Magic Johnson abre jogo sobre demissão nos Lakers e acusa Rob Pelinka de traição
Em entrevista bastante sincera, Magic não poupou ninguém por sua saída da presidência do Los Angeles Lakers
O pedido de demissão de Magic Johnson do cargo de presidente do Los Angeles Lakers, no fim da temporada regular, pegou a todos de surpresa. Mas nesta segunda-feira (20), o ex-dirigente e eterno ídolo da franquia abriu o jogo e explicou um pouco de sua motivação. Parte dela atende pelo nome de Rob Pelinka, general manager dos Lakers, a quem acusa de “traição”.
“Se você quiser falar sobre traição, seria somente do Rob”, disse em entrevista ao First Take, programa da ESPN americana. “Mas, de novo, eu tenho que olhar para mim mesmo. Eu fiz isso por meses. Eu não gostava que o Tim Harris (executivo de Operações dos Lakers) estivesse tão envolvido no basquete. Ele deveria cuidar dos negócios dos Lakers, mas ele estava se metendo na nossa parte. Jeanie [Buss, dona da franquia] tinha que impedir isso. Você deve impedir as pessoas de terem esse tipo de voz”.
Johnson citou o envolvimento de Harris e a falta de uma ação mais eficaz de Jeanie sobre a interferência em seu trabalho, porém, deixou claro que seu problema maior era com Pelinka. Ele responsabiliza o GM pelos boatos de que não estava muito presente no dia a dia da equipe de Los Angeles.
“As coisas pareciam no caminho certo e então eu comecei a ouvir que ‘Magic não está trabalhando duro o bastante, Magic não está no escritório’. Então as pessoas ao redor dos Lakers me falaram que Rob estava dizendo essas coisas e eu não gosto dessas coisas sendo ditas nas minhas costas, que eu não fico o bastante no escritório e tal”, revelou.
Outro ponto crucial para a saída de Johnson, como se dizia na época, foi a questão envolvendo a demissão de Luke Walton, o então head coach dos Lakers. Ali, Magic percebeu que estava perdendo poder. Walton acabou demitido somente depois da saída do ex-presidente.
“A gota d’água foi quando eu queria demitir Luke Walton e tivemos… três reuniões. Eu mostrei a ela (Jeannie) as coisas que fizemos bem e o que fizemos mal. Eu disse que precisávamos de um técnico melhor. Eu gosto dele, ele é ótimo, um ex-Laker, tudo isso. Mas no primeiro dia, disseram ‘bom, vamos pensar nisso’. No segundo dia, ‘Ok, você pode demiti-lo’. No dia seguinte, ‘não, devemos tentar fazer dar certo’.
Magic seguiu: “Então, quando você fica nesse vai e vem, e aí ela trouxe Tim Harris para a reunião, esse tipo de cara. E o Tim queria que eu… ele queria mantê-lo (Walton), porque é um grande amigo do Luke. Luke é um ótimo cara, um ótimo cara. Então eu olhei e disse ‘espera um pouco, eu apenas devo satisfações a Jeanie Buss’. Agora tem o Tim envolvido e eu percebi que era hora de ir embora. Tem coisas acontecendo nas minhas costas, eu não tenho o poder que eu pensava para tomar as decisões e eu disse a eles: ‘quando isso não for legal pra mim, quando eu achar que eu não tenho poder de decisão que eu pensava, eu vou sair”.
Depois de deixar claro seu ressentimento geral, Magic Johnson aproveitou também para abrir o jogo sobre a já épica saga envolvendo a tentativa de troca por Anthony Davis em fevereiro. Além de defender os jogadores envolvidos nas conversas de negociação, ele culpou Dell Demps, então GM do New Orleans Pelicans, pelo fracasso no negócio e a exposição pública dos nomes.
“Não sou um cara que fica me lamentando. Eu ofereci vários caras, mas você deve fazer isso por Anthony Davis. Ele é um jogador especial e os caras que iríamos trocar também são especiais. Eu disse ao Dell Demps: ‘Vamos fazer isso em particular. O que eu te oferecer, deixe entre nós’. Bem, ele não fez isso e foi assim que vazou”.
Magic Johnson assumiu o cargo de presidente de Operações do Los Angeles Lakers em fevereiro de 2017 e desde então viveu muitos momentos conturbados. Muito elogiado pela contratação de LeBron James na última offseason, ele começou a ter o trabalho questionado pela falta de aquisições de peso para formar uma base mais forte com o novo astro. Também foi considerado culpado pelas saídas de jogadores como D’Angelo Russell e Julius Randle, que vêm se destacando em outras franquias.
Resposta de Pelinka
Rob Pelinka, general manager do Los Angeles Lakers, se pronunciou sobre as declarações de Magic Johnson e se mostrou surpreso, conforme reportou Tania Ganguli, do Los Angeles Times. “Essas coisas são surpreendentes de se ouvir e desanimadoras… Simplesmente, não são verdade. Eu estive ao lado dele. Eu estive ao lado dele como colega e parceiro. Eu sempre o apoiei em tudo que ele fez e continuarei o apoiando”, afirmou o dirigente.
*Atualizado em 20 de maio de 2019, às 16h42
(Foto: Gary Coronado/Los Angeles Times via Getty Images)