Os jogos de playoffs da NBA estão a todo vapor e para conquistar o título da liga, os jogadores precisam estar na sua melhor forma física e mental. Devoto da religião muçulmana, o pivô Enes Kanter precisará ficar em jejum ao nascer do sol todos os dias deste mês, em decorrência do Ramadã. E para melhorar sua performance no momento mais difícil da temporada, o turco disse em entrevista para a ESPN americana, nesta terça-feira (7), que pediu conselhos sobre o assunto para o nigeriano Hakeem Olajuwon, Hall da Fama e um dos maiores craques do basquete, que também segue a religião.

“Eu mandei uma mensagem para Hakeem [Olajuwon], porque eu o conheci há dois anos e sei o que ele fez, acho que foi em 1995, quando ganhou o [prêmio] MVP dos playoffs. Eu mandei uma mensagem para ele e falei: ‘Hey, como você jejuou no Ramadã e jogou em um nível muito alto?'”, falou Kanter, que completou depois: “Ele me deu algumas dicas. Ele me passou o que comia, quando acordava – como às 4h da manhã – quanta água bebia e outras coisas”.

O jejum para o Ramadã significa ao longo do dia ficar sem comida, água e medicação, ponto importante para o pivô, já que seu ombro esquerdo está machucado. Porém, como o jogo 5 da série contra os Nuggets será realizado, nesta terça-feira (7), às 20h30, no horário de Denver, já com o pôr do sol, então o turco, que tem lidado com dores, poderá ingerir alimentos e remédios normalmente antes e durante a partida.

“Tomei remédios às 4h da manhã e vou tomar o remédio novamente antes do jogo, porque posso quebrar meu jejum antes do confronto. Mas eu vou ficar bem”, disse Kanter. “Posso pedir para alguém pegar alguns sanduíches de manteiga de amendoim e geleia no banco para eu comer durante os intervalos”, explicou o ex-jogador do New York Knicks.

Além disso, Kanter jejua todo ano durante a temporada regular “uma ou duas vezes por semana” para preparar seu corpo para o Ramadã e não se preocupa com o fato de isso afetar a qualidade de suas atuações. Inclusive, ele conversou com Terry Stotts, técnico do Portland Trail Blazers, sobre o assunto e recebeu um retorno muito “respeitoso” do comandante.

Em 2017, Olajuwon comentou sobre o tema para Marc J. Spears, do The Undefeated, e revelou como se sentia no período de jejum: “Quanto ao jejum, é uma mentalidade espiritual que lhe dá a energia necessária para jogar. Pela misericórdia de Allah, sempre me senti mais forte e energético durante o Ramadã”, enfatizou o bicampeão da NBA pelo Houston Rockets.

Com a mesma visão, Kanter concorda: “É apenas a mente sobre a matéria, cara. Eu acho que isso apenas dá a você muitas vibrações positivas que simplesmente vão até lá para dizer: ‘Você sabe o que, eu estou fazendo isso por Deus, então Deus me ajudará”’.

Enes Kanter relatou que ficou “muito feliz e orgulhoso” com a conversa com Olajuwon e que quase não falaram de basquete, sendo que o foco principal foi realmente o Ramadã, a disciplina que requer e como observá-lo durante a parte mais importante da temporada pode servir de inspiração para outros atletas que estão iniciando as suas carreiras.

“Não importa qual é o seu status, qual é a sua posição, eu só quero dar um exemplo para a geração jovem. Porque é muito importante para eles seguirem sua religião”. E o turco ainda emendou: “É incrível receber ajuda de uma lenda, então, eu adoraria ser o novo Hakeem para as gerações mais jovens”, finalizou o atleta dos Blazers.

Foto:  Divulgação Twitter / Portland Trail Blazers