[PRÉVIA] Milwaukee Bucks x Atlanta Hawks (final do Leste da NBA)
Duelo de Davi contra Golias na final do Leste, com o favorito Milwaukee Bucks enfrentando o azarão Atlanta Hawks
Surpresa na final do Leste! Milwaukee Bucks e Atlanta Hawks se enfrentam em um duelo que não era esperado nessa altura do campeonato. Mas as duas equipes jogaram para isso e se encontram para decidir quem vai representar a conferência na tão sonhada final da NBA.
De um lado, o Milwaukee Bucks superou o Brooklyn Nets em sete jogos em um confronto pra lá de agitado. Giannis Antetokounmpo teve alguns problemas na série, que parecia perdida no começo, mas conseguiu superar os obstáculos e liderar o time para mais uma final de conferência.
Enquanto isso, na outra semifinal, o Atlanta Hawks surpreendeu e superou o favorito Philadelphia 76ers também em sete partidas para garantir a vaga. Com Trae Young jogando muito bola, a franquia da Geórgia soube explorar suas qualidades e chega à final querendo surpreender ainda mais o mundo do basquete.
Desde a junção da NBA com a ABA, na temporada 1976-1977, nenhuma dessas equipes conseguiu alcançar a final. Ou seja, teremos um finalista inédito no atual formato da liga.
Quando o assunto é a final de conferência, as coisas mudam um pouco. Os Hawks chegaram lá apenas uma vez, em 2015, quando foram varridos pelo Cleveland Cavaliers de LeBron James. Já os Bucks possuem um histórico de maior presença. Foram três presenças nos anos 80, mas com um recorde de 2-12 e três eliminações. Em 2001 eles chegaram perto, mas foram eliminados em sete jogos para os Sixers de Allen Iverson. Por fim, a última vez foi em 2019, já com Antetokounmpo, quando perderam para os Raptors de Kawhi Leonard em seis jogos.
Independente de como as equipes chegaram, a certeza é de que teremos excelentes jogos. Os Bucks, liderados por Giannis, tentando se firmar de vez como uma força na NBA. Contra um jovem time dos Hawks, que depois de surpreender os Sixers, espera ir ainda mais longe e reinar no Leste.
Uma história interessante desse duelo envolve um nome não tão badalado. Bogdan Bogdanovic, jogador de Atlanta. Ele quase foi parar em Milwaukee na offseason. Porém, uma recusa de Donte DiVicenzo em ir para Sacramento melou a troca e o jogador acabou não indo para lá. Depois, os Hawks acertaram a chegada do jogador.
Mas o que esperar desse duelo que vai agitar as finais da Conferência Leste? Confira em mais uma prévia do The Playoffs!
BUCKS X HAWKS: COMO CHEGAM
Sem muitas lesões dos dois lados quando falamos dos jogadores fundamentais, podemos falar que teremos times quase completos nessa final de conferência. Inclusive, isso deve ser citado como um fator para as duas equipes chegarem até aqui. Donte DiVicenzo está fora da série de um lado por conta de um problema no tornozelo. Já no outro temos Cam Reddish fora com uma lesão no tendão de Aquiles, e De’Andre Hunter com um problema no menisco.
Indo agora para a análise, vamos começar pela equipe melhor ranqueada durante a temporada regular: o Milwaukee Bucks. Impossível falar deste time sem mencionar o grego Giannis Antetokounmpo. Tudo na franquia é feito para agradar o craque. Ele é o principal jogador e é o pilar do esquema de Mike Budenholzer. Defesa forte e jogo de transição são as principais forças de Giannis (e por consequência dos Bucks), que também é muito perigoso quando joga próximo ao garrafão no ataque.
Um jogo muito físico e que pode acabar dificultando a vida dos Hawks. Sem um jogador semelhante e que possa se responsabilizar por marcar Giannis o jogo inteiro, Milwaukee deverá explorar ainda mais o talento do seu principal jogador. Caso o camisa 34 tenha uma atuação parecida com seus dois primeiros jogos da série contra os Nets, tentando arremessos de longa distância e fugindo das suas características, a vida de Atlanta vai ser facilitada.
Porém, os Bucks existem sem o grego. Eles também possuem o seu “big three”, que vem bem quente para esse confronto. Khris Middleton e Jrue Holiday são jogadores que, além de auxiliarem (e muito!) no trabalho ofensivo, são dois excelentes defensores.
Middleton é o segundo maior pontuador da equipe e o principal responsável pelos arremessos de longa distância. No ataque, ele cumpre múltiplas funções. Desde levar a bola em alguns momentos, até espaçar a quadra ou criar o seu próprio arremesso. Além disso, já mostrou ser um jogador de jogo grande, aparecendo em momentos decisivos. Defensivamente, é muito inteligente e sabe utilizar suas vantagens físicas a seu favor. Um cara completo que também será importante na briga dos Bucks pelo título.
Por fim, Jrue Holiday. O armador chegou nesta temporada como uma tentativa do front office de melhorar o entorno de Antetokounmpo. E caiu como uma luva na equipe. Assim como seus dois companheiros de “big three”, Holiday é um excelente defensor. Geralmente o responsável pela marcação do principal armador do adversário. No ataque, a bola está em suas mão na maior parte do tempo e ele é o maior assistente da equipe, com médias de 6,1 durante a temporada regular e 7,6 nos playoffs.
Indo agora para o outro lado, o Atlanta Hawks possui menos estrelas em comparação aos Bucks. Porém, se considerarmos o talento individual, eles podem ter o melhor desta série. Com apenas 22 anos, Trae Young é o cara dos Hawks.
Desde que foi draftado, em 2018, Young é o principal nome da franquia. Especialista nas bolas de três pontos, ele é uma máquina no ataque. Leva a bola, dribla, cria seus próprios arremessos, assiste os companheiros e define os jogos. Uma verdadeira ameaça para os adversários. Com médias de 29,1 pontos e 10,4 assistências, ele reina ofensivamente em Atlanta e deve ser a principal preocupação dos Bucks nesta série.
Apesar de todo o talento de Trae Young, quando destacamos os principais nomes das franquias, só podemos falar dele pelos Hawks. E isso, no fim das contas, pode acabar sendo um fator decisivo aqui. Sem apoio, fica muito difícil avançar nesses momentos decisivos. De qualquer maneira, os Hawks têm um elenco bastante homogêneo, e que coletivamente vem sendo efetivo.
O CONFRONTO
Passados os principais nomes, vamos agora falar onde a série pode acabar sendo decidida. Os coadjuvantes são muito importantes em momentos como esse, pois quem acaba fazendo o “trabalho sujo” está aqui.
Começando mais uma vez pelos Bucks, temos que falar dos outros dois titulares durante a série anterior: P.J. Tucker e Brook Lopez. Impossível não falar do trabalho defensivo de Tucker contra os Nets, já que o camisa 17 era o principal responsável pela marcação de Kevin Durant. Com um trabalho muito bem feito, ele dificultou a vida do jogador dos Nets. Indo para o ataque, ele ficava onde mais gosta, na “zona morta”. Um especialista nos arremessos daquela posição, ele matou bolas importantes nessa pós-temporada.
Principal pivô da equipe, Brook Lopez é um jogador moderno. Briga no garrafão, mas também pode abrir a quadra e ele arrisca alguns arremessos de longa distância, abrindo espaço perto da cesta para Antetokounmpo. Ou seja, ele desempenha uma função muito importante, já que tem que ter a leitura do que fazer nos momentos em que a bola vai para a mão do grego.
Vindo do banco, Bryn Forbes e Pat Connaughton devem ser os que irão ganhar mais minutos. Ambos são especialistas na bola de três pontos e entram em quadra pensando nisso, em espaçar a quadra. Porém, Forbes é um ponto fraco na defesa e deve ser explorado quando estiver em quadra. Diferentemente de Connaughton, que consegue ajudar a equipe no momento defensivo e descansar os titulares.
Além deles, Bobby Portis pode ganhar alguns minutos para ajudar no descanso dos grandalhões da equipe. Porém, nada mais do que isso. Jeff Teague pode também ter os seus minutos, mas nada que deverá impactar diretamente a série.
Agora indo para o outro lado, vamos olhar o elenco de apoio do Atlanta Hawks. Começando pelas alas. Bogdan Bogdanovic e Kevin Huerter. Segundo principal pontuador da equipe na pós-temporada, com 13,8 pontos por partida, Bogdanovic é um finalizador de jogadas. Dificilmente ele cria elas. Mas ele possui uma boa leitura de jogo e, em muitos momentos, encontra o passe extra e acha o companheiro livre. Defensivamente, não é um especialista, mas desempenha uma função importante dentro do elenco.
Kevin Huerter é praticamente uma cópia de Bogdanovic. Como Trae possui muito a bola na mão e quem o auxilia nesses momentos vem do banco, Huerter fica responsável por espaçar a quadra. 40,4% de aproveitamento dos chutes de três pontos provam sua eficiência nesse quesito.
Agora a dupla de pivôs: John Collins e Clint Capela. Os dois são outro ponto forte da equipe. Uma dupla que tem uma presença muito forte de garrafão e que também desempenha um papel fundamental na defesa. Capela é muito forte e sua presença incomoda os adversários. Briga pelos rebotes e ajuda momentos defensivos são as principais qualidades do camisa 15. Já Collins é ainda mais atlético. Também é muito forte e ajuda na briga lá embaixo, porém ele ainda pode espaçar a quadra e tentar arremessos de longa distância. Com qualidade nesse momento, ele tem um aproveitamento de 38,1% na bola de três pontos e vai ser fundamental se Atlanta quiser surpreender.
Agora vamos ao banco dos Hawks. De cara, dois nomes a serem destacados. Lou Williams e Danilo Gallinari. Williams é o jogador mais velho da equipe e desde que chegou no trade deadline, ajuda muito. Principalmente levando a bola, já que Atlanta sente falta de um nome para ajudar Young nessa função. Mesmo sem muitos minutos, ele ajuda a descansar os titulares e deve ser ainda mais importante por conta da experiência em uma série como essa.
Gallinari já é um pouco diferente. O italiano é o sexto homem da franquia e joga mais minutos. Jogador importante na pontuação, ele traz energia vindo do banco, mesmo sendo também um dos veteranos da equipe. Melhor aproveitamento dos Hawks na bola de três pontos, Gallinari vai ser fundamental para o sucesso da franquia em uma série como essa.
Além deles, quem também deve ganhar minutos é o calouro Onyeka Okongwu. Ele entrou em todos os jogos dos playoffs para dar um descanso para Capela e isso deve se manter nesta série.
Por fim, quem também pode ter alguns minutos é a dupla Solomon Hill e Tony Snell. Caso Atlanta precise de mais ajuda na defesa, são nomes que podem entrar em quadra para ajudar nessa função.
RETROSPECTO
Na temporada regular, foram três embates. Duas vitórias de Milwaukee contra uma de Atlanta. Em apenas um deles que os Bucks reinaram tranquilamente. Nos outros dois jogos, muita emoção.
Na primeira partida, em janeiro, zero dificuldades para os Bucks, que abriram 20 pontos logo no primeiro quarto e não teve mais jogo. Jogando em casa, foram 27 pontos e quase um triplo-duplo para Antetokounmpo, que reinou nesta noite.
No segundo encontro, em abril, no fim da temporada regular já, uma partida mais equilibrada. Em Atlanta, Bogdanovic foi muito bem, anotou 28 pontos, mas não deu para os Hawks. 120 a 109 para os Bucks, que contaram com sete jogadores anotando pelo menos 10 pontos para levar a partida.
No último confronto, mais uma vez em Atlanta, 111 a 104 para os Hawks. Mesmo sem Trae Young, Bogdanovic foi fundamental mais uma vez, com 32 pontos agora, evitando a varrida na série da temporada regular.
AGENDA DA SÉRIE
JOGO 1: Quarta-feira (23/06), às 21h30, Milwaukee Bucks x Atlanta Hawks
JOGO 2: Sexta-feira (25/06), às 21h30, Milwaukee Bucks x Atlanta Hawks
JOGO 3: Domingo (27/06), às 21h30, Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
JOGO 4: Terça-feira (29/06), às 21h30, Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
JOGO 5: Quinta-feira (01/07), às 21h30, Milwaukee Bucks x Atlanta Hawks*
JOGO 6: Sábado (03/07), às 21h30, Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks*
JOGO 7: Segunda-feira (05/07), às 21h30, Milwaukee Bucks x Atlanta Hawks*
*Jogos só acontecerão se necessário
Obs.: Todos os jogos no horário de Brasília
PALPITE: Milwaukee Bucks 4 x 2 Atlanta Hawks
Favorito pra levar a série, o Milwaukee Bucks não vai ter vida fácil para superar o jovem time do Atlanta Hawks. Porém, eles devem confirmar o favoritismo. Basta seguir fazendo o que está dando certo nas vitórias e não insistir nos erros das derrotas.
Caso Antetokounmpo fique tentando os arremessos de longa distância, as chances dos Bucks diminuem. Porém, se ele for o jogador dos últimos jogos da série contra os Nets, que se aproxima da cesta, e a equipe trabalhe para ajudá-lo nesse jogo, fica muito difícil para Atlanta.
Os Hawks vão ter que se desdobrar aqui. O encaixe defensivo não os favorece, já que eles possuem um time muito menos físico na comparação. Porém, essa era a situação antes da série contra os Sixers e deu no que deu.
Trae Young vai ter que jogar muita bola e encontrar um jeito de se desvencilhar da forte defesa de Milwaukee. Provavelmente dobras irão vir e Nate McMillan vai ter que encontrar um jeito de fazer com que seu principal jogador consiga ter a bola em condição de resolver. Caso todas essas situações ocorram, os coadjuvantes da equipe ajudem, Atlanta possui alguma chance na série.
Com um elenco mais preparado para um momento como esse, Milwaukee vai vir com tudo para conseguir sua primeira final desde o começo dos anos 70, quando Kareem Abdul-Jabbar era o craque do time e foi campeão com os Bucks. Resta saber se eles irão cumprir com a expectativa, ou irão, assim como nos últimos anos, ficar no quase.
Fotos: (Reprodução Twitter/Milwaukee Bucks; Reprodução Twitter/Atlanta Hawks)