NBA Divisão Central: o que esperar da offseason 2020
Começando os trabalhos da temporada 2020-2021 da NBA, confira as necessidades e alvos das franquias da divisão Central
Praticamente um mês depois do 17º título do Los Angeles Lakers na NBA, naquela que foi a mais incomum das temporadas da liga, o The Playoffs começa a desenhar a temporada 2020-2021 – que ainda vive muitas incertezas em relação às datas – falando das principais necessidades das franquias nesta offseason em busca de seus objetivos.
Neste segundo texto falaremos da Divisão Central da Conferência Leste, que teve apenas duas de suas cinco franquias presentes na última pós-temporada.
Confira agora com o que cada time da divisão (Bucks, Bulls, Cavaliers, Pacers e Pistons) precisa e como deverá lidar com os contratos dentro de seus aparentes objetivos antes da temporada começar – provavelmente em 22 de dezembro.
MILWAUKEE BUCKS
Do luxo ao lixo dentro da “bolha” da NBA em Orlando, o Milwaukee Bucks entra na mais importante temporada desde 1975, quando Kareem Abdul-Jabbar solicitou ser trocado pela franquia.
Para evitar que Giannis Antetokounmpo siga os passos de Kareem, o front office de Milwaukee sabe que precisa trabalhar para elevar o nível do elenco, colocar a ‘mão no bolso’ e aceitar que pagar a luxury tax é um caminho sem volta para brigar pelo título.
Antetokounmpo entra na sua última temporada do segundo contrato assinado com os Bucks e provavelmente só assinará um novo vínculo após as finais da NBA.
Contando que os Bucks não troquem Giannis nesta temporada, a equipe precisa ser criativa para utilizar os recursos contratuais e trocas com escolhas de Draft e peças do elenco.
Vamos começar com os agentes livres dos Bucks para a próxima temporada: Kyle Korver, Pat Connaughton, Sterling Brown, Cam Reynolds, Frank Mason (contrato normal), Robin Lopez e Wesley Matthews (opção de renovação automática por um ano pelo jogador).
Desses nomes a mais provável renovação é a de Matthews. O ala-armador mostrou ser uma boa presença defensiva durante os playoffs e ainda é um chutador do perímetro confiável (36,4% na temporada regular).
Os outros nomes vão depender das negociações dos Bucks dentro do mercado, em especial envolvendo outros três fatores do elenco:
- Ersan Ilyasova e sua cláusula de US$ 7 milhões não garantidos para a próxima temporada
- Os valores de US$ 5,72 milhões em um contrato MLE (mid-level exception) e de US$ 3,62 pela bi-annual exception
- Troca de Eric Bledsoe e escolhas do Draft
Dentro desses cenários os Bucks vão se esforçar para encontrar novas peças para melhorar dois aspectos da equipe: armação de jogadas e auxílio para Giannis e Khris Middleton na pontuação (olho em uma possível troca por Victor Oladipo).
Bledsoe carrega um salário de US$ 16,875 milhões para a próxima temporada e por isso qualquer troca por ele teria que ser acompanhada por outras peças, como escolhas de Draft e até mesmo alguns jovens da equipe, como Donte DiVincenzo ou D.J. Wilson.
Caso a equipe não negocie a escolha deste ano no Draft, os Bucks selecionam na 24ª posição (oriunda da troca de Malcolm Brogdon ao Indiana Pacers), podendo sonhar com nomes como Cole Anthony e Nico Mannion ‘sobrando’ nessa altura.
CHICAGO BULLS
O Chicago Bulls espera finalmente entrar no ‘primeiro ano do resto de nossas vidas’ com a mudança completa no front office e no comando técnico da equipe.
Artūras Karnisovas ficou responsável por iniciar essa reconstrução e trouxe Marc Eversley para o cargo de general manager e Billy Donovan para ser o novo técnico.
Mesmo fora dos playoffs, os Bulls têm a 13ª folha salarial mais alta da NBA (US$ 3.112.293 livres atualmente). Isso deixa claro como o processo de reconstrução de Karnisovas será feito para médio prazo.
Para esta temporada, o alto contrato de Otto Porter Jr. pode ‘desaparecer’, porque o atleta vira agente livre caso decida não renovar seu contrato por mais uma temporada, acionando cláusula do contrato.
Os outros nomes dos Bulls que viram agentes livres não enchem os olhos dos torcedores: Kris Dunn, Denzel Valentine, Shaquille Harrison, Adam Mokoka e Max Strus.
No próximo Draft, os Bulls terão a quarta escolha e devem optar por nomes no garrafão (James Wiseman, Obi Toppin, Deni Avidija, Onyeka Okongwu e Isaac Okoro), caso LaMelo Ball e Anthony Edwards já tiverem sido escolhidos.
Mas antes mesmo do Draft é possível que Karnisovas faça movimentações com trocas dentro do elenco. Entre as principais opções estão:
- Zach LaVine (US$ 19 milhões em mais dois anos de contrato)
- Thaddeus Young (US$ 13,545 milhões para a próxima temporada e US$ 6 milhões garantidos para 2022)
- Wendell Carter Jr (três anos de contrato e US$ 5,448 milhões para a próxima temporada)
Dessa forma, a tendência é que Karnisovas comece a construir a franquia tendo como base Coby White e Lauri Markkanen, atualmente, as duas únicas peças ‘intocáveis’ do elenco.
No mercado de agentes livres a tendência é que os Bulls tentem buscar veteranos via MLE e bi-annual exception para reforçar o elenco, iniciando assim uma base competitiva com os talentos jovens.
Mesmo não sendo um contender, um projeto consistente poderia atrair nomes como Derrick Jones Jr, Jae Crowder, Moe Harkless e Torrey Craig para Chicago.
CLEVELAND CAVALIERS
Desde que LeBron James deixou (mais uma vez) Cleveland, a franquia tenta juntar os cacos e construir novamente uma narrativa vitoriosa. Mas as duas primeiras temporadas mostraram mais confusão do que organização do front office dos Cavaliers.
Para começar a franquia começa a próxima temporada com J.B. Bickerstaff no comando técnico. Bickerstaff ajustou minimamente a bagunça deixada pelo ex-treinador John Beilein, mas ainda não se provou como um técnico confiável na NBA.
Fora da quadra os Cavaliers carregam diversas perguntas dentro desta offseason, com as principais sendo:
- Como conseguir trocar Kevin Love e seus US$ 31,2 milhões de salário?
- Andre Drummond vai exercer sua player option de US$ 28,7 milhões?
- Manter a quinta escolha ou trocar por mais picks no Draft 2020?
Os principais agentes livres dos Cavaliers para a próxima temporada são Tristan Thompson e Matthew Dellavedova. A tendência hoje é que ambos não voltem para Cleveland.
Com isso a movimentação dos Cavaliers no mercado deve ser muito semelhante à dos Bulls: buscar veteranos para iniciar a construção de uma equipe junto de jovens como Darius Garland, Collin Sexton e Kevin Porter Jr.
Fora isso, a equipe também quer trazer novas peças via troca de Kevin Love. O grande problema é que o veterano de 32 anos não conseguiu se manter saudável nas últimas três temporadas e com isso não seria surpresa uma negociação ‘paga’ em que Cleveland use escolhas de Draft para se livrar desse contrato.
Já Andre Drummond é uma “escolha de Sofia” para o front office. Manter o alto salário e com isso ter um dos principais pivôs da NBA ou tentar seduzir algum contender com esse valor?
Por fim, o Draft 2020 é uma das classes mais fracas da história recente e por isso não seria surpresa os Cavaliers olharem com atenção negociações pela quinta escolha. Até pela possibilidade de nomes interessantes da pick 15 para baixo.
INDIANA PACERS
O Indiana Pacers será a franquia que mais terá mudanças para a próxima temporada. Primeiro o técnico Nate Bjorkgren terá sua primeira experiência como treinador principal dentro da NBA.
Segundo é a definição do futuro de Victor Oladipo. Após mais uma temporada marcada por lesões, sendo que o contrato do ala irá expirar em 2021, a tendência é que os Pacers busquem trocar o atleta antes da temporada começar.
Outra possível troca envolve um dos homens do garrafão de Indiana. Myles Turner e Domantas Sabonis são nomes valorizados dentro do mercado e não seria surpresa se ao menos um deles fosse negociado.
Para contextualizar, Oladipo tem um contrato de R$ 21 milhões pela próxima temporada, Turner tem três anos restantes por US$ 17,5 milhões e Sabonis, mais três anos com US$ 56,4 milhões garantidos.
O principal nome da franquia entre os agentes livres é Justin Holiday, um dos melhores nomes da rotação dos Pacers e por isso um nome que deve ser procurado pelo front office para renovar o vínculo.
Atualmente Indiana tem a 12ª menor folha salarial da NBA e as trocas mencionadas acima podem auxiliar a franquia a flexibilizar esses valores.
Como a equipe não tem escolha de Draft de primeira rodada para a próxima temporada, todas as movimentações importantes devem vir via troca e também via agência livre.
Dentro desse cenário, é difícil prever qual caminho os Pacers vão seguir:
- Trocas por ativos futuros (picks e jovens)
- Trocas por outro franchise player
- Manutenção do elenco e uso da MLE e bi-annual exception para reforçar ainda mais o plantel
Seja qual for a decisão da franquia, está claro que Malcolm Brogdon será o comandante dessa franquia na próxima temporada. O antigo calouro do ano justificou o investimento (salarial e picks gastas) na última temporada e tem tudo para brigar por uma vaga no All-Star Game deste ano.
DETROIT PISTONS
O Detroit Pistons também segue na ‘rodovia da reconstrução’. Troy Weaver assumiu como general manager nesta offseason e terá sua primeira experiência no cargo em uma franquia que tenta voltar a seus melhores dias.
A primeira decisão paira sobre os dois veteranos de ‘peso’ da franquia: Blake Griffin e Derrick Rose.
Enquanto Rose vem de uma das melhores temporadas desde que deixou Chicago, Griffin teve um ano problemático, com poucos jogos devido a lesões.
O salário de Griffin para a próxima temporada é de US$ 36,5 milhões e ele tem uma player option de US$ 38,9 milhões para 2022. Esses números deixam uma troca improvável e a tendência é que o ala-pivô passe mais um ano em Detroit, o que automaticamente deixa a equipe forte na luta pelos playoffs do Leste.
Já Rose é um nome que deve atrair os olhares de quase todos os contenders da NBA. Com um contrato expirante de US$ 7,6 milhões, o armador dificilmente irá terminar a temporada em Detroit.
Analisando os agentes livres dos Pistons, os principais nomes são os seguintes:
- Brandon Knight
- John Henson
- Tony Snell (player option de US$ 11,5 milhões)
- Langston Galloway
- Thon Maker
- Christian Wood
- Sviatoslav Mykhailiuk.
Já no Draft desta temporada, os Pistons terão a sétima escolha principal. Como já mencionei, a classe não apresenta muitos nomes prontos, então há possibilidade da franquia negociar essa pick.
Diferente de Chicago e Cleveland, Detroit pode se permitir maior agressividade no mercado de agentes livres. Dessa forma, caso a franquia consiga manter Rose e Griffin se mantenha saudável, os Pistons podem inclusive assumir o papel que o Indiana Pacers teve de quinta força do Leste.
Fotos: Reprodução Twitter/Indiana Pacers, Reprodução Twitter / Chicago Bulls, Reprodução Twitter/NBA, Reprodução/Cleveland Cavaliers Facebook e Twitter/NBA TV