PRÉVIA NBA 2022-23: Portland Trail Blazers
Com Lillard de volta e reforços nas alas, Blazers buscam voltar aos playoffs depois de hiato na última temporada
Depois de uma temporada marcada pela chegada de um novo técnico, a partida de C.J. McCollum e por lesões em seus principais jogadores, o Portland Trail Blazers esteve ausente dos playoffs da Conferência Oeste pela primeira vez desde 2013, terminando a temporada regular com sua pior campanha (27-55) desde 2005/2006. Os percalços do caminho fizeram com que os Blazers decidissem de vez abandonar o núcleo de nove anos formado por Damian Lillard e McCollum para partir para uma jornada de repaginação, a fim de voltar ao protagonismo do Oeste.
Foi uma sequência de oito temporadas seguidas em que os Blazers figuraram nos apertados playoffs do Oeste, desde a segunda temporada de Lillard até 2021. Em 2019, o teto do time em termos de conquista: uma desacreditada equipe comandada pela dupla de armadores conseguiu chegar às finais do Oeste, mas não foi competitiva frente aos Warriors e acabou varrida. Uma dissolução que parecia iminente não aconteceu e o núcleo composto por Lillard, McCollum e Jusuf Nurkic ainda esteve junto por duas temporadas seguidas, as quais acabaram prematuramente na primeira rodada dos playoffs, com três vitórias somente nas duas jornadas somadas.
Para começar 2021/2022 a equipe apontou para um caminho de mudança. Trouxe Chauncey Billups para o lugar de Terry Stotts no comando da equipe e antes mesmo do All-Star Game 2022 mandou McCollum, Larry Nance Jr. e Tony Snell para o New Orleans Pelicans por alguns jogadores para compor elenco e escolhas de primeira rodada. Ainda nessa época, os problemas de lesão rondaram os principais jogadores. Lillard, que nunca havia jogado menos do que 66 jogos em uma temporada pelo Blazers, atuou em somente 29 partidas devido a problemas crônicos no abdômen. Nurkic também perdeu 26 jogos na temporada devido a problemas no tornozelo e pé e só confirmaram as principais aspirações da franquia para o restante da temporada: desenvolver os jovens sem se preocupar com as vitórias, a fim de maiores chances no Draft de junho.
O Draft veio e a equipe não deixou passar o ala-armador canadense Shaedon Sharpe na sétima posição. O jogador de 19 anos tem ótima envergadura e sequer jogou um jogo na universidade por Kentucky, mas sua explosão física no ataque e medidas ótimas para o tornar um bom defensor falam por si só e o colocaram no patamar em que esteve no último draft. Em sua primeira chance de aparição para os torcedores. o jogador mal atuou na Summer League e teve que ver o time comandado por Keon Johnson, Brandon Williams e Trendon Watford brilhar em Las Vegas e faturar o título do torneio. O armador Williams e o ala Watford já estavam nos Blazers na temporada passada e mostraram evolução para se manterem no time, sendo Williams com um contrato two-way e Watford com um ano garantido. O ala-armador Johnson veio dos Clippers na troca que enviou Robert Covington para a Califórnia e também mostrou serviço para se manter no elenco em meio a seu segundo ano de contrato de um total de quatro.
Pouco antes da Summer League de Las Vegas e em meio ao torneio, a franquia de movimentou e deu a entender que quer resolver algumas coisas agora, como se mostrar um time competitivo para talvez conseguir se reforçar na temporada e alçar um grande voo já em 2023. Em julho, a equipe mandou escolha de primeira rodada para Detroit e trouxe Jerami Grant em um contrato expirante, assinou por três anos com o agente livre Gary Payton II, que vinha de ótima temporada nos Warriors, e assinou as extensões de Anfernee Simons (incríveis quatro anos e US$ 100 milhões), Nurkic e Lillard, ou seja, montou o núcleo do time da temporada em praticamente uma semana e acenou para uma temporada em busca de vitórias.
Com a lesão de Lillard, Simons teve bastante responsabilidade com a bola nas mãos para criação de jogadas e não decepcionou. Aos 23 anos e entrando em seu quarto ano na liga, saltou de 7,8 para 17,3 pontos de média, de 1,4 para 3,9 assistências, acertando 44,3% de arremessos de quadra, em 29,5 minutos, de média, em ação. Com Lillard de volta, o armador fará as vezes de McCollum da dupla, um papel diferente que teve na reta final da temporada passada, mas que pode dar bem certo já que a responsabilidade de levar a bola e criar as jogadas cairá drasticamente. Na ala, Grant deverá desempenhar um papel que Covington fez recentemente, mas melhor. Grande defensor, o ala ajudará a melhorar a fraquíssima defesa da equipe, além de se mostrar também uma boa opção ofensiva, com um arsenal maior do que o ex-dono da posição. Se Nurkic se manter saudável, esse quarteto se mostra bem competitivo na briga pelos playoffs/play-in.
A ala talvez seja a grande pulga atrás da orelha de Billups. Em meio a sua melhor temporada, Nassir Little teve problemas no ombro e acabou perdendo o restante, atuando em somente 42 jogos, algo comum em sua carreira de três anos na liga, todas abaixo dos 50 jogos. Enquanto atuou, o ala acumulou médias de 9,8 pontos, 5,6 rebotes e 1,3 assistências em 25,9 minutos de ação, todos os números os melhores de sua vida. A briga por mais minutos por ali ficará por conta de Billups, que pode atuar com jogadores menores por ali, como Payton e Josh Hart, como maiores como Little ou mesmo puxar Grant e colocar outro jogador menos móvel de garrafão, como Drew Eubanks. Acredito que as circunstâncias dos jogos condicionarão as preferências e os Blazers têm jogadores para mudar bastante o estilo de jogo ao longo dos jogos.
Como antepenúltimo colocado do Oeste, não era de se esperar grandes números na última temporada, mas eles mesmos foram desastrosos. Se em termos de índice ofensivo (pontos a cada 100 posses), a equipe teve 107,3, quarta pior marca da liga, em relação ao índice defensivo, os Blazers conseguiram ter a segunda pior marca de toda a liga (116,3), superando somente o Houston Rockets, o que resultou em um net rating (índice ofensivo – índice defensivo) de -9,1, simplesmente o pior número de toda a liga.
Desde 2019/2020, os Blazers não conseguiram escapar de estarem entre as quatro piores defesas da liga, porém, as novas aquisições acenam para uma tentativa de melhoria nesse aspecto. Melhorando atrás e mantendo um desempenho ofensivo bom com Lillard saudável, os Blazers têm tudo para voltar para o lugar em que sempre esteve acostumado: os playoffs.
(Foto: Mitchell Leff / Getty Images)
Principais chegadas: Jerami Grant, Shaedon Sharpe e Gary Payton II
Principais saídas: nenhuma
Ponto forte: Lillard. Mais do que seu grande valor individual, Lillard é um facilitador de jogo em diversos aspectos: seja atraindo dobras e livrando os companheiros, seja criando jogadas para ele ou para os próprios companheiros. A máquina gira mais fácil com Lillard e isso deve ser um fator ofensivo determinante para o sucesso dos Blazers na temporada.
Ponto fraco: A defesa. São três temporadas seguidas entre as quatro piores defesas da liga. Embora as novas aquisições, principalmente Payton II e Grant, mostram uma tentativa de melhorar esse aspecto, somente na prática e com o entrosamento entre os jogadores é que poderemos avaliar se este não é mais um ponto fraco da equipe. Por ora, é por aí que as derrotas virão.
Campanha em 2021/22: 27-55 (antepenúltima posição na Conferência Oeste)
Provável quinteto: Damian Lillard, Anfernee Simons, Nassir Little, Jerami Grant e Jusuf Nurkic
Franchise player: Damian Lillard
Sexto homem: Gary Payton II
Head coach: Chauncey Billups (segundo ano nos Blazers)
Briga por: play-in