[PRÉVIA] Playoffs NBA 2022: Golden State Warriors x Dallas Mavericks (Final do Oeste)
Equipes se encontram apenas pela segunda vez na história da pós-temporada, em série que promete equilíbrio
Golden State Warriors e Dallas Mavericks decidirão, a partir desta quarta-feira (18), uma vaga na final da NBA. A primeira partida da final da Conferência Oeste acontecerá no Chase Center, em San Francisco, Califórnia. O histórico recente das duas equipes em playoffs anteriores é distinto. Enquanto os texanos alcançaram o feito pela última vez em 2011, ano em que conquistaram seu primeiro e único título, os Warriors chegaram a seis das últimas oito finais de Conferência Oeste. Dessas seis vezes, a equipe conta com três principais remanescentes: Stephen Curry, Klay Thompson e Draymond Green.
Apesar de mais de quatro décadas de confrontos em temporada regular, os caminhos das franquias não costumam se cruzar na pós-temporada. Esta será apenas a segunda vez que os times se enfrentarão nos playoffs. Na primeira, em 2007, Golden State surpreendeu ao eliminar os Mavericks, time com melhor campanha na liga. Na ocasião, o “we believe” Warriors, como ficou conhecido o time comandado por Baron Davis, Jason Richardson e Stephen Jackson venceu a série por 4 a 2, frustrou o MVP da temporada, Dirk Nowitzki.
Quinze anos depois, as equipes terminaram a temporada regular com ótimas campanhas. Os Warriors, que têm o mando de quadra na maior parte da série, lutaram durante a maior parte da temporada pela primeira colocação da conferência. No fim, perderam um pouco de fôlego, terminando na terceira colocação, com 53 vitórias e 29 derrotas. Dallas veio logo abaixo, com a quarta melhor campanha, somando 52 e 30 derrotas. Curiosamente, o mando de quadra foi definido apenas no último jogo da temporada regular, quando os californianos bateram o New Orleans Pelicans e asseguraram a vantagem.
Confira em mais uma prévia do The Playoffs o que esperar da série!
(Foto: Thearon W. Henderson / Getty Images)
GOLDEN STATE WARRIORS X DALLAS MAVERICKS: COMO CHEGAM
Ambas as franquias estão com a moral em alta após os duelos das semifinais de conferência. Os Warriors chegam com dois dias a mais de folga, tendo fechado a série diante do Memphis Grizzlies em 4 a 2, na sexta-feira (13). Já os Mavericks venceram o jogo 7 contra o Phoenix Suns – time com a melhor campanha da temporada regular – com muita facilidade.
Como habitual, Golden State contou com grandes desempenhos de Stephen Curry e Klay Thompson para avançar à final. Curry terminou a série com 26 pontos de média, 5,8 assistências e 4,8 rebotes. O destaque negativo ficou por conta do aproveitamento do perímetro, de apenas 32,9%. Já Thompson provou, mais uma vez, que seu físico não deve ser preocupação para o treinador Steve Kerr. Com média de 35,5 minutos em quadra na série, o ala-armador registrou ainda 18,5 pontos e cinco rebotes, com direito a 30 pontos no decisivo jogo 6.
Além dos splash brothers, mais três jogadores terminaram com média de dois dígitos em pontuação: Jordan Poole (17,8), Andrew Wiggins (15) e Jonathan Kuminga (dez). Poole, aliás, tem sido a grata surpresa dos Warriors na temporada. O armador teve evolução notável em relação à temporada, e se tornou uma arma ofensiva fundamental da equipe, capaz de conduzir o ataque em momentos de ausência de Curry e Thompson. Apesar de não aparecer tanto em termos de pontuação, Green foi também um dos pilares do time, liderando em média de rebotes (8,7) e assistências (seis), além do já conhecido trabalho defensivo.
Antes de despacharem os Grizzlies, Golden State bateu na primeira rodada o Denver Nuggets, do MVP da temporada Nikola Jokic. A franquia da Califórnia não teve dificuldades para fechar a série em 4 a 1.
Por outro lado, os Mavs contrariaram as previsões ao adiantarem as férias dos Suns, considerados os principais favoritos do Oeste. Na primeira rodada, os texanos sofreram com a ausência de Luka Doncic, mas conseguiram avançar com relativa tranquilidade, especialmente por conta do desempenho de Jalen Brunson.
Diante dos Suns, a missão foi mais difícil. Depois de enfrentar uma desvantagem de 2 a 0, perdendo os dois primeiros duelos no Arizona, Dallas fez valer o mando de quadra para se manter vivo na semifinal, vencendo três vezes os adversários nos jogos disputados no American Airlines Center.
Nesse sentido, Doncic foi, obviamente, fundamental para manter as esperanças vivas no Texas. Apesar das grandes exibições do esloveno nos playoffs anteriores, foram duas eliminações seguidas na primeira rodada, ambas para o Los Angeles Clippers. Dessa vez, o camisa 77 chamou a responsabilidade para colocar os Mavericks em sua quinta final de conferência.
Nos playoffs atuais, o armador lidera a equipe nas médias de quase todos os quesitos: pontos (31,5), assistências (6,6), rebotes (10,1) e roubos de bola (1,9). Já não fossem esses números suficientemente impressionantes, o jovem colecionou ainda uma estatística extraordinária diante dos Suns.
Doncic conseguiu encabeçar a série em todos os aspectos, superando cada jogador de Phoenix em seu fundamento. Teve mais pontos que Devin Booker, mais assistências que Chris Paul, mais rebotes que Deandre Ayton e mais roubos de bola que Mikal Bridges.
Se em suas primeiras experiências de pós-temporada faltava ajuda dos companheiros, na campanha deste ano não falta mais. Brunson tem contribuído com 22,9 pontos de média e, fechando o trio de armadores, Spencer Dinwiddie registra 13,2. Dorian Finney-Smith (11,6), Reggie Bullock (10,2) e Maxi Kleber (10,1) completam a fila dos jogadores que tem conseguido pelo menos dez pontos por jogo de média. Este último lidera a equipe em tocos (0,7) e tem incríveis 49,2% de aproveitamento nos arremessos de três, maior marca entre os jogadores que ainda não foram eliminados e tentam pelo menos duas bolas do perímetro por jogo.
O principal ponto, no entanto, tem sido o esforço defensivo. Desde a chegada do técnico Jason Kidd, Dallas se transformou em uma das melhores unidades defensivas da NBA. No jogo 7, diante dos Suns, esse foi o fator mais notável, com a equipe permitindo apenas 27 pontos do adversário no primeiro tempo, em um jogo que os Mavs lideraram, por grande parte do tempo, por 35 pontos ou mais.
(Foto: NBA.com/Divulgação)
O CONFRONTO
O equilíbrio esperado nas partidas passa, principalmente, pela semelhança entre os times nas estatísticas e na forma de jogar. Até aqui, nos playoffs, Dallas e Golden State tem, respectivamente, a quarta (114,5) e a sexta (114,3) melhores eficiências ofensivas (pontos feitos a cada 100 posses). Os dois times demonstraram a potência de seus ataques até aqui, com duas estratégias diferentes, mas extremamente funcionais.
A diferença mais evidente está no pace das duas equipes (média do número total de posses que a equipe tem por partida), sendo 99,82% para os Warriors, e 92,50% para os Mavs. Com um ataque mais rápido e que costuma definir seus arremessos com mais velocidade, os Warriors costumam pontuar bastante em transição.
A franquia da Califórnia leva ampla vantagem nas assistências (27,8 contra 18,4). A do Texas, no entanto, cuida melhor da bola. Com média de 10,3 erros por jogo, que corresponde a 11,1% das posses ofensivas, Dallas ocupa o segundo lugar nos dois quesitos. Característica que já aparecia mesmo antes da chegada de Kidd, a lucidez da equipe no ataque deve ser um fator importante. O ônus é a baixa média de assistências, já que, com Doncic em quadra, a bola tende a passar grande parte do tempo em sua mão.
No aspecto defensivo, a semelhança também impressiona. Os times registram número de eficiência defensiva (pontos sofridos a cada 100 posses) idênticos: 110,5. Com uma defesa forte de perímetro, os Mavericks são o terceiro melhor time em bolas de três tomadas por jogo, com 9,6, e permitem um aproveitamento de 33,9, quinta melhor marca. Dallas é também o terceiro em pontos sofridos por jogo (101,9).
Apesar de colecionar números razoáveis no perímetro, Golden State cede mais arremessos de três (13,1), e permite maior aproveitamento (36,3). A equipe também sofre com os pontos gerados a partir de erros, com 18,1. No garrafão, também existe desvantagem em relação aos pontos sofridos no garrafão (46,5), além dos pontos permitidos a partir de rebotes ofensivos do adversário (14,8). Um dos pontos positivos é o quarto lugar em rebotes defensivos, com 34. Todos esses fatores fazem com que Dallas tenha uma ligeira vantagem no net rating (eficiência ofensiva – eficiência defensiva), com 4,0 contra 3,8 dos Warriors.
Dito isso, os resultados das partidas deverão passar pela força defensiva das equipes, e a que conseguir perceber e realizar os ajustes necessários com mais agilidade deve levar vantagem. A franquia da Califórnia enfrentará uma defesa de perímetro mais qualificada que as anteriores, que permite poucas cestas de três pontos e que, mesmo não sendo das mais agressivas, pressiona bem os armadores adversários e possui rotações inteligentes.
O ponto crucial para a defesa dos Warriors é descobrir um jeito de parar Luka Doncic. O armador vem sendo um dos melhores jogadores dos playoffs até o momento, e nem mesmo a ótima defesa dos Suns encontrou respostas para o talento do jogador.
No último jogo entre os times na temporada regular, a missão de frear Doncic ficou por conta de Andrew Wiggins. Por mais que seja um bom defensor, agressivo, Wiggins muito provavelmente não conseguirá parar o esloveno sozinho. Um general em quadra, Green pode ser importante no auxílio, mas as dobras de marcação podem ser punidas pelo camisa 77 de Dallas a qualquer momento.
Se os Mavericks continuarem com o excelente aproveitamento da linha de três, especialmente nos últimos jogos, a tarefa de parar o ataque dos texanos pode se tornar ainda mais complicada. Thompson tem qualidade defensiva para ser o marcador primário de Luka Doncic, mas o desgaste pode comprometer seu desempenho no ataque.
Defensor por vezes subestimado, Curry deve vigiar de perto Brunson, e sua leitura para roubar bolas pode ser importante para tentar neutralizar o principal ponto de apoio de Doncic. Vindo do banco, Dinwiddie também vive grande fase, e a ausência de Gary Payton II, lesionado, pode causar problemas para a segunda unidade dos Warriors.
Dorian Finney-Smith, Reggie Bullock, Davis Bertans e, principalmente, Maxi Kleber, já mostraram nesses playoffs que não podem ser deixados de lado. O espaçamento proporcionado por eles faz parte do enigma a ser solucionado por Steve Kerr: encontrar um jeito de frear o ímpeto de Doncic, sem deixar espaço para os arremessadores.
Se de um lado Golden State terá trabalho na defesa, a situação de Dallas não será muito diferente. Na batalha particular com Kerr, Jason Kidd terá que reforçar o belo trabalho de perímetro da equipe, buscando evitar as bolas de três proporcionadas pela movimentação constante de Stephen Curry.
O bom trabalho de trocas defensivas realizadas pela equipe será fundamental para evitar as cestas fáceis dos californianos, visto que Curry utiliza muitos bloqueios fora da bola, tanto para criar espaço para si mesmo quanto para criar arremessos livres para os companheiros.
Apesar de ser o melhor defensor de perímetro dos Mavericks, Finney-Smith pode não ser o matchup ideal para o camisa 30 na defesa, visto que a diferença de tamanho confere uma vantagem ao armador, devido à sua agilidade. Dessa forma, Reggie Bullock deve ser o encarregado de perseguir Curry, deixando Finney-Smith na marcação de Klay Thompson.
Brunson deve ficar por conta de Jordan Poole, e também terá trabalho diante da capacidade ofensiva e do bom momento vivido pelo adversário. Doncic, provavelmente, vigiará Wiggins. Devidamente acostumado a um papel de coadjuvante no ataque, o ex-jogador do Minnesota Timberwolves poderá fazer de sua agressividade e seu arremesso uma boa válvula de escape para os Warriors, tendo em vista que o esloveno foi exposto defensivamente nas duas primeiras partidas diante dos Suns.
Todos esses ajustes defensivos passarão, logicamente, pelas formações utilizadas pelos times em quadra. Nesse sentido, um outro fator importantíssimo deve ser considerado: a qualidade das formações de small ball das equipes. Tanto Dallas quanto Golden State são especialistas em jogar sem um pivô de referência, como por exemplo Dwight Powell e Kevon Looney. Esse trunfo ajudou as duas equipes a explorarem fragilidades defensivas dos adversários anteriores nos playoffs.
Os Mavericks, especialmente, fizeram da série contra o Jazz um inferno particular para Rudy Gobert. Com Maxi Kleber em quadra, aumentando ainda mais o espaçamento, o time conseguiu achar também uma solução para Deandre Ayton, que por vezes castigou o frágil garrafão da franquia texana.
Do outro lado, as escalações de estatura mais baixa também não são novidades para os Warriors. Pelo contrário. Por sua imponência física e QI de basquete diferenciado, Draymond Green consegue proteger o aro como poucos, além de armar o jogo na parte ofensiva.
(Foto: Reprodução Twitter / Dallas Mavericks)
RETROSPECTO
Nos confrontos válidos pela temporada regular, vantagem ampla para o Dallas Mavericks. Foram quatro jogos e três vitórias para o time do Texas, mas, apesar do saldo positivo, a vitória mais contundente ficou com o Golden State Warriors, por uma diferença de 38 pontos.
Na primeira partida, em Dallas, no dia 5 de janeiro, as duas equipes possuíam desfalques importantes. Os Warriors não contavam com Klay Thompson, Otto Porter e Andre Iguodala, enquanto os mandantes estavam desfalcados de Kristaps Porzingis, ainda jogador dos Mavs. No final, vitória de Dallas, por 99 a 82, com 26 pontos de Doncic e apenas 14 de Curry.
Já no jogo seguinte, veio a revanche, na Califórnia. Ainda em janeiro, 20 dias depois, Golden State venceu por sonoros 130 a 92. Dessa vez sem Draymond Green, a equipe contou com grande trabalho coletivo, e sete jogadores ultrapassaram a barreira dos dez pontos.
Nos duelos seguintes, já depois da parada para o All-Star Game, os Mavericks aproveitaram o grande momento vivido para vencer mais duas vezes. A primeira em 27 de fevereiro, também no Chase Center, na Califórnia. Doncic comandou o jogo com 34 pontos e 11 assistências, e Dinwiddie, envolvido na troca de Porzingis, veio logo atrás com 24 pontos. Os 27 pontos de Curry não foram capazes de evitar o revés dos Warriors, que na ocasião não tinha nem Green, e nem Thompson.
Por fim, a última peleja entre as equipes ocorreu pouco depois, no dia 3 de março. Mais uma vitória de Dallas, dessa vez em casa, pelo placar de 122 a 113. E mais um show de Luka Doncic, com 41 pontos, dez rebotes e nove assistências. Além dele, cinco jogadores alcançaram os dois dígitos em pontuação.
Mavericks 99 x 82 Warriors – 05/01/22, American Airlines Center
Warriors 130 x 92 Mavericks – 25/01/22, Chase Center
Warriors 107 x 101 Mavericks – 27/02/22 – Chase Center
Mavericks 122 x 113 Warriors – 03/03/22 – American Airlines Center
AGENDA DA SÉRIE
JOGO 1: Mavericks @ Warriors, 18/5, 22h (horário de Brasília)
JOGO 2: Mavericks @ Warriors, 20/5, 22h (horário de Brasília)
JOGO 3: Warriors @ Mavericks, 22/5, 22h (horário de Brasília)
JOGO 4: Warriors @ Mavericks, 24/5, 22h (horário de Brasília)
JOGO 5: Mavericks @ Warriors, 26/5, 22h (horário de Brasília)*
JOGO 6: Warriors @ Mavericks, 28/5, 22h (horário de Brasília)*
JOGO 7: Mavericks @ Warriors, 30/5, 21h (horário de Brasília)*
*Jogos só acontecem se necessário
PALPITE: Dallas Mavericks 4-3 Golden State Warriors
A série tem todos os ingredientes para ser decidida em um eventual jogo 7. Os Warriors têm, na teoria, uma leve vantagem física, e uma grande vantagem em experiência. Nomes multicampeões como Curry, Green, Thompson e Iguodala tendem a sentir menos pressão em momentos decisivos e jogos apertados.
Dallas não conta com nenhum jogador que já tenha sido campeão em seu elenco. No entanto, tem Luka Doncic, que apesar de jovem, já mostrou que pressão não é um problema. O sucesso de Golden State na série passará pela estratégia para conseguir parar o esloveno, e, a princípio, ninguém descobriu ainda uma receita para o fazer. Mesmo não tendo passado maiores sustos diante de Nuggets e Grizzlies, a equipe da Califórnia sofreu com grandes atuações de estrelas como Nikola Jokic e Ja Morant.
Apesar das características diferentes, Doncic tem contado com grande ajuda do elenco de apoio dos Mavericks e vem sendo o segundo maior pontuador dos playoffs. Esses fatores, somados à fase recente da defesa e à vitória diante dos Suns no jogo 7, podem ser decisivos em uma série que promete ser decidida nos detalhes.
(Foto: Reprodução Twitter / NBA)