A corrida para o prêmio de MVP da NBA na temporada 2022/23 – FINAL
Após seis meses de temporada regular, o mesmo top 3 do último ano se repete com uma alteração em disputada historicamente acirrada
E chegou ao fim! Após seis meses de temporada regular, o The Playoffs traz a edição final da corrida para o prêmio de MVP. Depois de 82 jogos de muitas surpresas e disputas bem acirradas (individual e coletivamente), o top 10 sofreu mudanças e foi estabelecido.
As três primeiras colocações ficaram novamente com Giannis Antetokounmpo, Joel Embiid e Nikola Jokic (não nessa sequência), repetindo o ano passado. Porém, dessa vez a coisa foi mais complicada.
“Se você quisesse fazer uma apresentação de 20 minutos sobre qualquer um dos três caras, sua apresentação soaria como se não houvesse outra opção [para vencer MVP]”. Essas palavras são do jornalista Ryen Russillo, do The Ringer, e são a mais pura verdade. Existem inúmeros bons argumentos para cada um deles e é apenas uma questão de prioridade e de critério para a escolha do pódio.
O critério pode ser quem teve as melhores estatísticas, ou quem é o melhor jogador no melhor time, ou quem é o jogador mais valioso ou tem a melhor narrativa. No fim, são diferentes maneiras de olhar e contar histórias para convencer que o seu ponto de vista está certo e que a sua escolha é a melhor. Abaixo vai a minha opinião.
No restante da lista, após péssima campanha Luka Doncic caiu duas posições, Sabonis entrou para a primeira metade e Ja Morant voltou, após problemas fora das quadras.
(Foto: Divulgação Twitter / NBA)
1. Joel Embiid, Philadelphia 76ers (último ranking: #2)
Pela primeira e última vez em toda a temporada, Joel Embiid fica com a primeira colocação na corrida para o prêmio de MVP. Após duas temporadas batendo na trave, parece que, finalmente, chegou a vez do camaronês levar a honraria para casa.
Com médias de 33,1 pontos, 10,2 rebotes e 4,2 assistências, além de 54,8% de aproveitamento (excelente para seu estilo de jogo não tão próximo à cesta), liderou a NBA em pontuação, em jogos com ao menos 35 pontos e em (empatado) jogos de ao menos 50 pontos e dez rebotes ou assistências.
É bem verdade que Embiid fica atrás de Jokic em muitas estatísticas no ataque, mas também domina esse lado da quadra e ainda é bom do outro, na defesa, sendo um dos melhores protetores de aro.
Dentre as várias possibilidades de se julgar um jogador ou uma temporada, a questão da narrativa soa mais relevante ao criar uma lista para um prêmio que, oficialmente, não possui nenhum critério oficial. Nesse cenário, o que acaba sobressaindo é a melhor narrativa.
Para esta temporada, a melhor narrativa pertence a Embiid. Um pivô que dominou no ataque e na defesa, liderou em pontos, teve a terceira melhor campanha do Leste e, principalmente, teve mais grandes momentos, momentos decisivos no clutch time, dominou Jokic em casa e pareceu, a todo momento, quem mais queria e buscava o MVP. Provavelmente, daqui a cinco ou dez anos, quando pensarmos na temporada 2022-23 da NBA. o primeiro jogador que venha à cabeça é Joel Embiid e suas performances monstruosas noite após noite.
2. Nikola Jokic, Denver Nuggets (último ranking: #1)
Estatisticamente, o melhor da temporada (do lado ofensivo), Jokic tem boas chances de alcançar o terceiro MVP consecutivo.
Nas estatísticas tradicionais, o pivô tem médias de 24,7 pontos, 11,8 rebotes (terceiro na liga) e 9,8 assistências (quarto na NBA), com incríveis 63,2% de aproveitamento nos arremessos.
Como já dito em todas as outras edições, Jokic é o mais efetivo do top 3 e o jogador que melhor faz seus companheiros jogarem bem. Ao contrário de Embiid, não é dominante fisicamente, mas tem uma inteligência e capacidade de processamento de jogo fora do comum.
O sérvio lidera a NBA em: plusminus por partida, em triplos-duplos, em rating ofensivo (e por muito), em net rating (soma do rating ofensivo com o defensivo), em true shooting % (estatística que leva em conta todos os tipos de arremessos, incluindo lances livres), e em praticamente todas as estatísticas que envolvem pontos produzidos (seja com pontos ou assistências) próximos da área do garrafão.
Após duas temporadas de MVP, Jokic melhorou ainda mais e agora conta com um time digno, que terminou na primeira colocação do Leste. Porém, talvez tenha faltado um pouco de mídia, talvez tenha faltado grandes momentos em jogos importantes (teve mais recente contra Giannis, mas poucos no geral) ou talvez tenha faltado se importar mais com o prêmio, como sempre demonstrou (dentro e fora de quadra) Embiid.
3. Giannis Antetokounmpo, Milwaukee Bucks (último ranking: #3)
Fechando o top 3, Giannis Antetokounmpo.
O caso do grego para o prêmio é simples e muito efetivo. O melhor jogador no melhor time da NBA. É também o primeiro jogador a ter médias de ao menos 30 pontos, dez rebotes e cinco assistências desde Wilt Chamberlain, e que liderou a liga em jogos de ao menos 40 pontos e dez rebotes.
Na temporada suas médias foram de 31,1 pontos, 11,8 rebotes e 5,7 assistências, com 55,7% de aproveitamento.
Dos três principais candidatos, Antetokounmpo é o melhor e mais versátil na defesa, utilizado principalmente para proteger o garrafão vindo do lado fraco da jogada, mas podendo defender todas as posições e em qualquer lugar da quadra.
No ataque todos já sabem do quão imparável é no jogo de transição (liderou pelo quinto ano consecutivo em pontos nessa categoria), não tem como pará-lo se não for com falta.
No jogo de meia quadra, como já falamos em outras edições, o ala-pivô melhorou e muito por necessidade. Sem Khris Middleton em boa parte da temporada, o grego precisou tomar conta do ataque muitas vezes (ataque que foi bem mediano pra ruim na primeira metade da temporada, mas que engatou no final).
4. Jayson Tatum, Boston Celtics (último ranking: #4)
Melhor jogador no segundo melhor time da temporada regular, Tatum sem dúvidas teve uma temporada digna de MVP, mas em uma era com Embiid, Jokic e Antetokounmpo as chances são menores.
Com médias de 30,1 pontos, 8,8 rebotes e 4,6 assistências, o ala dos Celtics segue melhorando nas três mais tradicionais estatísticas do basquete ano após ano, com um salto considerável em relação a sua última temporada.
Nos primeiros dois meses, Tatum era o favorito para o prêmio por sua performance e por Boston ter, de longe, a melhor sequência no momento. Porém, os jogos passaram, Boston piorou, Tatum oscilou após o All-Star Game e o top 3 foi se solidificando cada vez mais.
No ataque Tatum pode fazer tudo e mais um pouco, principalmente quando entra focado e elimina os erros bobos, por exemplo quando abaixa a cabeça para infiltrar e perde a bola.
Pode jogar do perímetro, da meia distância, infiltrando, fazendo jogadas para os companheiros e um pouco mais.
Na defesa, começou muito forte e caiu de intensidade ao longo da temporada, mas ainda assim Tatum segue sendo um dos melhores e mais dispostos alas na defesa.
5. Domantas Sabonis, Sacramento Kings (último ranking: #6)
Subindo a cada mês, quem fecha o top 5 é Domantas Sabonis.
Na temporada, Sabonis tem médias de 19,1 pontos, 12,3 rebotes (segundo em toda NBA) e 7,3 assistências, além dos 61,5% de aproveitamento nos arremessos de quadra e de ter ficado de fora de apenas três partidas (sendo duas quando a equipe já tinha confirmado a terceira colocação no Oeste).
Não é uma escolha óbvia e nem atraente, mas o pivô dos Kings, junto com Mike Brown, mudou o funcionamento inteiro do ataque. Ele tem o quarto melhor rating ofensivo da NBA e é a peça central de funcionamento do time, seja definindo jogadas perto da cesta, abrindo espaço para De’Aaron Fox brilhar, no jogo de handoff com os jogadores do perímetro ou cortando pra cesta.
6. Donovan Mitchell, Cleveland Cavaliers (último ranking: #7)
Dando início à segunda metade do nosso top 10, Mitchell teve a melhor temporada de sua carreira (ao menos individualmente falando).
O ala-armador, apesar de oscilar em alguns momentos da temporada, teve médias de 28,3 pontos (melhor marca da carreira), 4,3 rebotes e 4,4 assistências por jogo, além de 48,4% de aproveitamento de quadra (melhor marca da carreira e por muito).
Nas partidas em que Mitchell participou (68), os Cavs tiveram um rating ofensivo de 117,2 pontos a cada 100 posses de bola, que seria a sexta melhor marca em toda a NBA. Com ele fora, o ataque produziu apenas 110,4 pontos a cada 100 posses, que seria o terceiro pior em toda a liga.
É claro que esses números são relativos, pois todos os times perdem suas estrelas por um número de jogos consideráveis e isso impacta os ratings de todos, mas é uma estatística relevante para entendermos o quão importante é o camisa 45 para o funcionamento do ataque de Cleveland.
Terminando a temporada regular na quarta colocação do Leste, os Cavaliers voltaram aos playoffs pela primeira vez desde 2018 e garantiram mando de quadra para a primeira rodada dos playoffs.
7. Luka Doncic, Dallas Mavericks (último ranking: #5)
Nas edições anteriores da corrida para o MVP, Doncic aparecia na quinta posição, correndo por fora pelo prêmio, principalmente até o trade deadline. O armador dos Mavericks teve médias de 32,4 pontos (segunda maior da liga), 8,6 rebotes e oito assistências ao final da temporada.
Desde que chegou na NBA, Doncic recebeu as chaves do ataque de Dallas e transformou a forma como a equipe joga. Mesmo com a troca de técnicos, o sistema continuou sendo o mesmo: bola na mão do esloveno e todo o ataque partindo dele, seja com pick and roll, jogadas individuais no perímetro, jogadas individuais no post up tirando vantagem de armadores menores e no sistema de drive and kick (infiltrar para a cesta e passar para o perímetro para um arremesso de três pontos).
Doncic é capaz de executar tudo em alto nível no ataque.
Porém, nesta temporada esse estilo de jogo não funcionou. O camisa 77 é o que mais monopoliza a bola na liga (média de 9,2 segundos por posse) e conta com a pontaria dos companheiros de equipe do perímetro, que pouco aconteceu.
Do outro lado da quadra, o buraco é bem mais embaixo. Dallas não consegue defender ninguém e muito passa pelo jogador, que não demonstra interesse e muito menos disposição para ajudar sua defesa.
Os Mavs terminaram a temporada na 11ª colocação, fora do torneio de play-in, mesmo após a chegada de Kyrie Irving, e precisarão de uma reformulação de elenco e de amadurecimento de Doncic (em todos os aspectos) para serem competitivos novamente.
8. Shai Gilgeous-Alexander, Oklahoma City-Thunder (último ranking: #8)
Com um estilo um tanto quanto inusitado e em um time também inusitado, Shai liderou um Thunder estranhamente bom para o torneio de play-in em um ano que era considerado ainda de baixa para a equipe (ainda mais depois de perder Chet Holmgren por toda a temporada).
O armador teve médias de 31,4 pontos (quarto na NBA), 4,8 rebotes e 5,5 assistências. É o jogador que mais infiltra em toda a liga e o terceiro em pontos em transição ofensiva.
Mesmo dominante, Shai não demanda tanto a bola nas mãos quanto Doncic e consegue fazer com que Josh Giddey e Jalen Williams (ala) brilhem também.
Na defesa não é brilhante e nem compromete.
Com a tendência de ter uma equipe cada vez mais competitiva, as chances de Shai subir nas próximas temporadas e ser uma real opção para MVP é cada vez maior.
9. Ja Morant, Memphis Grizzlies (último ranking: não listado)
Retornando para o top 10 após momento bem delicado fora das quadras, Morant fica com a oitava colocação e representa os Grizzlies, donos da segunda melhor campanha da Conferência Oeste.
Por seu desempenho em quadra, o armador poderia e deveria estar mais acima na lista. Morant tem 26,2 pontos, 5,9 rebotes e 8,1 assistências por jogo, além de ser um dos jogadores mais únicos e eletrizantes em toda a NBA.
Porém, os problemas fora de quadra serão considerados na narrativa do jogador e em um ano tão competitivo, vão pesar ainda mais.
10. Julius Randle, New York Knicks (último ranking: #9)
Na última colocação do top 10, mas não menos relevante, Julius Randle.
Após uma temporada 2021-22 bem abaixo do que apresentou em seu segundo ano nos Knicks, o ala-pivô voltou a atuar bem e cresceu muito, assim como o time todo, com a chegada de Jalen Brunson (que se não fossem as partidas em que ficou de fora lesionado, poderia estar no lugar de Randle).
Com médias de 25,1 pontos, dez rebotes e 4,1 assistências, Randle (junto com seu novo armador) liderou a equipe de Nova York para a quinta colocação em um Leste muito competitivo no topo, com 47 vitórias e 35 derrotas.
Menções Honrosas:
Jaylen Brown – Boston Celtics
De’Aaron Fox – Sacramento Kings