posse. Mais que isso. Ohio State teve que lidar com críticas sobre pertencer ou não ao seleto grupo dos quatro indicados para o mata-mata durante toda a temporada. Críticas que a princípio vinham de fora.
Porém, quando descobriram que Dabo Swinney, técnico de Clemson, havia colocado seu adversário fora das DEZ melhore equipes do país no seu ranking (os treinadores são convidados a listar seus top 25 de maneira não-oficial toda semana) por ter uma quantidade menor de partidas disputadas, a faísca que beirava a rivalidade finalmente acendeu. Justin Fields teve a partida da vida com seis touchdowns lançados para provar que seu talento é de NFL e seu time pertence playoffs, e os Buckeyes voltam à decisão nacional depois de seis anos.
(Foto: Reprodução Twitter/Ohio State Buckeyes)
O JOGO
Alabama vai pontuar. Não existe outra opção. O ataque mais prolífico da NCAA anota 48,2 pontos por jogo e quase oito jardas por jogada. Isso é insano. É difícil imaginar os Buckeyes neutralizando-o mesmo que parcialmente, mas se o técnico Ryan Day quiser ganhar o jogo terá que confiar na contenção do jogo terrestre, seu ponto forte na unidade defensiva, e parar Najee Harris para tornar o ataque mais previsível. Mas, mesmo assim, a Crimson Tide ainda conta com armas como DeVonta Smith, Jaylen Waddle (dúvida) e John Metchie. É muito talento.
Do outro lado, o matchup mais interessante. Assim como Bama, Ohio State tem qualidade de sobra nas skill positions com os running backs Trey Sermon e Master Teague e os wide receivers Chris Olave e Garrett Wilson. Os Buckeyes ainda contam com uma linha ofensiva de respeito. Contra Clemson, a participação abundante dos tight ends no plano de jogo surpreendeu a todos e pode ter dado a válvula de escape necessária em momentos decisivos. Alabama conta com Patrick Surtain II, discutivelmente o melhor cornerback do país, mas sua secundária já deixou muito a desejar durante a temporada. Quem sobressairá? A ver.
De olho no Draft
QB Justin Fields, Ohio State: Apesar desta temporada não ter o ajudado muito, não há dúvidas que Justin Fields é o principal prospecto do confronto. Tido como o segundo melhor quarterback da classe, Fields trará precisão no braço e atleticismo nas pernas para quem o escolher em abril. Alguns analistas o comparam com Deshaun Watson, eu tendo a ir mais para um estilo Russell Wilson. Trabalhar as questões da presença no pocket e das decisões de lançamento será fundamental para o seu progresso na NFL, sobretudo quando é pressionado.
WR DeVonta Smith, Alabama: Jogador mais dinâmico da partida. Prova do seu talento foi a conquista do troféu Heisman, dado ao melhor atleta universitário, este ano. Desde 1991 o prêmio não ia para as mãos de um wide receiver. Capaz de percorrer todas as rotas e de alinhar aberto ou como slot, DeVonta Smith é a principal peça responsável por todo o dinamismo do ataque de Alabama. Com 1,85m e 79kg, precisa ganhar um pouco mais de massa para se sobressair no nível profissional.
Mais prospectos
- WR Jaylen Waddle, Alabama
- CB Patrick Surtain II, Alabama
- RB Najee Harris, Alabama
- LB Dylan Moses, Alabama
- G Wyatt Davis, Ohio State
- C Josh Myers, Ohio State
- WR Chris Olave, Ohio State
PALPITE: Alabama
Apesar dos apesares, a temporada mais “estranha” do college tem tudo para culminar em um confronto emocionante entre duas equipes com muito talento envolvido. Ainda vejo Alabama com menos red flags e consequentemente superior a Ohio State – e não é só pela disparidade na quantidade de partidas realizadas. A Crimson Tide vem com tudo para conquistar o sexto título de Saban e o 18º na história do programa e configurar-se ainda mais como o maior programa do futebol americano universitário moderno.
AGENDA DO JOGO
Dia: 11/01/2021
Horário: 22h00, horário de Brasília
Local: Hard Rock Stadium, em Miami Gardens (Florida)
Transmissão para o Brasil: ESPN e Watch ESPN