Como a Espanha se tornou bicampeã mundial e potência no basquete
Reportagem mostra amor e trabalho de base como exemplos do basquete espanhol a serem seguidos pelo Brasil
No último domingo (15), a seleção da Espanha venceu a Argentina e conquistou pela segunda vez na história a Copa do Mundo de Basquete, esta que foi disputada na China. O time que contava com bons nomes da NBA, como Ricky Rubio (MVP da competição), Marc Gasol e os irmãos Hernangomez, estava entre os favoritos no começo do Mundial, mas teve um começo ruim. Somente na fase final, os espanhóis mostraram a mesma força que os levaram a brigar pelos principais títulos do esporte neste século.
Mas afinal, como explicar o sucesso da Espanha no Basquete? Além da incrível geração de atletas, que começou a brilhar sob comando de Pau Gasol (fora do Mundial om uma lesão), uma reportagem especial da Betway Esportes, casa de apostas online, aponta para o trabalho de base desenvolvido no país e também ressalta o amor do povo espanhol pelo esporte.
O amor em questão está presente até no coração de Pedro Sanchez, presidente da Espanha, que falou sobre isso e sobre o trabalho feita pelo federação espanhola de basquete em evento antes da Copa, que contou com a presença de todo o elenco da seleção.
“Eu sigo o basquete desde pequeno. E claro, sou um autêntico fã de basquete. Muitos de vocês (jogadores) eu vi crescer assistindo pela televisão. Outros eu fui conhecendo ao longo desses últimos anos. E no fundo, o que se vê é uma continuidade. Um trabalho bem feito pela Federação e pelos clubes, desde as categorias de base”, comentou Sanchez.
Até este século, a Espanha tinha como melhor resultado em Mundiais um terceiro lugar em 1982. Em 2006, veio o primeiro título da Copa, no Japão, ao vencer a Grécia na grande final. Depois de dois torneios seguidos caindo nas quartas de final, incluindo um deles em que foi sede, a seleção espanhola volta a conquistar o título em 2019 e se consolida de vez num esporte que tem os Estados Unidos como principal potência.
Um dos ícones da geração espanhola da década de 80, Fernando Romay mal consegue andar pelas ruas de Madrid sem ser parado por fãs que pedem fotos a ele (ver vídeo abaixo). Apesar do sucesso em sua época, incluindo uma prata nas Olimpíadas de 1984, o ex-jogador reconhece o melhor momento atual, fruto de um trabalho de longo prazo. “É um trabalho que vem desde a base, passando pela formação de treinadores e a organização de competições para todas as idades”, explica.
Os três jogos da Espanha antes do Mundial, realizados no país, tiveram lotação máxima. E não é só isso que mostra o quanto o povo espanhol ama o basquete. A Liga ACB, hoje considerada o segundo maior campeonato nacional de basquete do mundo (atrás da NBA), teve média de mais de 6 mil pessoas por jogo, o que significa ginásios lotados em quase todas as partidas.
O Real Madrid, maior campeão espanhol de basquete, é também o maior vencedor de títulos europeus, com dez, o que demonstra o domínio da Espanha também no continente. É comum ver os principais atletas da Europa serem contratados por clubes espanhóis, onde sabem que jogarão no mais alto nível. Foi o caso de Luka Doncic, esloveno que estreou pelo Real com 16 anos e com 19 foi selecionado pelo Dallas Mavericks, na NBA. Causou estranhamento em muita gente o alto nível que Doncic mostrou desde seu começo nos Estados Unidos e que o levou ao prêmio de calouro da temporada 2018-2019, mas não naqueles que sabem do incrível desenvolvimento que o basquete espanhol o propiciou.
Quem conhece bem a liga espanhola de basquete é Ricardo Fisher, jogador do Corinthians e que atuou pelo Bilbao Basket por uma temporada. Em entrevista à Betway, ele explica algumas diferenças entre Espanha e Brasil e que podem nos inspirar para trilhar um caminho semelhante.
“Vem de uma cultura”, conta Fisher, “De uma longa data eles já têm uma grande estrutura e um pensamento como business. Então esse cenário é um pouco diferente”.
Para nós, brasileiros, resta olhar a Espanha como um exemplo para retomar nossos dias de glória. Afinal, o Brasil também é um bicampeão mundial e teve diversas gerações de grandes atletas. Trabalhar a base e as ligas nacionais pode ser o caminho para que a seleção volte a brigar também por títulos.
Fernando Romay é um dos muitos fãs do basquete brasileiro e acredita que não estamos longe de seguir os passos do país europeu. “Tendo um Oscar Schmidt e a grande quantidade de jogadores que estão aí, acho até que o basquete poderia desbancar o futebol [no Brasil]. Escute o que estou falando”, concluiu.
(Foto: Divulgação FIBA)