[PRÉVIA] Final da NBA 2020: Los Angeles Lakers x Miami Heat
Lakers voltam à final após dez anos e encaram um jovem Miami pelo primeiro (e último) título da bolha da Disney
Depois de uma das temporadas mais turbulentas da história da NBA, Los Angeles Lakers e Miami Heat começam nesta quarta-feira (30) a decidir o título 2019/2020 da maior liga de basquete do mundo.
Os Lakers voltam à decisão após dez anos, enquanto o Heat passou por um hiato de seis anos sem presenças na final.
Curiosamente as duas franquias têm uma ligação especial com alguns nomes em comum: LeBron James, Pat Riley e Shaq, por exemplo.
A temporada de ambas as equipes mostrou um misto de regularidade com qualidade para elevar o nível de jogo quando necessário, sendo possível afirmar que a final reúne os dois melhores times vistos na “bolha” da Disney.
Frente a essas expectativas, o que esperar desta final? Vamos a mais uma prévia do The Playoffs!
LAKERS X HEAT
Os Lakers contam com dois dos maiores talentos individuais da NBA atual em LeBron James e Anthony Davis. Atletas físicos e versáteis, que conseguem criar situações favoráveis de arremessos em qualquer ponto da quadra ofensiva.
O confronto já se inicia portanto com essa dúvida: Qual será a estratégia adotada por Erik Spoelstra na defesa?
Essa pergunta é seguida de muitas respostas, mas provavelmente irá terminar no forte garrafão defensivo de Miami, que conseguiu minimizar os danos do MVPx2 Giannis Antetokounmpo.
Com uma análise rápida vemos que LeBron e Davis contribuem com 55,5 pontos dos 113,9 pontos dos Lakers nestes playoffs. A próxima melhor média ofensiva de um atleta da equipe nesta pós-temporada é de Kyle Kuzma com 10,5 pontos, apenas a 48ª marca na liga.
Olhando Miami vemos uma realidade um pouco mais diferente. O Heat não tem nenhum atleta entre os 15 maiores pontuadores dos playoffs, mas seis entre os 50 melhores.
Goran Dragic (20,9), Jimmy Butler (20,7), Bam Adebayo (18,5), Tyler Herro (16,5), Jae Crowder (12,3) e Duncan Robinson (11,3). Todos esses seis não são talentos individuais que possam se igualar a James ou Davis, mas que poderiam assumir um papel na rotação titular dos Lakers.
Como ponto em comum entre os dois times, ambas as defesas se colocaram entre as cinco principais dos playoffs na Disney: os Lakers com a terceira melhor e 106,5 pontos cedidos e o Heat com a quinta melhor, com 107,2 pontos marcados pelos adversários.
O CONFRONTO
Por mais que o Heat seja um time mais heterogêneo, não podemos ignorar que a rotação dos Lakers respondeu quando foi chamada nas séries contra Portland, Houston e Denver.
Rajon Rondo não é mais o armador capaz de fazer 50 pontos e ser o jogador da franquia, mas ainda consegue comandar uma segunda rotação. O mesmo vale para Dwight Howard, fundamental na proteção ao aro contra Nikola Jokic no quarto período das partidas contra os Nuggets.
Isso sem contar Alex Caruso. O ‘Bold Mamba’ se tornou o T-1000 do elenco, capaz de deixar LeBron mais livre para atacar individualmente na marcação e excelente nas jogadas de transição ofensiva. Nem todo jogador é brilhante, mais alguns conseguem essa qualidade justamente por fazerem de forma excelente ações “comuns” dentro de quadra.
Então fica claro como o Heat vai enfrentar uma série não apenas com a dupla de maior talento vista até agora, mas com o núcleo de coadjuvantes mais forte também.
E aí as deficiências de Miami devem ficar em foco desde o início da série. Porque a defesa dos Lakers é uma das melhores da NBA, em especial dentro do garrafão. O Heat enfrentou algo parecido contra os Bucks e teve dificuldades de pontuar na área pintada quando Antetokounmpo e Brook Lopez estavam juntos em quadra.
Dessa forma, a consistência do ataque do Miami é o ponto central desta final. O Heat já mostrou ter excelente jogo coletivo e sem dúvidas é a melhor equipe que os Lakers enfrentaram até agora nos playoffs, mas os ‘apagões’ vistos em toda a série contra o Boston Celtics não ficarão impunes contra a equipe angelina.
Tentando prever os duelos defensivos, fica claro como a marcação zona finalmente parece ter ganhado mais amor pelos técnicos da NBA. Spoelstra tem usado bem formações mais tradicionais até passando pela zona match-up, tradicional no basquete FIBA e que permite trocas individuais dentro dos quadrantes defensivos.
Contra os Lakers a tendência é que Crowder e Butler se revezem na marcação a LeBron fora do garrafão, enquanto Adebayo deva permanecer como homem fixo no poste baixo.
Com isso, Frank Vogel pode se aproveitar e puxar mais vezes Davis para atuar no perímetro – algo visto em diversos momentos nesses playoffs. Só que Spoelstra sabe que não pode morder essa ‘isca’ e tirar Adebayo da área pintada, o que claramente vai gerar uma situação favorável aos Lakers.
Assim, vejo Davis como o X-Factor dos Lakers na final. LeBron será ele mesmo mais uma vez, mas é um atleta de 35 anos e até mesmo um rei envelhece. O ‘monocelha’ já mostrou qualidade para assumir esse legado e nada melhor que uma final da NBA para reafirmar esse rótulo.
Os duelos defensivos do outro lado da quadra também se mostram interessantes. Rondo com toda certeza deve ganhar minutos pelos seus predicados na defesa e Caruso tem se mostrado um dos melhores na proteção do perímetro nestes playoffs.
Isso permite que LeBron fique mais ‘solto’ para escolher seus alvos jogada por jogada, até porque a área pintada conta com Davis e em alguns momentos Howard é a melhor na proteção ao poste baixo de toda a NBA.
O melhor jeito de atacar essa defesa é com velocidade com e sem a bola, tentando quebrar as dobras para criar arremessos com a marcação desequilibrada. Miami soube fazer isso com maestria contra o perímetro de Milwaukee, mas não foi tão eficiente todo o tempo contra os Celtics.
Como dito anteriormente, consistência ofensiva é a palavra-chave para qualquer possibilidade de título para Miami. Com o X-Factor desse ataque sendo a confiança, em especial dos jovens Duncan Robinson e Tyler Herro, os melhores chutadores do perímetro da equipe.
RETROSPECTO
As equipes se enfrentaram duas vezes durante a temporada regular e os Lakers venceram ambos os confrontos. Os duelos ocorreram fora da bolha da Disney, ainda com torcida nos ginásios, lá em 2019.
Os Lakers atuaram de forma similar ao demonstrado no restante da temporada, apenas trocando peças como Avery Bradley e JaVale McGee por Caruso e Howard na formação titular.
Já Miami deu salto de produtividade ao deixar Adebayo em sua função de pivô no lugar de Meyers Leonard, trazendo assim Crowder para posição de titular. Dragic e Herro também saíram do banco em detrimento de Kendrick Nunn.
Analisando a pontuação desses jogos, LeBron e Davis foram os cestinhas dos Lakers com 51 pontos somados em ambas as partidas. Já Butler foi o cestinha do Heat com 22 e 23 pontos feitos.
Em ambos os jogos, Miami arremessou pior que os Lakers, tanto no perímetro quanto na área pintada. Inclusive, no duelo no Staples Center a equipe conseguiu apenas 17,1% no perímetro e 35% nos chutes de quadra.
A SÉRIE: Los Angeles Lakers x Miami Heat
JOGO 1: 30/9, às 22h, Los Angeles Lakers x Miami Heat – Band e ESPN
JOGO 2: 2/10, às 22h00, Los Angeles Lakers x Miami Heat – Band e ESPN
JOGO 3: 4/10, às 20h30, Miami Heat x Los Angeles Lakers – Band e ESPN
JOGO 4: 6/10, às 22h, Miami Heat x Los Angeles Lakers – Band e ESPN
JOGO 5: 9/10, às 22h, Los Angeles Lakers x Miami Heat* – Band e ESPN
JOGO 6: 11/10, às 20h30, Miami Heat x Los Angeles Lakers* – Band e ESPN
JOGO 7: 13/10, às 22h00, Los Angeles Lakers x Miami Heat* – Band e ESPN
* Jogos só acontecem se necessário.
Obs.: Todos os horários são de Brasília.
PALPITE: Los Angeles Lakers 4-1 Miami Heat
Miami deve sofrer durante toda a série com Davis, o meu favorito ao prêmio de MVP das finais. O ‘cobertor curto’ na defesa também reflete no ataque e Adebayo pode ficar sobrecarregado em faltas, com isso, perdendo minutos importantes nos jogos.
Robinson e Herro também devem mostrar força nos chutes de perímetro em diversos momentos da série, mas o Heat vai encontrar dificuldades contra a forte defesa dos Lakers. Cada erro ofensivo vai encontrar um dos melhores ataques em transição de toda a NBA.
Os Lakers trocaram alto por Davis e têm sido recompensados por isso, com a franquia ainda tendo mais alguns anos de LeBron para se manter no topo.
Já Miami voou ainda mais alto do que as expectativas mostradas, tendo um elenco jovem nas mãos para desenvolver ou até mesmo mostrar agressividade no mercado para trocar por um franchise player, dividindo assim as responsabilidades de Butler nesse elenco. O futuro é promissor, mas para vencer esta final, isso não deve ser o bastante.
(Fotos: Reprodução Twitter/NBA, Reprodução/Twitter Miami Heat e Kevin C. Cox; Michael Reaves/Getty Images)