NBA Divisão Sudeste: o que esperar da offseason 2020
A divisão do atual campeão da Conferência Leste tem tudo para ficar interessante nesta offseason
Dando sequência à nossa série sobre a offseason 2020 da NBA, falamos sobre a Divisão Sudeste do atual campeão da Conferência Leste, Miami Heat, e de Orlando Magic, Washington Wizards, Charlotte Hornets e Atlanta Hawks.
Excetuando o Heat, a divisão tem produzido pouco em termos de resultado nos últimos anos e os estágios são os mais diversos possíveis.
Temos um Hornets em início de uma reconstrução que se mostra bastante promissora pelo resultado até surpreendente em 2019-20 e os Hawks, que já sonham com playoffs em 2021, mas ainda precisam de reforços com experiência.
Além deles, os Wizards buscam esperanças na dupla John Wall, que volta de lesão, e Bradley Beal, especulado em muitos times, e o Magic, que está no meio do caminho entre ser competitivo para valer e entrar em uma reconstrução. E há também, é claro, o fortíssimo contender Miami Heat, que já mira Giannis Antetokounmpo em 2021, mas antes precisa cuidar de alguma renovações.
Foto: Reprodução Twitter/Miami Heat
MIAMI HEAT
Para muitos, a grande surpresa da temporada 2019-20. O Miami Heat passou de mero coadjuvante à finalista da NBA em uma temporada. Isto ocorreu, principalmente, pela boa resposta de jogadores jovens, como os novatos Tyler Herro e Kendrick Nunn e o segundanista Duncan Robinson, o candidato a jogador que mais evoluiu da liga Bam Adebayo e atletas experientes tal qual Jimmy Butler e Goran Dragic. Por contar com tantas evoluções que não eram esperadas, Miami ainda tem US$ 23 milhões de espaço salarial, o que é suficiente para atrair mais um bom nome que fortaleça o time de Erik Spoelstra.
No entanto, o agente livre que o Heat mira ainda sequer está sem contrato: Giannis Antetokounmpo vai para o seu último ano do vínculo atual com o Milwaukee Bucks. Apesar de o grego já ter declarado algumas vezes que não pretende deixar a franquia, ele ainda é o sonho de consumo de Pat Riley, que promete investir fortemente na sua contratação. Porém, antes de pensar na free agency de 2021, o Miami Heat tem algumas outras pautas mais urgentes, como a renovação de Goran Dragic – armador que foi titular nos playoffs e peça importante para o título da Conferência Leste.
De acordo com o jornalista Zach Lowe, da ESPN americana, Miami tem interesse em renovar com Dragic e com Jae Crowder (outro free agent), mas não deve fazer nenhum movimento que possa prejudicar o projeto de contratar Antetokounmpo em 2021. Além da dupla titular, Solomon Hill, Derrick Jones Jr. e Meyers Leonard, que participaram com certa frequência da rotação em 2019-20, também tiveram seus contratos encerrados. Já o pivô Kelly Olynyk tem uma player option no valor de US$ 13,1 milhões, o que deve significar sua permanência por mais uma temporada na Flórida.
O projeto de trazer Giannis deve, inclusive, adiar a prorrogação do contrato do All-Star Bam Adebayo, um dos melhores jogadores do time. Ele ainda está no seu contrato de rookie e está apto para renovar e receber o máximo para o segundo contrato na liga.
Além do mais, os atuais vice-campeões têm a 20ª escolha geral do Draft. No entanto, segundo Barry Jackson, do Miami Herald, estariam considerando trocar a pick por um jogador experiente de impacto imediato. Caso consiga renovar com Dragic e Crowder, a equipe não tem nenhuma grande deficiência para ser sanada nessa offseason. Por isso, é provável vermos poucos movimentos da franquia com novos atletas.
ORLANDO MAGIC
No limbo de quem não é bom o suficiente para ser campeão nem ruim para iniciar uma reconstrução profunda a partir de escolhas altas de Draft e jovens jogadores, o Orlando Magic pode dar um passo importante rumo a um destino um pouco mais interessante nesta offseason. Parece, de fato, haver um interesse em construir um time junto com Markelle Fultz, primeira escolha geral do Draft de 2017 (pelos 76ers), mas que ainda passa longe de se tornar na NBA o que parecia ser na NCAA.
DJ Augustin, quem justamente perdeu a posição de titular para Fultz, é o principal agente livre. Porém, Wes Iwundu, Gary Clark e Michael Carter-Williams são nomes interessantes da rotação que ficam livres no mercado a partir de agora. Mesmo assim, a situação de Orlando ainda é delicada do ponto de vista financeiro. Com o cap estourado, resta apenas a Mid-Level Exception (MLE) de US$ 9,2 milhões para agregar novos jogadores. Evan Fournier e James Ennis, que também seriam free agents, têm direito a uma player option de US$ 17,1 milhões e US$ 2,1 milhões, respectivamente, e devem permanecer.
Se na próxima offseason o time está bastante engessado, é interessante pontuar que 2020-21 pode ser o último ano antes de uma reconstrução total. Dos 11 jogadores que devem ficar, 7 têm seu contrato encerrado em 2021. Apenas Nikola Vucevic, Aaron Gordon, Terrence Ross e Al-Farouq Aminu têm vínculo até 2022 ou mais. Gordon, inclusive, é dos nomes que o Magic estaria disposto a trocar. Mas segundo Zach Lowe, da ESPN americana, nenhuma franquia demonstrou forte interesse nos serviços do atleta. O Portland Trail Blazers até esteve ligado ao jogador, mas dificilmente teria ativos que interessassem o time da Flórida.
Outro sinal de que o Magic parece estar disposto a mudar é a informação de Kevin O’Connor, do The Ringer, que a franquia estaria disposta, junto com Celtics e Wizards, a trocar sua escolha (15ª) e mais algum ativo para subir na ordem do Draft. Até o momento nenhuma outra notícia dá conta de que acontecerá, mas Minnesota Timberwolves (pick 1) e Golden State Warriors (pick 2) já demonstraram publicamente interesse em trocar suas escolhas. A grande questão aqui é se o Orlando Magic tem algum jogador para oferecer que agrade alguma dessas equipes.
Foto: Divulgação Facebook /Orlando Magic
WASHINGTON WIZARDS
A offseason dos Wizards é centrada em dois pontos: manter ou trocar Bradley Beal e tentar renovar com o Davis Bertans. Beal tem sido ligado a trocas com vários times contenders, como o Los Angeles Lakers, mas Tommy Sheppard, gerente geral de Washington, já falou que não trocará a sua principal estrela. Além disso, o próprio jogador falou recentemente que quer ficar nos Wizards.
Já o caso de Bertans é um pouco mais complicado. Ele é um free agent irrestrito em 2020 e, por ter demonstrado capacidade de arremessar do perímetro, se torna uma peça desejada e cara no mercado. Com um cap disponível enxuto, de US$ 5 milhões, os Wizards precisarão se movimentar se desejam contratar novamente o jogador.
Além disso, eles têm muita esperança de que o acréscimo de John Wall – fora das quadras desde 26 de outubro de 2018 – é o suficiente para que a equipe chegue aos playoffs. Por isso, também, negam qualquer possibilidade de negociar Bradley Beal. E é bom que Beal e Wall juntos seja o suficiente para a pós-temporada mesmo, já que a dupla de armadores custará, ao todo, US$ 70 milhões na temporada que vem. Este valor praticamente inviabiliza a contratação de um terceiro grande jogador. Importante lembrar que o time da capital ainda tem a MLE de US$ 9,2 milhões para investimentos possíveis.
Além do letão, Ian Mahinmi, Shabazz Napier e Gary Payton II são outros free agents de certa importância, mas que serão tratados de maneira secundária na offseason.
Em se tratando do Draft, tal qual o recém-citado Orlando Magic, o Washington Wizards faz parte do grupo de times que tem interesse em subir sua escolha. Atualmente, ele é dono da nona pick geral e teria interesse em draftar Onyeka Okongwo, pivô projetado para o top 10 que é comparado com Bam Adebayo. Outra opção é trocar a escolha que tem por um jogador consolidado e mais experiente.
Especula-se que os Wizards estejam em busca de um protetor de aro. Caso não consigam adquirir Okongwo, a solução pode sim vir na free agency ou no período de trocas. O mercado de pivôs livres no mercado em 2020 traz nomes como Hassan Whiteside, Nerlens Noel, Dwight Howard, Jakob Poetl, Marc Gasol, Serge Ibaka entre outros.
Foto: Reprodução Twitter/NBA
CHARLOTTE HORNETS
Os Hornets são das franquias que mais deram sorte na loteria do Draft. Desde que perderam Kemba Walker para o Boston Celtics na agência livre de 2019, esperava-se que eles seriam a pior equipe da NBA. Porém, Terry Rozier, que recém chegara dos celtas, Devonte Graham, segundanista e o rookie PJ Washington surpreenderam a ponto de colocar a franquia num muito digno décimo lugar da Conferência Leste. O preço disso? Provavelmente ficar longe de uma pick alta no Draft. Porém, mesmo com apenas 6,7% de chances, os Hornets conseguiram a terceira escolha geral.
E é exatamente deste ponto que podemos analisar o que pode acontecer na offseason de Charlotte. É praticamente consenso entre os analistas que há pouco diferença entre a primeira e a terceira escolha geral em termos de qualidade. Com uma clara deficiência no garrafão, essa deve ser a prioridade no dia 18 de novembro. James Wiseman é projetado como uma escolha top 3 bastante segura, assim como Onyeka Okongwo, que, inclusive, já foi entrevistado pela franquia. Por Wiseman, há rumores de que eles podem até subir para a primeira ou segunda escolha geral e garanti-lo.
A situação financeira do Charlotte Hornets é bastante tranquila. São US$ 26 milhões disponíveis para serem gastos como quiserem. Mas, como a cidade não é dos maiores mercados da liga, parece bastante improvável que eles consigam atrair algum agente livre badalado. O caminho deve realmente ser a manutenção da reconstrução que se mostrou interessante já em 2019-20, resolver a demanda do garrafão e se livrar de contratos muito longos e caros, como o de Nicolas Batum.
Sobre o francês, ele tem uma player option no valor de US$ 27,1 milhões, algo que nenhuma outra franquia pagaria por ele novamente. Por outro lado, Bismack Byombo, apenas o nono jogador com mais minutos na última temporada, chegou ao final do contrato – que lhe garantiu US$ 17 milhões em 2019-20. Willy Hernangomez e Dwayne Bacon também são agentes livres em 2020.
Foto: Twitter/Hornets
ATLANTA HAWKS
A offseason 2020 dos Hawks é a mais promissora da divisão. Muito dinheiro para gastar, US$ 48,5 milhões, e a sexta escolha geral do Draft disponível para trocas são elementos que colocam a franquia da Geórgia como um time de quem se espera muitos movimentos. Junte isso ao desejo praticamente público de quem cansou de ser apenas um time promissor com peças jovens, mas que recorrentemente fica nas últimas posições do Leste e pronto: devemos ficar de olhos bem abertos.
Vamos por partes. Primeiro, quem sai: Jeff Teague, DeAndre Bembry, Skal Labassiere (que nem jogou nos Hawks), Treveon Graham e Damian Jones são free agents. Destes, apenas Teague recebeu mais de US$ 3 milhões em 2019-20 – foram US$ 19 milhões destinados ao experiente armador, que já disse que pretende buscar um contender na próxima temporada. Além deles, Vince Carter se aposentou e agora é um gasto a menos na folha salarial.
Com muito dinheiro no bolso, chovem nomes que interessariam à franquia. Alguns dos especulados pela imprensa são Fred VanVleet e Jrue Holiday, que são desejados por muitos times, inclusive por alguns que podem brigar já pelo título. Neste caso, os Hawks precisariam convencê-los a dar um passo atrás na carreira em termos competitivos para ter um salário anual maior. Bogdan Bogdanovic, Derrick Jones Jr. e Kentavious Caldwell-Pope também são nomes que podem aparecer em Atlanta e reforçar o time.
A mensagem, portanto, é clara: Atlanta quer chegar nos playoffs na próxima temporada e para isso precisaria de jogadores experientes e vitoriosos na visão dos diretores. Logo, podemos esperar qualquer movimento por parte do seu front office.
Caso não consigam trocar sua escolha, os nomes mais fortes nos bastidores para a equipe no Draft são o do ala Isaac Okoro, pela capacidade de marcação, e o de Tyrese Haliburton, armador que poderia jogar ao lado de Trae Young.
Foto: Jonathan Bachman/Getty Images
OFFSEASON NBA 2020