Nate Robinson quer voltar a NBA após enfrentar longa depressão
Armador diz que NBA causou sua depressão; e mesmo assim quer voltar
Todos temos conflitos internos. Todos nós temos um anjo e um demônio que digladiam constantemente para ditar nossas ações. Alguns lidam com isso facilmente, outros não. Nate Robinson é um exemplo do segundo. Em entrevista ao site Bleacher Report, o armador, que pretende voltar à NBA, explicou como a depressão atrapalhou sua carreira. Depressão esta que foi causada justamente, sendo ele, pela própria NBA.
“A NBA me deu essa depressão”, disse Robinson à repórter Mirin Fader. “Nunca fui uma pessoa desanimada ou depressiva. Mas acabei me tornando uma”.
Robinson chamou a atenção da NBA logo no início da carreira por um talento que contrastava com sua baixa estatura. Com 1,75m de altura, um dos jogadores mais baixos da história da liga era um especialista em enterradas. Este talento inclusive lhe rendeu três prêmios no Torneio de Enterradas do All-Star Game de 2006, 2009 e 2010 e permanece até hoje como o único tricampeão do evento.
Durante 11 anos atuando no basquete profissional americano, Robinson sempre se destacou por sua habilidade, assim como por sua personalidade espontânea, brincalhona, até irresponsável, como uma criança. E isso acabou lhe rendendo atritos e problemas que ele mesmo admite: “Eu era uma criança dentro de uma loja de doces olhando para os melhores doces já feitos. […] Eu não ligava pra nada. Eu queria apenas aparecer no SportsCenter (programa da ESPN americana) e contar aos meus amigos que agora eu estava lá (na NBA).”
A falta de seriedade e concentração fez com que fosse preterido por onde passou. No total foram 8 equipes na NBA, sendo escolhido pelo New York Knicks no Draft de 2005. Permaneceu em Nova York por 5 temporadas e em seguida se transferiu para o Boston Celtics. Depois de 2 anos em Boston rodou por Oklahoma City Thunder, Golden State Warriors, Chicago Bulls, Denver Nuggets, Los Angeles Clippers e New Orleans Pelicans. Dos Pelicans, tentou sua sorte no Hapoel Tel Aviv de Israel, Delaware 87ers da G League e Guaros de Lara, da Venezuela.
Questionado por seus treinadores e percebendo que seu comportamento era o responsável por sua falta de estabilidade na carreira, Robinson achou que a solução mais simples fosse a mais adequada: ficar quieto e se isolar. A mudança brusca foi o estopim para o seu declínio. Na temporada 2012-13, nos Bulls, iniciou a fazer terapia e em Chicago viveu um dos seus melhores momentos. Porém, tensões com o treinador Tom Thibodeau mais uma vez lhe renderam confusões.
“O mais difícil nos meus 34 anos de existência foi lidar com esses 11 anos de NBA onde (os treinadores) tentavam me fazer ser algo que eu não era”, completou. Hoje, Nate garante que aprendeu a conviver com seus demônios internos e voltou a ver o mundo de uma maneira positiva novamente.
Atualmente vivendo em Seattle, Nate não pensa em se aposentar. O desejo é voltar à liga americana pois, em sua visão, não há outro atleta como ele em atividade: “Ninguém tem esse nível no momento para sair do banco e fazer o que eu faço. Os que podem são titulares, como Kemba Walker, John Wall, eu admito isso. Chris Paul também. Steph Curry e Kyrie Irving também. Isaiah Thomas, você também.”
Para encerrar, Robinson deixou a maior lição a todos que passaram ou passam por depressão, que é se aceitar e se amar acima de tudo: “Não há ninguém mais você do que você mesmo. É assim que eu vivo, é assim que eu jogo. Eu não sei jogar ou ser alguém que não seja Nate Robinson.”
(Foto: Facebook Oficial Nate Robinson)