PRÉVIA NBA 2022-23: Dallas Mavericks
Liderados por Doncic, Mavs tentam surpreender novamente em uma Conferência Oeste disputada
Ao vencerem o Utah Jazz na primeira rodada dos playoffs da temporada 21-22, Luka Doncic e o Dallas Mavericks quebraram tabus importantes. A começar pela equipe texana, que venceu uma série de pós-temporada pela primeira vez desde 2011, ano em que conquistou seu único título na NBA. Já o esloveno rompeu o roteiro de eliminações na primeira rodada, fato que havia acontecido nas duas campanhas anteriores, quando os Mavs caíram diante do Los Angeles Clippers.
A jornada seria ainda mais proveitosa, com vitórias surpreendentes para despachar o time de melhor campanha da liga, Phoenix Suns, caindo apenas na final da Conferência Oeste, diante do futuro campeão, Golden State Warriors. Todo esse conjunto proporciona um ambiente de esperança para a nova temporada em Dallas, quando os Mavs, liderados por um Luka Doncic cada vez melhor, tendem a brigar novamente nas primeiras posições do Oeste.
Depois de 13 temporadas sob o comando de Rick Carlisle, foi a vez de um ídolo assumir o posto de treinador. O ex-armador Jason Kidd, campeão como jogador em 2011, ainda não havia colecionado grandes resultados na beira das quadras, mas recebeu um voto de confiança de Mark Cuban, dono dos Mavericks. Junto dele, chegou o general manager Nico Harrison.
Nas duas temporadas anteriores, em que Dallas voltou a figurar na pós-temporada, dois problemas principais foram escancarados nas eliminações consecutivas para os Clippers: a falta de qualidade defensiva, e a necessidade de um elenco de apoio melhor ao redor de Doncic.
A chegada de Jason Kidd resolveu o primeiro problema. A defesa montada pelo ex-armador foi eficiente, especialmente no perímetro, muito por conta do novo sistema defensivo, mas também pela qualidade individual de Dorian Finney-Smith, principal defensor do time, Reggie Bullock, Maxi Kleber, Frank Ntilikina e Josh Green. Mesmo Doncic, conhecido pela falta de esforço no lado defensivo da quadra, foi pouco exposto durante a temporada. Preocupante foram os momentos em que teve que marcar Devin Booker e Andrew Wiggins, já nos playoffs.
Com a melhora, os texanos terminaram a temporada regular como a sétima melhor defesa da liga. Antes disso, a última vez que a equipe havia figurado no Top 10 no quesito havia sido em 2014-15. A agressividade ainda deixa a desejar, com os Mavericks sendo o segundo pior time em média de roubos de bola. Por outro lado, cederam a menor média de bolas de três por jogo (10,9), em mais uma demonstração de força da marcação no perímetro.
Em relação ao elenco de apoio, mudanças também foram feitas. A principal delas foi a aquisição de Spencer Dinwiddie, vindo do Washington Wizards, que recebeu Kristaps Porzingis. Apesar de alguns lampejos, o letão nunca foi o parceiro ideal para Doncic, com o esloveno subindo de produção depois da troca. Em 10 de fevereiro, noite em que a transação do pivô foi confirmada, Luka marcou 51 pontos, maior pontuação do jovem na NBA, até então.
No jogo seguinte, 45 pontos e 15 rebotes, também diante dos Clippers, confirmando as teorias de que o armador se sentia mais à vontade sem a presença de Porzingis. A chegada de Dinwiddie ajudou a equipe a manter o bom nível do ataque, característica que já era marcante na era Carlisle.
Os Mavericks terminaram a temporada com o 14° melhor índice ofensivo (relação de pontos a cada 100 posses), número que não impressiona mas também não decepciona quando se tem uma defesa consistente. Além disso, foi a terceira equipe que menos cometeu turnovers (média de 12,5) e teve a segunda melhor campanha da liga depois da parada para o All Star Game. Se mantiver a defesa funcionando e, contando com um entrosamento ainda maior, a equipe deve conseguir manter o nível apresentado em 2021-22.
Para esta temporada, no entanto, a situação do elenco pode ser mais preocupante. Isso porque Dallas perdeu o principal coadjuvante da campanha de sucesso, o armador Jalen Brunson. Depois de toda a novela da offseason, onde era free agent, Brunson assinou com o New York Knicks. O camisa 13 foi o segundo maior cestinha da equipe na temporada (com 16,3 pontos por jogo), ajudando a desafogar a responsabilidade de Doncic na armação. Foi fundamental também na série diante do Jazz, quando o esloveno perdeu alguns jogos por lesão.
Uma reposição direta para Brunson ainda não desembarcou no Texas, mas a equipe se movimentou na offseason. O principal reforço foi Christian Wood, trocado pelo Houston Rockets por algumas peças de rotação e uma escolha de primeira rodada no Draft. Na última temporada, o pivô teve médias de 17,9 pontos e 10,1 rebotes pelo fraco elenco dos Rockets.
Wood adiciona virtudes que o elenco dos Mavericks ainda não possuía. Pivô de grande capacidade ofensiva, é capaz de bater marcadores mais baixos e mais altos na linha de três pontos, podendo infiltrar em direção à cesta ou mesmo arremessar bolas do perímetro. Defensivamente, também se garante como um protetor de aro razoável. Deve se tornar o melhor parceiro de pick’n roll para Doncic.
Outro reforço que deve ser bastante utilizado é o experiente JaVale McGee, que chega para sua segunda passagem por Dallas. Assim como Wood, McGee adiciona características que fizeram falta aos Mavs no passado recente. O ganho aqui, no entanto, é defensivo. Mesmo veterano, o pivô ainda é um defensor muito competente, e pode garantir rebotes importantes para a equipe.
Além dos dois, chegaram também Tyler Dorsey e McKinley Wright IV. Outro nome importante pode ser o do jovem Jaden Hardy. Candidato a steal do Draft de 2022, Hardy foi projetado por muitos analistas como uma escolha de primeira rodada. Em algumas simulações mais antigas, foi inclusive cotado como um prospecto de Top 5. As previsões não se confirmaram, e os Mavs enxergaram a oportunidade de selecionar Hardy na posição 37, após uma troca com o Sacramento Kings, dono original da escolha.
Ao contrário do que se imaginou com a saída de Brunson e as chegadas dos pivôs, Dallas não vai começar a temporada com um quinteto inicial de estatura mais alta. Jason Kidd já antecipou que McGee será o titular na posição de pivô, com Wood ocupando o papel de sexto homem, vindo do banco. Nesse sentido, os texanos vão apostar em um time titular um pouco mais baixo, característica que funcionou bem nos playoffs.
A grande questão agora é a rotação na armação. Dinwiddie foi promovido à titular, e ocupará a lacuna deixada por Brunson. O armador foi importante na série contra os Suns, quando, ao lado de Doncic, formou a primeira dupla a marcar mais de 30 pontos cada em um jogo 7 de pós-temporada. A ascensão de Dinwiddie aos titulares, todavia, abre um buraco na rotação reserva dos Mavericks.
Aqui, o retorno de um experiente jogador pode ser determinante para o sucesso da franquia: Tim Hardaway Jr. O ala-armador quebrou o pé em janeiro, em partida diante dos Warriors. Antes disso, vinha demonstrando boa evolução defensiva, principal fraqueza de seu jogo.
Apesar dos altos e baixos, desde que chegou dos Knicks, em 2018, Hardaway se tornou uma das principais armas ofensivas da equipe, capaz de criar seus próprios arremessos e convertendo bolas importantes. Perto de retornar às quadras, será fundamental para a rotação de Dallas. Ele é o reserva mais capacitado em termos ofensivos, e com certeza será muito acionado.
Maxi Kleber e Hardy também serão vitais nesse aspecto. Depois de uma temporada abaixo da média no aproveitamento das bolas de três (32,5%), o alemão virou a chave nos playoffs e foi crucial no espaçamento dos Mavs, colecionando médias de 8,7 pontos e 43,6% no perímetro. Já o calouro pode ganhar espaço desde os primeiros jogos, também por conta da necessidade de pontuação vinda do banco. Hardy é um pontuador nato e, se conseguir melhorar seu aproveitamento, tem tudo para ganhar minutos na rotação.
A conclusão é que os Mavericks chegam fortes para a temporada, mas será difícil repetir o feito deste ano. Muito por conta da melhora coletiva da Conferência Oeste. Os Clippers contarão com a volta de Kawhi Leonard e devem brigar no topo, assim como o Denver Nuggets, que terá Jamal Murray e Michael Porter Jr. saudáveis. Outra franquia que deve chegar forte é o Minnesota Timberwolves, com a adição de Rudy Gobert. Além disso, equipes que também tiveram sucesso na temporada passada, como Warriors, Suns e Memphis Grizzlies, tem tudo para manter o nível apresentado.
Foto: Reprodução Twitter/Dallas Mavericks
Principais chegadas: Christian Wood e JaVale McGee
Principais saídas: Jalen Brunson, Trey Burke e Boban Marjanovic
Ponto forte: Luka Doncic. Falar sobre as qualidades do esloveno é chover no molhado. Com apenas 23 anos, sendo quatro de NBA, ele já foi três vezes All Star, três vezes selecionado para o time ideal da temporada, além do prêmio de Rookie of The Year. Doncic segue melhorando a cada ano. Em 2021-22, suas médias foram de 28,4 pontos, 9,1 rebotes e 8,7 assistências. Nas casas de apostas, o armador é o favorito a ganhar o prêmio de MVP. No cenário internacional, Doncic vem de um EuroBasket fenomenal. Por tudo que já mostrou nos últimos anos, fica evidente que qualquer time liderado por Luka – jogando nesse nível – tem potencial para ser um contender.
Ponto fraco: Elenco de apoio. Como citado no texto, a perda de Brunson pode dificultar bastante a vida dos Mavs. Mesmo que não se trate de um All Star, o desempenho do armador, especialmente na segunda metade da temporada, potencializou o jogo coletivo de Dallas. Conseguir mantê-lo teria sido uma vitória dos texanos na offseason. Mesmo com a chegada de Wood e McGee, o elenco não parece mudar de patamar, e pode sofrer para competir frente à frente com times mais completos como Warriors, Nuggets e Clippers.
Campanha em 2021/22: 52-30 (quarto lugar na Conferência Oeste)
Provável quinteto: Luka Doncic, Spencer Dinwiddie, Reggie Bullock, Dorian Finney-Smith e JaVale McGee
Franchise player: Luka Doncic
Sexto homem: Christian Wood
Head coach: Jason Kidd (segundo ano nos Mavericks)
Briga por: Mando de quadra nos playoffs
Foto: Reprodução Twitter/Dallas Mavericks