MLB para de testar jogadores para esteroides durante o locaute
É a primeira vez em quase 20 anos que a MLB não testa jogadores para os estimulantes
Nada está tão ruim que não possa piorar, durante o locaute e a falta de entendimento entre a MLB e a MLBPA, a Major League Baseball parou de testar jogadores para esteroides anabolizantes.
Essa é a primeiro vez em quase 20 anos que a MLB não realiza testes nos atletas e isso ocorre devido à expiração do contrato de drogas no esporte, de acordo com duas fontes ouvidas pela Associated Press, que estão familiarizadas com o Programa Conjunto de Drogas no esporte.
“Deveria ser uma grande preocupação para todos aqueles que valorizam o fair play”, disse Travis Tygart, diretor-executivo da agência Antidoping dos EUA.
As fontes falaram com a AP, nesta segunda-feira (8), na condição de anonimato, visto que nenhum anúncio público foi feito pela Liga. Ainda assim, a Major League e a Associação de atletas se recusam a comentar a paralisazão.
A interrupção na testagem dos atletas é uma consequência direta do locaute, que teve início no dia 2 de dezembro e vem de uma cláusula no acordo firmado entre a MLB e a MLBPA que diz que “a data e hora de término do programa [de testagem] será às 23h59 de 1° de dezembro de 2021.”
Em janeiro, Barry Bond e Roger Clemens tiveram suas indicações para o Hall da Fama negadas por suspeitas de uso de PEDs. Manny Ramirez e Alex Rodriguez, que cumpriram suspensões por uso de drogas anabolizantes, ficaram aquém na votação.
“Se é uma simples questão de concordar com isso”, completou Tygart: “era de se esperar que eles fossem capazes de resolver isso, para que, quando o jogo for reiniciado, você não tenha dúvidas quanto ao tamanho dos jogadores, sua velocidade, porcentagem de rebatidas, números de home runs, seja o que for, que as pessoas vão questionar novamente.”
É difícil prever se alguns atletas recorrerão a PEDs durante o período que não estão sendo testados, afinal não há como a infração ser detectada em quanto um novo acordo coletivo de trabalho é negociado, juntamente com a restauração do programa de testes de drogas.
“Poderia facilmente ser feito como os ciclistas estavam fazendo, mesmo com um bom programa de testagem, que era a microdosagem de testosterona”, disse Tygart. “Você pode fazer gel de testosterona ou pílulas orais, que podem estar fora do seu sistema, e assim melhorar em apenas algumas semanas.”
O primeiro acordo conjunto sobre drogas na MLB aconteceu em 2002, visando testes para pesquisa já na temporada 2003.
A testagem de urina para PEDs, com penalidades por violação do acordo, começaram em 2004. Os testes para anfetaminas começaram em 2006 e, em 2012, começaram os testes de sangue para hormônios de crescimento humano, embora tenham sido suspensos em 2020, devido à pandemia de coronavírus.
Em 2007, o ex-líder da maioria do Senado dos Estados Unidos, George Mitchell, divulgou um relatório encomendado pela MLB que implicava 85 atletas no uso de PEDs, inluindo sete MVPs e 31 jogadores de All-Star Game. Muitos deles negaram as acusações.
Nos últimos anos, alguns jogadores foram suspensos devido ao programa de testagem de drogas, entre eles estão Rafael Palmeiro (2005), Ramirez (2009 e 2011), Rodriguez (2014) e Robinson Cano (2014).
Houveram apenas cinco testes positivos para PEDs entre os 8.436 testes realizados na temporada 2021: Paul Campbell, Ramón Laureano, Héctor Santiago, Daniel Santos e Colton Welker.
A interrupção dos testes no beisebol foi sinalizada aos jogadores em um “Guia de Interrupção de Trabalho”, elaborado pela MLBPA e distribuído aos seus membros, a Associeted Press obteve uma cópia do guia.
No guia, a associação de atletas utilizou exemplos que aconteceram na NFL e na NHL para alegar que seira improvável a MLB administrar os testes durante a paralisação de trabalho.
Em outro ponto, a MLBPA acredita que os jogadores podem assinar com times do Japão e da Coreia do Sul durante o bloqueio, uma medida que pode se tornar mais atraente aos atletas a medida que a paralisação ameaça cada vez mais o início da temporada regular, no dia 31 de março.
Ainda no guia, a Associação de atletas diz que “desafiaria qualquer tentativa da MLB de interferir nos jogadores que optem por participar de uma liga estrangeira durante o bloqueio”, usando mais uma vez o exemplo da NHL, quando um grande número de jogadores optou por jogar internacionalmente.
A MLBPA vai além e diz que caso o locaute se estenda até a temporada regular os atletas deverão receber seu pagamento e ter acesso à reabilitação até que seja medicamente liberado.
Porém, as franquias cortaram o acesso dos jogadores à equipe médica e às instalações dos clubes, assim que a paralisação começou. O sindicato providenciou instalações de treinamento para os atletas.
Para quem tem acompanhado, MLB e MLBPA estão bem longe nos termos para chegar a um novo acordo. Em quanto isso, os proprietários vão se reunir nesta terça e quinta-feira, em Orlando, na Flórida, e o sindicato vai se reunir com os jogadores no Arizona e depois na Flórida, ainda nesta semana.
(Foto: Michael Reaves/Getty Images)