Uso de Sergio Romo como abridor dos Rays é criticado por Zack Cozart, dos Angels
Reliever ficou em campo somente na primeira entrada com o objetivo de neutralizar o topo do lineup de Los Angeles
A estratégia inusitada do Tampa Bay Rays, que colocou o reliever Sergio Romo como titular em duas partidas seguidas contra o Los Angeles Angels, no sábado (19) e domingo (20), não foi bem aceita pelo time da Califórnia.
“Foi muito estranho”, disse o segunda base Zack Cozart (foto), conforme relatado pelo repórter Fabian Ardaya, do portal The Athletic. “É ruim para o beisebol, na minha opinião. (Isso é) Spring Training. Essa é a melhor maneira de explicar isso”, completou.
O técnico Kevin Cash, dos Rays, surpreendeu os Angels ao colocar o reliever Sergio Romo como abridor por duas partidas consecutivas. No sábado, os Rays venceram por 5 a 3, mas perderam por 5 a 2, no dia seguinte.
Romo se tornou o primeiro jogador desde Steve McCatty, do Oakland Athletics, em 1980, a iniciar como arremessador duas partidas consecutivas tendo lançado pelo menos uma entrada no primeiro jogo.
O objetivo do manager foi fazer com que o homem de relevo, no caso, Sergio Romo, que possui um rendimento melhor contra destros, pudesse entregar um placar zerado para o “verdadeiro” abridor do jogo, em questão Ryan Yarbrough, no sábado, e Matt Andriese, no domingo. Para tomar essa decisão, Cash provavelmente uniu alguns dados específicos desta situação para lançar mão do reliever no início da partida.
AUSÊNCIA DE CANHOTOS
Uma vez que Shohei Ohtani estava escalado para iniciar a partida de domingo (20) como arremessador titular, ele ficou fora dos lineups dos Angels naquele dia e também na véspera, sábado (19). Sendo assim, a franquia de Los Angeles perdeu um canhoto no topo da ordem de rebatida, ficando somente com destros nas três primeiras posições da escalação.
Por sinal, os Angels utilizaram 12 rebatedores titulares diferentes nestas duas partidas, sendo que somente um deles, o right fielder Kole Calhoun, era canhoto. No domingo, o lineup titular era integralmente de destros.
POR QUE ROMO?
Após 11 anos e 588 partidas na MLB, Sergio Romo abriu suas duas primeiras partidas na carreira no último final de semana. Historicamente, ele tem números muito melhores contra destros do que contra canhotos. Por exemplo, rivais que rebatem com a direta conseguiram contra ele AVG .188, OBP .232 e SLG .323; em contrapartida, os que usam o bastão do lado esquerdo registraram AVG .245, OBP .313 e SLG .375.
Além disso, neste ano, ele não tem sido usado como closer ou homem de setup com frequência por Kevin Cash. Podemos dizer, então, que Romo não é o melhor, nem o segundo melhor homem de relevo do bullpen. Sendo assim, o manager conseguiu poupar talvez os seus melhores relievers para serem usados mais ao final da partida, caso não estivesse decidida.
TERCEIRA VOLTA NO LINEUP RIVAL
Outro ponto analisado é que, estatisticamente, os arremessadores titulares têm um decréscimo de rendimento quando enfrentam a ordem de rebatida rival duas vezes, ou seja, fazem 18 confrontos com rebatedores; e essa desvantagem aumenta na terceira volta do lineup, depois de enfrentar 27 rebatedores.
Como posto por David Schoenfield, da ESPN americana, em média, Yarbrough enfrenta 22 rebatedores por partida, isto é, duas voltas completas no lineup mais quatro do início da ordem. No sábado, Romo eliminou os três primeiros rebatedores dos Angels. Sendo assim, Yarbrough teve no início de sua terceira volta do lineup, isto é, em seu momento mais suscetível a rebatidas, não os melhores rebatedores de Los Angeles, mas os hitters do meio da ordem.
No caso, Yarbrough deixou a partida após realizar 23 confrontos com rivais, ou seja, duas voltas completas e cinco rivais na terceira volta. No entanto, neste último turno pelo lineup rival (do 19º ao 23º confronto), esteve frente a frente com o 4º, 5º, 6º, 7º e 8º rebatedores dos Angels.
PRIMEIRA ENTRADA MOVIMENTADA E DECISIVA
Neste ano, a entrada com o maior registro de pontos é a primeira. Em números totais, nas 1.374 partidas neste ano, 791 corridas aconteceram no primeiro inning. Na segunda parcial, por outro lado, foram 561 pontos no mesmo número de jogos. O outro inning mais movimentado em 2018 é o sexto, com 748 corridas, em 1.373 partidas.
Além de terem se mostrado muito movimentadas, as entradas inaugurais das partidas também têm sido determinantes na construção dos placares em 2018. Como também colocado por Schoenfield, até o último domingo, os times que estavam liderando após a primeira parcial conseguiram 246 vitórias, saindo derrotados em somente 95 partidas, isto é, aproveitamento de 72,1%.
(Fotos: Reprodução/ MLB.com)