NBA Divisão Noroeste: o que esperar da offseason 2020
Começando os trabalhos da temporada 2020-2021 da NBA, confira as necessidades e alvos das franquias da divisão Noroeste
Praticamente um mês depois do 17º título do Los Angeles Lakers na NBA, naquela que foi a mais incomum das temporadas da liga, o The Playoffs começa a desenhar a temporada 2020-2021 – que ainda vive muitas incertezas em relação às datas – falando das principais necessidades das franquias nesta offseason em busca de seus objetivos. Neste primeiro texto falaremos da Divisão Noroeste da Conferência Oeste, que teve quatro de suas cinco franquias presentes na última pós-temporada.
Embora o teto salarial ainda não esteja claro (não deve ser muito diferente dos atuais US$ 109,14 milhões) e o início da próxima temporada não esteja definido, algo que provavelmente fique entre 22/12/2020 (desejo da liga) e 18/01/2021 (desejo dos jogadores e uma temporada mais curta), dia de Martin Luther King Jr. em 2021, algumas datas já têm forma e indicam o quanto a offseason será espremida.
A noite do Draft está marcada para o dia 18/11, data mais tardia da história da NBA, e o início da Free Agency acredita-se que deva se dar após dois ou três dias. Essa expectativa resulta em apenas uma semana e meia de diferença entre o início da Free Agency e o começo dos training camps, autorizados a acontecer a partir de 01/12.
Confira agora com o The Playoffs o que cada time da Divisão Noroeste (Nuggets, Thunder, Jazz, Blazers e Timberwolves) precisa e como deverá lidar com os contratos dentro de seus aparentes objetivos.
(Foto: Ashley Landis – Pool/Getty Images)
DENVER NUGGETS
Depois de chegarem às finais do Oeste, os Nuggets descobriram grandes valores individuais na última temporada. Nikola Jokic mostrou-se um grande líder nos momentos decisivos, Jamal Murray confirmou o status de estrela em potencial (ambos possuem contratos longos), Michael Porter Jr. foi uma grande revelação (selo de “introcável” por Denver) e Jerami Grant talvez tenha sido a grande boa surpresa da equipe, sendo o defensor primário dos principais jogadores rivais e contribuindo no ataque com certa versatilidade. As questões da permanência de Grant e como reforçar as alas e o garrafão com bom jogadores defensivos devem ser as prioridades de um time que pode brigar pelo título na próxima temporada, como brigou na última.
Grant tem uma player option de US$ 9,3 milhões e não vai aceitar, porque sabe que tem condições de um melhor contrato. Embora Denver e Grant tenham interesse mútuo em um acordo, Pistons, Suns e Mavericks são esperados para irem atrás do ala, que teve médias de 11,6 pontos e 3,3 rebotes nos 19 jogos da última pós-temporada. Mesmo que a expectativa de um novo contrato para Grant seja de cerca de US$ 15 milhões anuais, os Nuggets têm seus bird rights e podem fazer uma oferta que ultrapasse o cap, tendo condições de bater de frente com os concorrentes. Denver pode encarar situação semelhante com Paul Millsap e Mason Plumlee, jogadores que são agentes livres irrestritos e que a franquia tem os bird rights se quiser mantê-los.
A equipe precisa rechear suas alas e o garrafão para não deixar o nível de jogo cair quando a segunda unidade entra, como observado na pós-temporada. Como um potencial contender, Denver pode ter um trunfo na hora de conseguir contratos mais baratos, como o ala Danilo Gallinari, que já declarou preferir fechar com um time que brigue por título do que um que não tenha esse objetivo. Ainda para as alas duas boas e baratas opções para Denver na Free Agency poderiam ser o veterano Wesley Matthews (tem uma player option com os Bucks), bom e experiente defensor de perímetro e arremessador de três, e Justin Holiday, que teve uma boa temporada com os Pacers como defensor versátil e arremessador de fora. Para o garrafão, Nerlens Noel, Aron Baynes e, de repente, Tristan Thompson podem emergir.
Embora os valores ainda não estejam finalmente fechados, vale lembrar que Denver tem uma mid-level exception (MLE) de US$ 9,26 milhões e uma bi-annual exception de US$ 3,62 milhões para oferecer.
OKLAHOMA CITY THUNDER
Dado como morto no começo da última temporada, o Thunder surpreendeu a todos com a ida aos playoffs e a dificuldade que impôs ao favorito Houston Rockets na primeira rodada, a qual só terminou depois de sete jogos. Essa corrida improvável aconteceu sob a liderança de Chris Paul, que justificou, aos 35 anos, um alto valor de mercado, talvez o seu maior dos últimos anos. Apesar da grande performance de CP3, a saída de Billy Donovan realmente indica que o Thunder vai para uma reconstrução em seu time como um todo e aproveitar essa última temporada do veterano armador para trocá-lo por um talento mais novo parece ser a melhor saída.
A equipe conta com dois agentes livre que devem deixar o time, apesar das boas performances. Danilo Gallinari e Nerlens Noel devem chamar a atenção de times que brigarão pelo título e têm grandes chances de aceitarem contratos menores por um time mais preparado para o título.
Caso OKC opte por entrar de cabeça em uma reconstrução, Steven Adams e Dennis Schroder (ambos com 27 anos) entram no último ano de seus contratos na próxima temporada e podem também ser trocados junto com alguma(s) das inúmeras escolhas de primeira rodada que a franquia tem nos próximos anos (potenciais duas por ano até 2023). Com uma limpa dessas, o time terá espaço para criar um time competitivo e pronto para ser construído para o futuro ao redor de Shai Gilgeous-Alexander, Terrance Ferguson, Darius Bazley e Luguentz Dort.
Caso a opção do Thunder gire em torno somente da troca de CP3 por talentos mais jovens, se a equipe seguir acima do teto, poderá usar sua MLE para ir atrás de um jogador também com perfil jovem capaz de contribuir imediatamente. Uma opção para isso poderia ser Derrick Jones Jr., atlético ala do Heat que poderá perder espaço no time e na folha se Miami ir atrás de nova estrela para o elenco.
(Foto: Kevin C. Cox/Getty Images)
UTAH JAZZ
O Jazz foi uma das equipes que melhor trabalhou durante a última temporada, ao adicionar nomes como Bojan Bogdanovic, Mike Conley e Jordan Clarkson ao redor de Donovan Mitchell e Rudy Gobert, em busca de uma corrida longa dentro da pós-temporada. Não aconteceu. A pesar a lesão de um dos melhores pontuadores do time na figura de Bogdanovic e de Conley no início da série, a equipe tinha time para uma boa performance na pós-temporada, mas caiu novamente na primeira rodada, com uma derrota dolorida no jogo 7 contra o finalista de conferência Denver Nuggets. A equipe não teve muitos contratos expirantes na temporada e por isso teve pouco espaço para trabalhar com alguma abertura na folha salarial. Com pouco espaço, Utah tem algumas questões para resolver, principalmente com renovações futuras e agentes livres.
Duas questões centrais para o futuro imediato e a médio/longo prazo de Utah são a renovação de Clarkson, que se provou grande fonte de pontos vindo do banco, e o acerto da renovação de Mitchell, praticamente uma estrela da NBA no auge de seus 24 anos, a partir da temporada seguinte. A equipe de Salt Lake City tem os bird rights do armador, que será agente livre irrestrito pela primeira vez na sua carreira, e poderá avançar sobre o teto a fim de retê-lo. Depois de uma pós-temporada surreal, “Spida” (médias de 36,3 pontos, 5,0 rebotes e 4,9 assistências) encaminha-se para o quarto ano de seu contrato de calouro e estará elegível para a extensão a partir de 2021-2022, o qual poderá morder 25% do cap.
Outra grande estrela da equipe, Gobert será agente livre irrestrito em 2021 e será outro nó a ser desatado no futuro próximo, mas deixemos isso para depois. Seguindo no garrafão, o Jazz tem uma boa oportunidade de tentar despachar o contrato de US$ 5 milhões de Ed Davis, que não se encaixou dentro do esquema de Quin Snyder. Com esse pequeno alívio na conta, o time ainda tem a MLE de cerca de US$ 9,26 milhões, que pode resultar em alguém para backup de Gobert, um bom defensor de perímetro ou ainda o melhor jogador possível e disponível para aceitar um contrato desse tamanho.
Com uma MLE completa, de mais de US$ 9 milhões, Nerlens Noel pode ser um bom nome para a reposição do pivô. Utah ainda tem uma bi-annual exception de US$ 3,62 milhões para oferecer, tipo de contrato aceito por jogadores como Boban Marjanovic e Markieff Morris na última temporada.
PORTLAND TRAIL BLAZERS
Portland vive um limbo de falta de perspectiva de sair do lugar que ocupa há um bom tempo. Um time que, saudável, chega nos playoffs, mas que não tem forças para avançar na pós-temporada e acaba ficando na dependência das resoluções individuais de Damian Lillard e C.J. McCollum. Essa fórmula rendeu saídas na primeira rodada e uma ida às finais de conferência, sempre com roteiros semelhantes. Engessado com a folha salarial, os Blazers têm algumas questões a observar, como as opções de Rodney Hood e Mario Hezonja e os agentes livres Hassan Whiteside e Carmelo Anthony.
Vindo de lesão que o tirou da temporada, Hood certamente deverá optar pelo seu último ano de contrato, haja vista a incertezas sobre sua saúde. Hezonja vem de temporada ruim e abrir mão de um ano de contrato garantido não parece ser o melhor dos mundos. Logo, os dois voltam para a equipe para a próxima temporada. Carmelo expressou sua satisfação com o time e provou valor para o time. Para a próxima temporada, Melo tem que ter em mente que teria um papel menor na rotação com potencial de um contrato mínimo. Nesses termos, o veterano ainda tem boa parcela de contribuição.
Depois de uma contrato de US$ 98 milhões e quatro anos, assinado ainda com o Miami Heat, Whiteside deve sair agora na free agency com algo perto do valor da MLE. Com Jusuf Nurkic e Zach Collins saudáveis, o pivô não deverá ter muito espaço já que tem muitas deficiências, principalmente defensivas.
Os grandes alvos dos Blazers nesta Free Agency precisam girar em torno do aspecto defensivo do jogo. Caso Jae Crowder perca espaço dentro de Miami e aceite um contrato do tamanho de uma MLE, os Blazers devem fazer disso um prioridade. Logicamente, Crowder será muito procurado devido a sua boa temporada passada e isso será um obstáculo. Alternativamente, Torrey Craig é um bom nome, mas gasta a MLE em um contrato longo com o ala pode ser um risco face a sua contribuição ofensiva pouco atraente. Para a bi-annual exception, Markieff Morris e Boban Marjanovic novamente são nomes que podem vir em um contrato desse tamanho e com espaço na rotação da equipe do Oregon.
(Foto: Divulgação/Twitter Portland Trail Blazers)
MINNESOTA TIMBERWOLVES
Calma. É isso que os Timberwolves precisam ter. Com a primeira escolha do próximo Draft, o grande primeiro passo da franquia é a escolha de Anthony Edwards, armador de 19 anos da Universidade de Georgia. Por sua habilidade e por ter um jogo que encaixaria melhor do que LaMelo Ball ao lado de D’Angelo Russell, essa deve ser a melhor saída para os Wolves em curto prazo. A dupla dos Wolves, representada pelos amigos Russell e Karl-Anthony Towns, é jovem (ambos têm 24 anos) e formaria um trio talentoso e com muitos anos por vir ao lado de Edwards.
A equipe tem um espaço de US$ 14 milhões na folha (considerando o atual teto de US$ 109 milhões), já contando com a opção aceita por James Johnson de seu último ano de contrato. O ala-pivô tem nada mais, nada menos do que quase US$ 16 milhões por receber nesse último ano e não tem a menor condição de abrir mão disso. Com esse espaço salarial e bom talento ofensivo nas mãos de Russell e Towns, um ala de boa presença defensiva seria uma grande opção para o time e o nome de Justin Holiday surge dentro dessas características. Versátil na defesa e vindo de uma boa temporada nos arremessos de três, o ala dos Pacers poderá vir com um contrato razoável e contribuição imediata.
Olhando um pouco para o agentes livres restritos do elenco, dois chamam atenção. Malik Beasley e Juan Hernangomez ainda são jovens e apresentaram boas contribuições dentro do elenco, devendo servir como boas peças da segunda unidade. Ainda na Free Agency, dentro de um panorama dentro da folha, alguns nomes razoáveis (e jovens) podem ser vistos com bons olhos pelos Wolves, principalmente para o garrafão. Willy Hernangomez, irmão de Juancho, e Jahlil Okafor vêm de contratos baratos e podem vir em valores semelhantes para povoar o garrafão. Outro agente livre já citado aqui, jovem e que poderá vir para contribuição imediata, é Derrick Jones Jr. Se bem trabalhado, o futuro dos Wolves pode ser interessante!