[PRÉVIA] Finais NBA 2023: Denver Nuggets x Miami Heat
Com grandes jornadas distintas, Nuggets e Heat se enfrentam nas finais da NBA para fazerem história
Denver Nuggets e Miami Heat se enfrentam nas finais da NBA 2023 em série que já nasce histórica. Pela quinta vez em sua história os Nuggets avançaram às finais da Conferência Oeste e tiveram prova de fogo contra um Los Angeles Lakers em ascensão, liderado por LeBron James e Anthony Davis. Sem abrir brechas, a sólida equipe do Colorado varreu os Lakers e avançou pela primeira vez em sua histórias às finais da NBA. Se você acha que os Nuggets são favoritos, conheça os melhores sites de apostas de NBA para fazer a sua!
Do outro lado, a história também poderá ser feita. Classificado em oitavo na Conferência Leste, o Miami Heat se tornou somente a segunda equipe da história a chegas às finais nessas condições de classificação e pode ser a primeira a ser campeã. O time liderado por Jimmy Butler ficou contra a parede para o jogo 7 contra o Boston Celtics nas finais de conferência, mas soube controlar muito bem o jogo para vencer e confirmar a classificação. Essa é a sétima final do Heat, tricampeão da NBA em 2006, 2012 e 2013.
Sólido desde o início da temporada regular, os Nuggets se impuseram nos playoffs e confiam na sinergia do núcleo formado pelo técnico Michael Malone e as estrelas Nikola Jokic e Jamal Murray, juntos desde 2016. O Heat não fica atrás. A equipe cresceu muito desde a primeira rodada dos playoffs e desbancou os favoritos do Leste um a um, também apoiado na força do núcleo composto por Erik Spoelstra, Jimmy Butler e Bam Adebayo, que atuam juntos desde 2019 e já enfrentaram três finais de conferência e uma NBA Finals.
Acompanhe aqui mais uma prévia do The Playoffs!
(Foto: C. Morgan Engel/Getty Images)
NUGGETS X HEAT: COMO CHEGAM
Melhor time do Oeste com 53 vitórias e 29 derrotas, os Nuggets terminaram a temporada regular em baixa, perdendo cinco dois últimos dez jogos. O que poderia, minimamente, ligar um sinal de alerta para o início dos playoffs nunca se confirmou. A equipe passou com tranquilidade pelo Minnesota Timberwolves, por 4 a 1, e não teve muita dificuldade para bater o Phoenix Suns, de Kevin Durant e Devin Booker, por 4 a 2, sendo um sonoro 125 a 100 em Phoenix no jogo 6. Nas finais de conferência, apesar de jogos equilibrados, o time varreu o Los Angeles Lakers de James e Davis.
Os Nuggets foram o time de segunda melhor campanha em casa na temporada regular (34-7), conseguindo manter a hegemonia nos playoffs, já que o time segue invicto jogando em Denver. A força da equipe sempre foi o poderoso ataque. De quinto melhor da temporada regular com 116,8 pontos a cada 100 posses, o time saltou para o melhor dos playoffs com 119,7 pontos. Com uma sensível melhora defensiva para 111,7 pontos sofridos a cada 100 posses na pós-temporada, o time tem hoje nos playoffs o melhor saldo (8,0 de net rating) entre os 16 times que jogaram nos playoffs.
A equipe manteve a boa seleção e o alto aproveitamento nos arremessos de quadra (49% é a segunda dos offs) e conseguiu lapidar alguns aspectos em comparação à temporada regular. O controle dos rebotes não era um ponto fraco na temporada regular, mas nos playoffs, a equipe conseguiu se estabelecer como a mais dominante, com uma porcentagem de rebotes (quanto dos rebotes disponíveis são do time) de 53,4%, liderando a liga. Outro aspecto notável foi o número de desperdícios. Apesar de ter sido uma boa equipe distribuindo a bola, Denver sofria com 14,5 desperdícios por jogo, décima pior marca da liga. Hoje, o time tem a menor média de desperdício dos playoffs (11,4), sendo o melhor time em cuidar da bola, já que somente 11,7% das posses da equipe terminam em desperdício, melhor marca dos offs.
Nos playoffs, Jokic tem uma incrível média de triple-double, somando 29,9 pontos, 13,3 rebotes e 10,3 assistências, com atuações que o asseguraram o prêmio de MVP das finais do Oeste. Atrás do pivô, Murray tem as médias de 27,7 pontos, 5,5 rebotes, 6,1 assistências e 2,2 desperdícios. O terceiro cestinha da equipe é Michael Porter Jr., que acumula as médias de 14,6 pontos, oito rebotes e 40,8% de aproveitamento em 6,9 bolas de três tentadas por jogo.
Oitavo no Leste com 44 vitórias e 38 derrotas, o Heat ficou a uma derrota para o Chicago Bulls na decisão da última vaga do play-in de ficar fora dos playoffs, mas não sucumbiu e conseguiu avançar. Mal sabiam o que a franquia da Flórida iria aprontar. Elevando e muito seu pobre jogo ofensivo da temporada regular, o time aproveitou-se bem da lesão de Giannis Antetokounmpo durante a primeira rodada e despachou o primeiro lugar do Leste, Milwaukee Bucks, por 4 a 1. Na segunda rodada, a equipe enfrentou o New York Knicks, quinto colocado, e também conseguiu impor seu jogo para quebrar o mando de quadra do adversário e fazer 4 a 2 na série.
Nas finais de conferência contra o Boston Celtics, o time venceu os dois primeiros jogos em Boston e abriu 3 a 0, mas viu o rival vencer três vezes e levar a série ao sétimo jogo, em Boston. Dado como derrotado muitas vezes na pós-temporada, Miami mais uma vez enfrentou e venceu a opinião pública, despachando os rivais.
Na temporada regular, Miami sofreu ao longo de todos os meses com um ataque extremamente lento e desorganizado, o que levava o time a ter muita dificuldade de pontuar. O time teve o quinto pior ataque da temporada regular (109,5 pontos a cada 100 posses) e nem a reconhecida defesa (apenas a nona da temporada com 112,8 pontos sofridos a cada 100 posses) conseguiu manter o equilíbrio. Na pós-temporada o jogo virou e a equipe tem hoje o quinto melhor ataque dos playoffs (116,1 de índice ofensivo) e a sexta melhor defesa (111,5 de índice defensivo), chegando ao segundo melhor saldo (4,6) entre os 16 dos playoffs, atrás apenas de seus rivais da final, os Nuggets.
No ataque, a principal dificuldade da equipe era criar bons arremessos, tanto que foi a terceira pior em aproveitamento nos arremessos de três da temporada regular (somente 34,4%) e sexta pior em pontos dentro do garrafão (46,4 pontos por partida). Nos playoffs, as coisas mudaram. Com confiança e com uma melhor seleção de arremessos, a equipe manteve seu volume de arremessos de três, mas o aproveitamento saltou para 39,0%, melhor marca entre todos dos playoffs, tornando-se essa a principal arma ofensiva que fez o Heat chegar até as finais. Além disso, a equipe passou a cuidar melhor da bola, diminuindo sua porcentagem de desperdícios da temporada regular para os playoffs (de 13,8% para 12,9%), elevando sua razão de assistências por desperdício para um bom 1,91, bastante acima do 1,77 da temporada regular (nona pior marca de toda a liga).
Na pós-temporada, Butler é o grande destaque da equipe, tanto que foi premiado com o MVP das finais do Leste. O ala tem as médias de 28,5 pontos, 7,0 rebotes e 5,7 assistências. Atrás de Butler, Adebayo registra as médias de 16,8 pontos e 9,2 rebotes. Grande destaque das finais de conferência, Caleb Martin é o terceiro cestinha da equipe, registrando as médias de 14,1 pontos e 5,7 rebotes, além de ótimos 43,8% de aproveitamento nas bolas de três. Além dos três, mais dois jogadores tem mais de dez pontos de média: Gabe Vincent (13,1) e Max Strus (10,3). As baixas ficam por conta de Victor Oladipo, fora da temporada, e Tyler Herro, que pode voltar às quadras no jogo 3 depois de se recuperar de uma lesão na mão direita.
O CONFRONTO
Uma das grandes chaves para o confronto é como Adebayo e o sistema defensivo de Miami poderá desacelerar Jokic. O pivô sérvio vive uma pós-temporada invejável com um triple-double de média e surreais 47,4% de aproveitamento nas bolas de três, além de fazer o ataque fluir com seu posicionamento e distribuição de passes.
Contra os Lakers (melhor defesa dos playoffs até as finais de conferência) e Anthony Davis, Jokic levou vantagem, mas quando um ala-pivô alto como Rui Hachimura foi o defensor primário, liberando Davis para ajudar, o pivô sérvio teve mais dificuldades. A dificuldade aqui para o Heat é nesse segundo jogador para ajudar Adebayo. Kevin Love e Cody Zeller mal jogaram nas últimas séries e não parecem muito confiáveis para o papel. Adebayo é um grande defensor e, apesar de baixo para a posição, tem força e agilidade para conter Jokic e atrapalhar as linhas de passe, mas não deve ser o bastante. Na temporada regular, Adebayo ficou em cima de Jokic e não existiram muitas trocas nos pick-and-rolls e nem muitas dobras, cabendo ao pivô do Heat todo o trabalho de parar o rival no mano a mano e a tarefa, definitivamente, não é fácil.
Miami utiliza defesa por zona em diversos momentos e conseguiu complicar a vida de Boston, por exemplo, deste jeito, mas contra Denver e Jokic é complicado. Um pivô com habilidade de enxergar o jogo e distribuir passes difíceis posicionado entre as linhas da zona e arremessadores de qualidade no perímetro é uma receita comum de complicar a vida da defesa e os Nuggets têm seu jogo quase que essencialmente baseado nessa configuração, dando espaço para Murray, Porter Jr. e Kentavious Caldwell-Pope atirarem de fora equilibrados.
Por mais que a preocupação primordial seja tentar limitar o jogo de Jokic, Murray não fica nada atrás na lista de preocupações do Heat. O armador tem se provado um jogador de grosso calibre na NBA e nesta pós-temporada elevou o nível de seu jogo. O canadense acumula a média de 27,7 pontos com 48% de aproveitamento nos arremessos de quadra, sendo 39,8% nas bolas de três, e 92,5% nos lances livres, e é capaz de pontuar de inúmeras maneiras, aproveitando-se da boa dupla que forma com Jokic. A dura tarefa de ficar em cima do armador deverá ser, em geral, de Caleb Martin, melhor defensor com características físicas mais equivalentes a Murray.
A chave para o Heat é o controle ofensivo de Butler. Mesmo que não tenha uma noite proveitosa nos arremessos de quadra, o ala sempre será o ponto focal das ações da equipe, iniciando as jogadas, infiltrando e tentando desbalancear a defesa. Para o sucesso do Heat, Butler terá que ter êxito em seus cortes para a cesta na maioria das vezes e, para isso, vai precisar vencer Aaron Gordon. Por ser maior e mais forte que a maioria do armadores e mais rápido que boa parte dos alas, o ala do Heat é difícil de ter um marcador ideal, mas Gordon apresenta tamanho e movimentação lateral suficientes para fazer um bom trabalho sobre Jimmy. Nos playoffs, o ala dos Nuggets esteve em desvantagem de tamanho contra Karl-Anthony Towns, Kevin Durant e LeBron James, mas conseguiu limitar o jogo de todos. A favor de Gordon, Butler não se utiliza com frequência de arremessos de três, o que deverá facilitar a vida sua vida na proteção de infiltrações e contestações próximas ao aro. Por essas e outras que Butler deverá procurar bloqueios para cair com Murray na maior parte do tempo e ter alguma vantagem, deixando a batata quente para as trocas e ajudas de Denver.
A história dos jogadores não draftados do elenco do Heat foi exaustivamente contada e relembrada na jornada de pós-temporada da equipe, mas aqui o papo é mais embaixo. Caleb Martin, Gabe Vincent, Max Strus e Duncan Robinson tiveram todos um papel muito importante na trajetória da equipe até aqui, mas a pergunta sobre eles conseguirem manter o nível de jogo nas finais da NBA é válida. Eles não precisam mais provar nada a ninguém e a essa altura o rótulo de não draftado não cola mais, mas o palco das finais é um outro cenário, que já se provou grande demais para ótimos jogadores. Se o Heat puder contar com a produtividade de seu elenco de apoio menos experiente será essencial para o sucesso da equipe.
Uma batalha que com certeza é ganha pelo Heat é a dos técnicos e isso sem desmerecer Malone de maneira nenhuma, uma vez que ele já se provou um grande técnico da atualidade da NBA. Difícil estabelecer o peso que o técnico tem dentro de uma franquia ou sobre determinado elenco, mas o impacto de Spoelstra em Miami e sobre o atual elenco é mesmo notável. Spo é um grande motivador, passa confiança às suas estrelas e de fato coloca todos os seus times com postura de vencedor. Além disso, não tem medo de mexer na rotação a fim de achar o melhor ajuste possível para o andamento da série. Não foi difícil notar seus movimentos na série contra os Celtics. Spo lançou e sacou Kevin Love da rotação, deu mais chance a Haywood Highsmith em outros momentos, deixou ou tirou totalmente da quadra Robinson e confiou em Kyle Lowry em muitos momentos chave. O técnico sabe fazer diferença e fará de tudo para dificultar a vida de Denver.
(Foto: Reprodução Twitter / Miami Heat)
RETROSPECTO
As franquias se enfrentaram duas vezes na temporada regular, com uma distância razoável entre as partidas e há um bom tempo: uma em dezembro de 2022, em Denver, e a outra em fevereiro de 2023, em Miami. As duas partidas foram vencidas pelos Nuggets, mas em jogos disputados até a reta final.
Na primeira partida, Jokic mostrou seu impacto ofensivo. Terminou com seu oitavo triple-double da temporada naquele momento e acertou pelo menos 50% de seus arremessos pelo 26º jogo seguido, marca histórica da franquia. Murray teve uma baixo volume de jogo, mas, como nos playoffs, teve um grande último quarto para compor a virada da equipe. Os Nuggets tiveram um alto número de desperdícios (20), mas compensaram com um ótimo aproveitamento nos arremessos de três (17/28). Do lado de Miami, Butler foi limitado a 5/13 arremessos de quadra e a franquia viu Herro, que deverá entrar na série a partir do jogo 3, ser o cestinha do jogo com 26 pontos.
Sem Murray e Gordon para o segundo jogo, Jokic dominou o garrão do Heat. O pivô acertou 12/14 arremessos de quadra (todos para dois pontos) e ajudou os Nuggets registrarem 58 pontos de garrafão na partida. Até aquele momento da temporada, o Heat era a franquia que menos cedia pontos dentro do garrafão, com média de 44,9 pontos somente. Curiosamente, o quinteto titular do time da Flórida no jogo foi o mesmo das últimas partidas da equipe nas finais de conferência. Butler foi o destaque com 24 pontos em 8/18 arremessos de quadra.
Denver Nuggets 124 x 119 Miami Heat – 30/12/2022, Ball Arena (Denver)
Miami Heat 112 x 108 Denver Nuggets – 13/02/2023, Kaseya Center (Miami)
AGENDA DA SÉRIE
Jogo 1: Miami Heat @ Denver Nuggets, 1/6, 21h30 (horário de Brasília)
Jogo 2: Miami Heat @ Denver Nuggets, 4/6, 21h (horário de Brasília)
Jogo 3: Denver Nuggets @ Miami Heat, 7/6, 21h30 (horário de Brasília)
Jogo 4: Denver Nuggets @ Miami Heat, 9/6, 21h30 (horário de Brasília)
Jogo 5: Miami Heat @ Denver Nuggets, 12/6, 21h30 (horário de Brasília)*
Jogo 6: Denver Nuggets @ Miami Heat, 15/6, 21h30 (horário de Brasília)*
Jogo 7: Miami Heat @ Denver Nuggets, 18/6, 21h (horário de Brasília)*
*Se necessário
PALPITE: NUGGETS 4-1 HEAT
Ir contra o Heat e sua incrível jornada tem se provado o maior erro de todos, mas enfrentar os Nuggets de Nikola Jokic, realmente, é um desafio, ainda mais em uma série de sete jogos em que o mando é da franquia do Colorado, invicta em casa até aqui.
Talvez, a chave para o Heat não seja focar exaustivamente em Jokic, mas tentar limitar os jogadores de perímetro, principalmente Murray, que até aqui tem sido impecável, mas também Porter Jr., Caldwell-Pope e Gordon. Miami tem uma rotação maior nos playoffs, enquanto os Nuggets têm jogado com menos jogadores. A agressividade no ataque tem que estar na ordem do dia em Miami, pois será importante forçar a defesa rival e conseguir arrancar faltas desde o início das partidas.
É difícil apostar contra “Himmy” Butler, mas contra o poderoso ataque de Denver não tem como não apontar favoritismo para o time do Colorado.
(Foto: Matthew Stockman/Getty Images)