Decepção em casa coloca futuro de USC em xeque
Nova derrota inesperada complica vida de Sarkisian nos Trojans
Como todo começo de temporada, havia muita expectativa sobre as chances de USC. Por mais que alguns sinais apontassem o contrário, os analistas insistiam em apontar os Trojans como um dos favoritos a vencer a forte conferência Pac-12 e, consequentemente, conquistar uma vaga nos playoffs da NCAA. Alguns, porém, tinham dúvidas. Muitas dúvidas.
E estas não vinham por conta do talento do elenco, já que o recrutamento de jovens colegiais vem bem como sempre. O grande problema é Steve Sarkisian. Contratado ao fim da temporada 2013 após a demissão de Lane Kiffin – Ed Orgeron assumiu interinamente no resto do ano, mas não foi efetivado -, Sark foi muito contestado. Durante a passagem por Washington, em cinco temporadas somente uma vez passou das sete vitórias, justamente em sua última. Mesmo com o talento dos Huskies, o time sempre produzia abaixo do esperado.
E é o que vem acontecendo com USC desde que ele assumiu. Nesta quinta-feira, a derrota justamente para Washington não estava nos planos de ninguém em Los Angeles. O time já havia perdido para Stanford em um jogo que entrou como favorito em casa, e agora perdeu novamente como mais favorito ainda. O placar de 17 a 12 em pleno Coliseum, diante de sua torcida, mostrou que o ataque deixou muito a desejar. Justo o ataque que deveria ser a especialidade de Sark.
O agora treinador foi quarterback de BYU na NCAA e do Saskatchewan Roughriders, da CFL, como profissional. Depois, treinou os QB’s do Oakland Raiders na NFL e da própria USC em duas ocasiões, além de ter sido coordenador ofensivo no fim da passagem de Pete Carroll pela universidade. Ainda assim, e contando com Cody Kessler, um jogador talentoso, candidato ao Heisman para alguns, comandando as ações, conseguiu fazer apenas 12 pontos em casa. Kessler terminou com 156 jardas e duas interceptações, e o único touchdown dos Trojans no jogo foi corrido, marcado pelo running back Ronald Jones.
Foram apenas 346 jardas conquistadas no total. Apenas uma conversão de terceira descida em 13 tentativas. Nenhuma resposta para a forte pressão da defesa de Washington. Duas derrotas seguidas em casa pela primeira vez desde 2001. De #17 no ranking para, provavelmente, ficar fora na atualização da semana. E depois de uma bye week, ou seja, de ter a semana toda para treinar. Tudo isso cai na conta de Sarkisian. A torcida já está impaciente e vaiou muito na noite de quinta, mesmo com a respeitável campanha de nove vitórias e quatro derrotas em sua primeira temporada na universidade.
Sarkisian nunca foi querido em USC. Ele não era o nome favorito da maioria, que preferia a efetivação de Orgeron – que hoje é apenas o treinador de linha defensiva em LSU. Chris Petersen, que foi para Washington após sua saída e o derrotou nesta quinta, era outro nome bastante lembrado na época. Pat Haden, o diretor de esportes e responsável pela contratação, foi bastante criticado quando o anunciou como novo técnico. Poucos acreditavam que ele tivesse gabarito para o cargo, e outros se incomodavam com algumas atitudes extra-campo
A última delas foi logo antes do começo da temporada. Em um evento da faculdade, em agosto, ele apareceu para discursar visivelmente embriagado, falando palavrões e constrangendo alguns dos principais figurões e patrocinadores de USC.
Embora negue veementemente, Sark está sob muita pressão. Poucos acreditam que ele possa ser demitido ao fim do ano, a não ser em caso de desastre, mas a situação vem se complicando. O calendário difícil da Pac-12 pode dar espaço para poucas vitórias, e até a possibilidade de não conseguir as seis necessárias para ficar elegível para um bowl está sendo aventada nos bastidores. Na semana que vem, visita à arquirrival Notre Dame. Em seguida, recebe Utah. Depois, joga com California (fora), Arizona (casa), Colorado (fora), Oregon (fora) e UCLA (casa). Não é exagero afirmar que os Trojans entram como favoritos apenas contra Arizona e Colorado.
Ficar fora da pós-temporada pode, sim, ser o suficiente para a demissão não só de Sarkisian, mas também do contestadíssimo Haden. A torcida já tem até um nome preferido: ninguém menos que Chip Kelly, ex-Oregon e atualmente no Philadelphia Eagles. Por mais que os últimos anos tenham sido de decepção, sonhar não custa nada no Coliseum.