[PRÉVIA] Playoffs NBA 2022: Miami Heat x Atlanta Hawks
Finalistas do Leste em 2020 e 2021, Heat e Hawks se enfrentam na primeira rodada dos playoffs
Depois da emocionante decisão do play-in da sexta-feira (15), a primeira rodada dos playoffs começou neste sábado (16). Se por um lado, o confronto deste sábado entre Memphis Grizzlies e Minnesota Timberwolves, por exemplo, não era esperado desde o início da temporada pelo alto nível surpreendente que ambas apresentaram, outros duelos também surpreendem, mas por serem inesperadamente cedo demais na pós-temporada, como é o caso do confronto entre Miami Heat e Atlanta Hawks.
Finalistas do Leste em 2020 e 2021, respectivamente, Heat e Hawks talvez estivessem mais credenciados para, nesta temporada, estarem brigando por nova vaga na final de conferência e não por sobrevivência na primeira rodada.
Do lado do Heat, a franquia fez sua parte. Mesmo com os altos e baixos de lesões, a equipe contou com um belo elenco de apoio e conseguiu fechar a temporada regular na primeira posição do Leste, algo que não acontecia desde 2012/2012, quando a equipe, inclusive, ganhou seu último título. A base do time com Jimmy Butler, Bam Adebayo e Tyler Herro segue, mas as adições de Kyle Lowry e PJ Tucker ajudam a formar um núcleo bastante veterano e cascudo.
Do lado oposto, os Hawks saíram de uma temporada em que terminaram em quinto e conseguiram chegar às finais de conferência para uma em que fecharam em nono e correram sérios riscos de nem avançarem à pós-temporada. Com ótimo desempenho no play-in, a equipe liderada por Trae Young saiu do buraco e agora procura renascer na primeira rodada dos playoffs. A base do time é semelhante à da temporada passada, com as mesmas qualidades e defeitos. Resta saber o que vai sobressair.
Diante disso, o que esperar dessa série? Confira em mais uma prévia do The Playoffs!
(Foto: Michael Reaves/Getty Images)
HEAT x HAWKS: COMO CHEGAM
Primeiro colocado do Leste com uma campanha de 53 vitórias, dois jogos à frente do Boston Celtics, segundo lugar, o Miami Heat chega embalado para a primeira rodada depois de seis vitórias nos últimos sete jogos, incluindo triunfos sobre Celtics, Bulls, Raptors e Hawks.
Depois das finais de 2020 e da decepcionante varrida para os Bucks na primeira rodada de 2021, a equipe da Flórida precisa de uma convincente participação na série para se estabelecer de vez como uma das equipes favoritas do Leste. E o Heat mostrou o equilíbrio da boa campanha dos playoffs de 2019/2020 nesta temporada regular.
O time cascudo é equilibrado, mas tem na boa defesa o seu pilar. O índice defensivo de 108,4 (pontos sofridos por 100 posses) é o quarto da liga e segundo do Leste, alçando o time ao sexto melhor net rating da NBA. Além do bom desempenho coletivo defensivo, com destaque para o garrafão que permite o menor número de pontos de toda a liga (41,3), o time também tem boa presença nos rebotes dos dois lados, com 51% de porcentagem de rebotes (porcentagem média dos rebotes disponíveis em um jogo que o Heat agarra), nona melhor marca da NBA na temporada.
Do lado ofensivo o time não é dos mais brilhantes, mas ainda se segura acima da média da liga e tem pontos de destaque. O índice ofensivo da equipe é 113,0 (12º), mas o destaque fica por conta da qualidade dos arremessos da equipe. Miami tem a melhor média da temporada em aproveitamento nos arremessos de três (37,9%), mas ainda mais do que isso, tem a quinta melhor marca em eficiência de arremessos de quadra (eFG%), com 54,7% e a terceira melhor em true shooting (TS%), com 58,4%, parâmetro que considera em conjunto arremessos de dois, três e lances livres.
Talvez uma das grandes deficiências da equipe seja o cuidado com a bola. Miami tem a terceira pior porcentagem de desperdícios da liga (14,9%), ou seja, 14,9% das posses ofensivas da equipe terminam em desperdício.
Individualmente, excluindo Victor Oladipo, que atuou em somente oito partidas, seis jogadores terminaram a temporada com mais de dez pontos de média. Os destaques ficaram por conta de Jimmy Butler (21,4), Tyler Herro (20,7), Bam Adebayo (19,1) e Kyle Lowry (13,4), ainda que, somados, os quatro perderam 86 partidas na temporada.
Depois de um ano com a ida às finais de conferência, a temporada regular dos Hawks não deixou de ser decepcionante quando a equipe terminou na nona posição e se viu contra a parede precisando vencer os dois jogos do play-in para se classificar em oitavo.
Na temporada regular, o time foi uma montanha russa, característica dessa equipe, mas também fato agravado pela lesões recorrentes de peças-chave da ala e garrafão da equipe, com Collins e Hunter. Em resumo, a essência deste núcleo da equipe de Atlanta se manteve: uma ataque que tem facilidade de pontuar com Trae Young, mas uma defesa frágil, que também tem em Young seu ele mais fraco.
O ataque dos Hawks terminou a temporada regular como o segundo melhor da NBA (índice ofensivo de 115,4), atrás apenas do Utah Jazz (116,2), liderado pelos 28,4 pontos de média de Trae, mas também com destaque para os mais de 11 pontos de outros seis jogadores, incluindo Collins (16,2), Bogdanovic (15,1) e Hunter (13,4). Os Hawks ainda contaram com 37,4% de aproveitamento nos arremessos de três (segundo na liga) e 58,1% em TS%, sexta melhor marca da liga.
Ainda nas posses ofensivas, os Hawks são o time que melhor cuida da bola, já que os 11,9 desperdícios por jogo e seus 12% em porcentagem de desperdícios são as menores marca de toda a liga. Apesar de não ser dos melhores times que passa a bola para uma cesta, a baixa média de desperdícios da equipe faz com que a relação assistência/desperdício ainda seja alta (2,08), deixando o time na quarta posição da liga em relação ao parâmetro.
Se no ataque as coisas vão muito bem e Atlanta quase sempre figura nas primeiras posições das estatísticas, na defesa a situação é praticamente inversa. Se no ataque o time foi o segundo, na defesa ele terminou a temporada regular como quinto pior (índice defensivo de 113,7). A defesa dos Hawks não é especialmente ruim em transições rápidas (não toma muitos pontos de contra ataque) ou permite muitos pontos de segunda chance ou vindos de desperdícios, mas é pouco combativa e atrapalhada nas rotações e coberturas, características que podem ser observadas em dois números.
Se os Hawks cuidam bem da bola, eles também permitem que os adversários não tenham muitos problemas com isso. A taxa de desperdícios de posse dos adversários de Atlanta foi de 12,9% na temporada, a terceira menor da liga, número que, em conjunto com os 54,3% de eficiência nos arremessos de quadra dos adversários (opp eFG%), sétimo pior índice da liga, mostram que a equipe tem dificuldade em forçar erros do adversário e essa falta de combatividade se traduz em um ótimo aproveitamento de arremesso das equipes que jogam contra os Hawks.
Ponto positivo para os Hawks é que eles conseguiram, nos dois jogos decisivos de play-in, melhorar esses números. Conseguiram forçar mais desperdícios (a porcentagem do adversário saltou de 12,9% para 14,2%) e dificultar os arremessos (a eficiência nos arremessos dos adversários caiu de 54,3% para 49,1%), sem deixar a peteca cair do lado ofensivo, já que o time foi o melhor ataque (índice ofensivo de 121,9) e teve o melhor TS% (61,4%) entre todas as equipes que jogaram o play-in.
O CONFRONTO
A chave para o confronto passa em como o Heat vai frear o ataque dos Hawks, que passa quase que estritamente em como limitar o jogo de Trae Young e fazer com que os outros jogadores decidam pelos Hawks e, no ataque, também aproveitar as deficiências defensivas do astro da franquia da Geórgia.
O último confronto entre as duas equipes, no dia 08 de abril, apresentou a disponibilidade de jogadores que deve ocorrer para o início da série e será talvez o grande balizador do que poderá acontecer nos primeiros jogos.
Para marcar Trae, o técnico Erik Spoelstra tirou Kyle Lowry para ficar em De’Andre Hunter ou Kevin Huerter e começou com Max Strus e Caleb Martin em cima do armador rival. Na reta final do jogo, Jimmy Butler também assumiu a marcação em algumas posses. Essa configuração deverá se repetir de início, uma vez que o Heat precisa dos veteranos Lowry e Butler no ataque e não poderá desgastá-los na defesa, principalmente Butler, que é melhor, desde o início, mas somente em posses chaves. Young terminou o jogo com 35 pontos, mas 3/11 nas bolas de três e sete desperdícios.
No lado defensivo, Young ficou em cima de Lowry na maior parte do tempo e, na ausência do titular, cobriu Herro por alguns minutos. O Heat conseguiu minimamente aproveitar isso e os dois foram destaques da vitória. Juntos, combinaram para 31 pontos em 13/22 arremessos de quadra convertidos e 12 assistências.
Do outro lado, sobre o astro do Heat, Butler, Mcmillan teve Danilo Gallinari, Hunter e Bogdan Bogdanovic, mas nada que tenha surtido grande efeito, mesmo em noite apagada do veterano. Sobre todos eles, Butler conseguiu abusar de sofre faltas e anotou 10/12 arremessos livres. Do lado defensivo, Butler deverá iniciar variando a marcação em jogadores com menor volume ofensivo e poderá ser acionado na reta final para algo especial em Trae Young ou quem estiver quente no momento, como Bogdanovic, segundo cestinha da equipe na ausência de Collins.
Aliás, a ausência de Collins é a mais sentida da série. Ofensivamente e defensivamente, o ala-pivô causaria problemas nas alas e garrafão do Heat. Sem ele e somente Clint Capela cuidando de Bam Adebayo, os Hawks terão problemas para proteger o garrafão com as constantes infiltrações de Butler e Herro e a imponente presença de Adebayo. Apesar de grande reboteiro, Capela sofre na marcação e Adebayo, muito habilidoso, deverá se aproveitar disso e cavar inúmeras faltas. No último confronto, o pivô foi à linha de lance livre dez vezes.
Se Collins é a ausência mais sentida, talvez Tucker seja a segunda, mas a mais do Heat. Jogador extremamente importante para o título dos Bucks da temporada passada, o veterano ala tem a intensidade e o crescimento na pós-temporada como características e é chave dentro do esquema defensivo da equipe. Com uma lesão na panturrilha, Tucker perdeu os últimos jogos da temporada regular, mas deverá estar pronto para retornar ao longo da série.
A depender de como os dois técnicos irão utilizar os bancos em uma rotação que deverá ser mais curta nos playoffs em relação ao que aconteceu na temporada regular, um jogador de cada lado tem destaque absoluto.
Bogdanovic pelos Hawks é o segundo cestinha da equipe (15,1) e o quinto em minutos por jogo, ainda que esteja abaixo em relação à temporada anterior, principalmente no aproveitamento dos arremessos de fora. Por outro lado, Herro é o grande favorito para o prêmio de melhor sexto homem da temporada. O ala-armador é o segundo cestinha do Heat (20,7) e vive a temporada com os melhores números de sua carreira, sendo um perigo constante ofensivo com seu grande arsenal. Além dos dois, Onyeka Okongwu, Timothe Luwawu-Cabarrot e Delon Wright pelos Hawks, e Gabe Vincent, Dewayne Dedmon, Dunca Robinson e Victor Oladipo pelo Heat devem ser colocados para jogar mais ou menos.
RETROSPECTO
Na temporada regular, as duas equipes duelaram em quatro oportunidades, com três vitórias para o Heat e uma para os Hawks. No último confronto entre os dois, no recente dia 08 de abril, as equipes estavam com os jogadores disponíveis equivalentes aos devem estar para o início da série. Naquela noite, Miami contou com grande atuação coletiva e consegui conter Atlanta a um aproveitamento de apenas 23,5% nos arremessos de três, vencendo a partida por 113 a 109.
Na única vitória dos Hawks, jogo em casa e a terceira partida entre as equipes, o time da Geórgia quase deixou escapar uma liderança de 18 pontos, mas contou com um bom aproveitamento nas bolas de fora (42,4%) para sair vencedor pelo placar de 110 a 108. As três primeiras partidas entre os dois times ocorreu em um espaço de apenas nove dias.
Último destaque do histórico do confronto nesta temporada vai para a maior vitória dentro desses quatro jogos. No primeiro confronto, o Heat não contava com Butler e Adebayo e, ainda assim, não teve dificuldades para vencer um Hawks, sem Capela, por 115 a 91, com nova boa atuação coletiva (sete jogadores com dez ou mais pontos).
Hawks 91 x 115 Heat – 12/1/22, State Farm Arena
Heat 124 x 118 Hawks – 14/1/22, FTX Arena
Hawks 110 x 108 Heat – 21/1/22, State Farm Arena
Heat 113 x 109 Hawks – 8/4/22, FTX Arena
AGENDA DA SÉRIE
JOGO 1: Hawks @ Heat, 17/4, 14h (horário de Brasília)
JOGO 2: Hawks @ Heat, 19/4, horário a confirmar
JOGO 3: Heat @ Hawks, 22/4, horário a confirmar
JOGO 4: Heat @ Hawks, 24/4, 20h (horário de Brasília)
JOGO 5: Hawks @ Heat, 26/4, horário a confirmar*
JOGO 6: Heat @ Hawks, 28/4, horário a confirmar*
JOGO 7: Hawks @ Heat, 30/4, horário a confirmar*
*Jogos só acontecem se necessário
PALPITE: Miami Heat 4-2 Atlanta Hawks
Em uma série que deverá ser marcada pelo contraste da boa defesa do Heat contra o poderoso ataque dos Hawks, os lados deficientes das duas equipes serão o fator chave para a decisão da série. O caminho para uma melhor defesa para Atlanta é flagrantemente mais longo em comparação ao caminho que Miami tem para ser um melhor ataque que, de fato, não é ruim.
Com os dois times completos, excluindo as ausências já confirmadas, acredito que Miami só poderia falhar em avançar caso não consiga conter Trae Young, quem organiza todo o ataque da equipe. Com uma equipe experiente não só de modo geral em pós-temporada, mas mais precisamente, no lado defensivo do jogo, essa organização para conter Trae não deverá ser um grande problema.