Scott Boras diz para seus clientes não aceitarem mais cortes salariais em 2020
Por e-mail, agente alegou que reduções adicionais seriam injustas e compõem um 'resgate' dos donos das franquias
Scott Boras, um dos mais famosos agentes do beisebol americano, aconselhou que seus clientes não aceitem reduções salariais adicionais para a temporada de 2020, suspensa pelo coronavírus. Em um e-mail obtido pela Associated Press nesta quinta-feira (28), Boras afirmou que cortes adicionais seriam prejudiciais para os atletas da MLB e apenas beneficiariam os proprietários dos times.
“Lembrem-se: jogos não podem acontecer sem vocês”, afirmou Scott Boras. “Atletas não devem concordar com mais cortes para resgatar os donos [das franquias]”.
O conselho de Boras vem no meio das negociações entre a MLB e a MLBPA, o sindicato dos jogadores. Nesta terça-feira (26) a liga propôs mais uma redução nos salários, que afetaria os atletas mais bem pagos de forma mais severa. Por exemplo, estes jogadores podem receber até menos de 40% do valor original, de acordo com a ESPN americana. Os jogadores também exigem mais jogos em 2020 e criticaram a nova política salarial.
O agente continuou: “Deixem que os proprietários peguem uma parte das suas receitas e lucros recorde dos últimos anos e paguem os salários rateados que vocês concordaram em aceitar, ou deixem eles realizarem empréstimos contra os valores dos bens que eles criaram por meio dos lucros que os jogadores geraram”.
A MLB e a MLBPA entraram em acordo sobre um plano salarial em março, que anteriormente garantia o salário e o tempo de serviço dos atletas. Os pagamentos seriam rateados ao longo da campanha, que deve conter menos do que os tradicionais 162 jogos. Entretanto, com o agravamento da pandemia do coronavírus e a provável restrição de torcedores nos estádios, a liga tenta chegar a um meio termo entre os donos e os atletas.
“Os donos estão pedindo mais cortes para resgatá-los de investimentos que eles fizeram”, adicionou o agente. “Se [esta situação] se tratasse apenas sobre beisebol, os jogos dariam dinheiro suficiente para que eles pagassem todos os salários rateados aos seus jogadores (…). O atual problema dos proprietários é resultado do dinheiro que eles tomaram emprestado quando compraram suas franquias, renovaram seus estádios e desenvolveram o terreno em sua volta”.
Boras também estendeu suas críticas à liga, especialmente sobre sua política financeira: “Este tipo de financiamento é permitido e encorajado pela MLB por causar valorizações extremas de cada franquia”.
Por último, o agente reiterou que cortes adicionais seriam injustos, em vista do poder aquisitivo dos proprietários: “Agora os donos querem que os jogadores aceitem mais cortes para ajudá-los a pagar estes empréstimos. Eles querem um resgate. Eles não estão oferecendo aos atletas uma parte dos estádios ou do time em si, apesar de que as reduções salariais os ajudariam a pagar por esses bens valiosos. Esses bilionários querem o dinheiro de graça. Nenhum banco faria isso. Bancos exigem que empréstimos sejam pagos com juros. Os jogadores merecem o mesmo respeito”.
Scott Boras representa 71 jogadores, incluindo Gerrit Cole, do New York Yankees. Como exemplo, era previsto que o arremessador recebesse US$ 36 milhões em 2020, mas com o novo corte, ele ganharia US$ 8 milhões em uma temporada encurtada, segundo Andy Clayton, do New York Daily News.
A divisão entre jogadores e a MLB se tornou aparente nas últimas semanas. Novo agenciado de Boras, Blake Snell expôs a cisão no dia 14 de maio, defendendo que não irá colocar sua saúde em risco por um salário menor. Max Scherzer, do Washington Nationals e também do mesmo empresário, afirmou nesta quinta-feira (28) que está frustrado com a MLB.
(Foto: Reprodução vídeo/YouTube)