Presidente dos Raptors, Masai Ujiri questiona falta de diversidade em contratações na NBA
O executivo da franquia canadense disse o que pensa sobre como a NBA aborda os temas raciais e deu ideias de como melhorar
A tensão racial é um assunto mundial e não está restrita apenas aos norte-americanos. Após o assassinato de George Floyd, os protestos contra a violência policial direcionada aos negros nos EUA se espalharam por diversas cidades e países, como Toronto, no Canadá.
Convidado de honra no podcast do jornalista Adrian Wojnarowski, da ESPN americana, Masai Ujiri, presidente do Toronto Raptors, comentou sobre como é importante que funcionários negros ocupem os mais diversos cargos na NBA, visto que a maioria dos atletas são afro-americanos. “Alguém pode me dizer porque há apenas um diretor (de relações públicas) membro de minorias na NBA? Como é que isso acontece quando estamos em uma liga predominantemente negra em termos de jogadores?”, questiona o executivo.
Masai, que é negro, chegou ao topo da liga na temporada passada quando fez um dos movimentos mais ousados da história ao trocar DeMar DeRozan, ídolo local, por Kawhi Leonard, recém recuperado de uma grave lesão. O resultado da transação foi o título inédito para a franquia canadense e o reconhecimento de Ujiri como um dos executivos mais talentosos e visionários da NBA. Nos bastidores da liga, os próprios jogadores pedem por mais representatividade, principalmente quando os cargos são para treinadores e dirigentes.
“Eu realmente questiono isso e acho que é um pensamento geral para todos os esportes. Temos que realmente olhar pra isso porque acontece em todos os níveis. Não é apenas contratar um diretor de diversidade e inclusão e pronto”, sinaliza Masai. “Agora também precisamos de mais minorias e mais negros em posições mais altas, e há muitos que merecem estar em posições mais altas se olharmos da maneira certa”, completa.
O executivo dos Raptors fez questão de enfatizar que não é só nos EUA que a violência policial e o racismo sistêmico e institucional impactam a vida da população negra – são situações globais. “Esse tema entrou em erupção e temos que conversar sobre isso, enfrentar e saber que está lá. Não há mais como fugir. Mesmo no Canadá, minha organização (franquia), não estamos imunes a isso”, destaca.
Ujiri acredita que a introspecção é uma ferramente importante para acabar com o racismo. Não adianta idolatrar um astro da NBA que é negro, mas no dia a dia agir com preconceito contra outra pessoa. Vejamos os principais atletas do time campeão diante do Golden State Warriors. As peças fundamentais foram Kawhi Leonard, Kyle Lowry e Pascal Siakam, três jogadores negros – inclusive, Siakam assinou um extensão contratual e será a cara da franquia nos próximos anos, o que significa que um jogador negro irá liderar o time na busca por títulos.
“Uma das perguntas que devemos nos fazer é: ‘Quem somos nós? Quem é você como pessoa? Quem somos como seres humanos, quem somos?’ É por isso que levanto essa pergunta. É hora de perguntar”, finaliza o executivo.
Resta saber como serão os próximos passos da NBA diante de tantas discussões sobre inclusão e combate ao racismo.
Foto: Reprodução vídeo & Reprodução/ Facebook Toronto Raptors