DC de Oregon State assume o comando em BYU
Apesar das dificuldades auto-impostas, Brigham Young tem novo técnico
A contratação de Bronco Mendenhall por Virginia pegou o mundo do football universitário norte-americano de surpresa. O treinador comandava BYU já havia dez anos, e com sucesso, parecendo bastante estável na pequena cidade de Provo, no estado de Utah. Mas, ao receber a proposta dos Cavaliers, não hesitou em se mudar para a costa leste do país.
Pela primeira vez desde 2005, a direção dos Cougars se viu com a necessidade de iniciar a busca por novo técnico. E, se já não é muito fácil na maioria das universidades, em Brigham Young é ainda pior. A faculdade pertence à Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias, os famosos mórmons – Latter-Day Saints, em inglês, gerando o termo popular LDS Church. Como tal, é exigência por lá que o treinador seja um seguidor da doutrina e membro da igreja, limitando as opções no mercado. E não ajuda o fato da congregação se recusar a bancar altos salários, fazendo com que fique bem abaixo da média de pagamento das principais potências da NCAA.
Alguns nomes foram especulados ao longo dos dias após a saída de Mendenhall. Os principais foram Kalane Sitake (DC de Oregon State), Lance Anderson (DC de Stanford) e Ken Niumatalolo (head coach de Navy). Este último chegou a ser entrevistado e recebeu uma proposta, mas preferiu seguir comandando o time da marinha dos EUA. E o primeiro acabou ficando com o cargo.
Sitake jogou na própria BYU como fullback na década de 90, mas foi na rival Utah que ganhou notoriedade como assistente. Entre 2005 e 2014, sob o comando de Kyle Wittingham (que também foi procurado pelos Cougars), ele atuou treinando linha defensiva e linebackers dos Utes, chegando ao posto de coordenador defensivo.
Quando Gary Andersen – que foi DC de Utah com ele antes de assumir Utah State – trocou Wisconsin por Oregon State, Sitake foi junto para comandar a defesa dos Beavers. A temporada foi bastante difícil para eles, terminando com a pior campanha da conferência Pac-12, mas não diminuiu o valor de mercado e o fez continuar como um nome atrativo para BYU.
Agora, ele terá pela frente o primeiro cargo de treinador principal da carreira, e a dificuldade de manter o sucesso que Bronco conseguiu enquanto esteve à frente dos Cougars. Durante o período do ex-técnico, a universidade ficou marcada por dar muito trabalho a equipes do chamado grupo Power 5, que reúne as cinco principais conferências (ACC, Big 12, Big Ten, Pac-12 e SEC), mesmo sendo independente e com restrições para recrutar jovens da high school – todos têm de se comprometer a seguir o rigoroso código de conduta mórmon.
Mendenhall levou a equipe a bowl de pós-temporada em cada um dos anos em que comandou – e vencendo adversários ‘Power 5’ como Oregon, UCLA e Oregon State neles. O primeiro desafio de Sitake para tentar continuar o bom trabalho em Provo será reconstruir a comissão técnica. A maioria dos assistentes foi para Virginia junto ao ex-treinador. De Oregon State ele deve levar Ilasa Tuiaki, que já trabalhou treinando LB’s, DL’s, FB’s e TE’s, mostrando muita versatilidade. Os poucos que ficaram do staff atual são Steve Kaufusi (DL), Guy Holliday (WR’s) e Paul Tidwell (ILB’s), e o primeiro é o com mais chances de permanecer.
Agora, Sitake precisa saber montar com sabedoria o grupo de auxiliares que vão ajudá-lo na dura tarefa que tem pela frente. Afinal, nunca foi fácil vencer em BYU, embora também não seja tão difícil – por toda a tradição que a universidade ganhou com o tempo, principalmente nos últimos anos. Mas existem pedras no caminho, e é preciso jogo de cintura para conseguir ter sucesso com os mórmons.
Foto: Reprodução Facebook/BYU Football