O que a troca por DeMar DeRozan significa para Chicago Bulls e San Antonio Spurs
A troca é um indício do que esperam Chicago e San Antonio para a temporada, considerando as pretensões de cada um
O Chicago Bulls acertou recentemente a chegada do ala DeMar DeRozan em troca com o San Antonio Spurs. A sign-and-trade mandou para a franquia texana os alas Thaddeus Young e Al-Farouq Aminu, além de três futuras escolhas de draft, sendo uma de segunda rodada em 2022 e outras duas de primeira e segunda rodadas em 2025.
A troca é um indício do que esperam Chicago e San Antonio para a temporada, considerando as pretensões de cada um dentro de suas respectivas conferências. Além, é claro, de representar a “mudança de ares” tão desejada pelo jogador de 31 anos, que defenderá a terceira franquia de sua carreira, após passagens por Raptors e Spurs.
(Foto: Reprodução Twitter/Chicago Bulls)
O que a troca significa para o Chicago Bulls?
Não é novidade para ninguém que Chicago passou longe de ser competitivo nos últimos anos na NBA. Os Bulls não se classificam para os playoffs desde 2016-17 (quando perderam para os Celtics na primeira rodada). São, portanto, quatro temporadas consecutivas sem ir à fase decisiva – segunda maior seca da história da franquia.
Ao concretizar a troca por DeRozan, que vinha sendo especulado também no Los Angeles Lakers, os Bulls mandam um recado à Conferência Leste: querem voltar a, no mínimo, competir em playoffs. O ala deve dividir o protagonismo do time com Zach LaVine e Nikola Vucevic, e o treinador Billy Donovan focará em um esquema que favoreça seu novo “super-trio”.
A chegada do ala à franquia de Illinois impacta, também, as perspectivas para os Bulls nas casas esportivas do mundo todo. Embora ainda longe dos principais favoritos, já que o título ainda paga 41 dólares para cada um investido em sites para apostar na NBA, como o Bodog – uma margem relativamente alta, que indica que vencer a liga é bastante improvável –, um retorno aos playoffs já é visto com grandes chances. A equipe aparece na frente de outras como New York Knicks e Washington Wizards, que estiveram na última pós-temporada.
No entanto, a simples chegada de DeRozan não é garantia sequer de playoffs. Vale lembrar que, em 3 temporadas com San Antonio, o jogador conduziu à equipe à fase final em apenas uma delas (2018/19), caindo na primeira rodada para o Denver Nuggets.
Além de DeRozan, os Bulls também foram buscar outros nomes, como a “eterna promessa” Lonzo Ball, ex-Pelicans, e o ala-pivô Alex Caruso, ex-Lakers, para encorpar à rotação. Porém, a grande questão que leva muitos torcedores a criticarem a troca é o que Chicago teve que abrir mão para adquirir um jogador que, embora tenha liderado sua franquia em pontos na última temporada, passou longe de brilhar. Afinal, se desfazer de Thaddeus Young foi um bom negócio? O ala-pivô liderou a equipe em rebotes na última temporada e foi peça importantíssima no garrafão. Sua saída abre um buraco na posição, sobretudo se Lauri Markkanen, seu substituto natural, também deixar Chicago na free agency.
Isso sem falar nas três escolhas de draft que o clube mandou a San Antonio, o que pode impactar no futuro da franquia. O recado, portanto, é claro: Chicago quer ganhar, e quer agora. Resta saber se DeRozan é mesmo a peça que faltava para os Bulls voltarem a um papel de protagonismo numa Conferência Leste cada vez mais competitiva.
(Foto: Reprodução Twitter/San Antonio Spurs)
O que a troca significa para o San Antonio Spurs?
A franquia texana vai no caminho contrário. A palavra da vez em San Antonio é renovação. Se ganhar, melhor ainda. Os Spurs já abriram mão de LaMarcus Aldridge na temporada 2020/21 e, além de trocarem DeRozan para os Bulls, viram os experientes Patty Mills (último remanescente do título de 2013/14) assinar com o Brooklyn Nets e Rudy Gay acertar com o Utah Jazz.
A saída de DeRozan já vinha sendo anunciada há tempos, e não se pode dizer que o jogador deixará saudades em San Antonio. É verdade que ele foi o principal pontuador e passador da franquia nas últimas temporadas, mas sempre foi criticado por não chamar a responsabilidade o suficiente – sobretudo em uma equipe mal-acostumada com líderes natos como Tim Duncan, Tony Parker e Manu Ginóbili, além de Kawhi Leonard. A perda da vaga nos playoffs nas duas últimas temporadas é mais um fator de crítica, ainda que os Spurs tenham disputado o play-in contra Memphis.
Sem nenhuma grande estrela, o San Antonio Spurs aposta suas fichas na juventude. É hora de nomes como Dejounte Murray, Derrick White, Jakob Poeltl, Keldon Johnson e Lonnie Walker IV assumirem o protagonismo que Aldridge e DeRozan tiveram nos últimos anos. Outros jogadores devem ganhar cada vez mais espaço, como o promissor Devin Vassell, escolha de primeira rodada no draft de 2020, principal candidato à vaga de DeRozan no quinteto titular.
Os Spurs também encorparam o elenco na free agency. Além de Al-Farouq Aminu e Thaddeus Young, que vieram na troca por DeRozan, a franquia texana foi buscar Zach Collins, ex-Blazers, e Doug McDermott, que estava em Indiana. Campeão com os Bucks, Bryn Forbes retorna à equipe após uma temporada. Chandler Hutchison, ex-Wizards, é outra novidade.
A saída de DeRozan também impacta no salary cap dos Spurs para as próximas temporadas, deixando espaço para um futuro investimento em alguma estrela. Por ora, o foco parece ser o desenvolvimento de seus jovens talentos. A questão é: a torcida terá paciência? Vale lembrar que os Spurs ficaram fora dos playoffs por duas temporadas seguidas – acredite se quiser, algo inédito na história da franquia. Uma nova campanha com mais derrotas do que vitórias e longe da fase final pode tumultuar o ambiente de Gregg Popovich no Texas.
Afinal, quem ganhou a troca, Spurs ou Bulls? DeMar DeRozan terá paz em Chicago? São perguntas que somente a temporada 2021/22 poderá responder.
(Foto: Alex Goodlett/Getty Images)